quinta-feira, 7 de abril de 2016

Continuação dos desabafos rabugentos - o BANIF

Lendo os jornais como reformado rabugento, comento as declarações do senhor governador do banco de Portugal, que em 21 de dezembro de 2015 o conselho de governadores do BCE retirou o estatuto de contraparte ao BANIF, isto é, cortou-lhe o financiamento, mas que não foi por isso que o banco foi "resolvido", foi porque estava com falta de liquidez.
A linguagem é, com todas as suas limitações, uma expressão do pensamento.
E uma linguagem que se expressa nestes termos, contraparte ou resolução, só pode traduzir um pensamento tortuoso.
E não venham culpar a notícia da TVI (que bem escusava de tirar conclusões que convidavam as pessoas a levantar o seu dinheiro) porque a causa está identificada pelo próprio governador do BdP, não havia dinheiro e o BCE não quis ajudar.
Por outras palavras, o BCE acha que nestas coisas os contribuintes que paguem.
Mas convem deixar claro que se trata de senhores que não têm de responder perante eleitores e cuja incompetencia se repercute nas dificuldades do quotidiano dos cidadãos.
E digo incompetencia porque mais uma vez não foi aplicada corretamente a teoria do banco mau e banco bom. O banco mau não tem de ser "resolvido". E muito menos nas pressas de um fim de semana (lembram-se de um cortejo de camiões a caminho de Chipre carregados de dinheiro quando houve falta de liquidez nos seus bancos?). O banco mau tem de ficar com os ativos tóxicos para libertar o banco bom, mas deve continuar a ser o proprietário do banco bom.
Isto já foi aqui referido.
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2015/12/banif-banif-uma-analise-por-um-ignorante.html

Aparentemente, a solução seria a nacionalização do BANIF com financiamento do BCE a juros baixos e colocação no mercado pelo BANIF de obrigações públicas. Ver medida nº14 do manifesto dos economistas aterrados, também já referido aqui:
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2010/10/economicomio-lxii-as-22-medidas-dos.html
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=aterrados


Só que os constrangimentos ideológicos dos senhores governadores do BCE não lhes permitem tomar essas decisões (o caso mais grave foi o do senhor Trichet, altamente prejudicial para a Europa).
São incompetentes e escapam ao controle dos eleitores.
Terão de fazer o favor de mudar.
Caso contrário lá se irá o BPI por causa da crise de Angola, salvo melhor análise,claro.


PS em 7 de abril - segundo as notícias do DN de hoje, a fuga de depósitos do BANIF de cerca de 900 milhões para 150 milhões ocorreu ANTES da notícia da TVI, o que vem mostrar a inconsistência das declarações do senhor governador do BdP. Por outro lado, a senhora Maria Luis, mais uma vez colocando-se de fora, vem dizer, como as criancinhas, não fui eu, só se foi aquele menino do BCE, ou então o do BdP. Com que paciência aturamos as deformações da realidade destas mentes, no fundo coerentes com os humildes servidores da causa financeira internacional sediados no BCE (porque tinha mesmo de ser vendido o banco num fim de semana? capricho de meninos mimados longe dos problemas, ou querem displicentemente favorecer o comprador, para ele aparecer depois na televisão, a rir, dizendo que o Santander só faz bons negócios...) e no FMI.

PS em 8 de abril - a comissão parlamentar vai ouvindo todos os intervenientes e vãi-se sabendo, de fonte credível, que o XIX governo deixou arrastar a solução para a sua propaganda eleitoral poder dizer que a saída do resgate "foi limpa". Tratou-se portanto de uma falsidade usada para fins eleitorais, pelo que se pode afirmar que foram eleitores enganados que deram a maioria de deputados ao PSD (e contudo, faz parte das regras do jogo as eleições apesar disso, serem válidas). Igualmente é inaceitável a pressão do BCE para vender o banco num fim de semana. Idêntica indignidade está sendo cometida com a obrigação de "despachar" a participação angolana no BPI por o desvalorizar (isto é, é mercado manipulado).

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