http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2012/07/variacoes-sobre-o-tema-do-coeficiente.html
Mais recentemente escrevi sobre os trabalhos sobre a desigualdade de Anthony Atkinson, Thomas Piketty, Richard Wilkinson e Kate Pickett:
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2015/10/premios-nobel-de-2015.html
Já se sabia que a política de cortes agravava as desigualdades.
Já se sabia que os senhores comentadores que escrevem nos jornais a defender as ideias neo-liberais são intoxicadores da opinião pública quando insistem na ideia de que a competição pelo lucro e a desintervenção da comunidade organizada beneficiam também as pessoas de menores rendimentos (valha a verdade que já alguns destes comentadores assumem que a igualdade pode ficar para depois, isto é, acham que a revolução francesa não é para aplicar - liberté, egalité, fraternité).
Não é isso que dizem os gráficos construidos com base nos dados disponíveis.
Consideremos alguns gráficos do livro de A.Atkinson, Desigualdade, o que fazer?, ed. Bertrand. O diagnóstico é implacável e altamente crítico para os decisores que nos têm conduzido até aqui, com a desculpa de procederem de acordo com os resultados eleitorais, mas escondendo como intoxicaram os eleitores. Quanto às recomendações, o que os partidos de direita diriam se fossem tentadas.
Passando ao caso de Portugal, aplaude-se a publicação do estudo Desigualdade de rendimentos e pobreza em Portugal, consequencias sociais do programa de ajustamento, pela fundação Francisco Manuel dos Santos (como o Pingo Doce, o da sede fiscal na Holanda, o carrasco do pequeno comércio e produção alimentar, fornece aos seus próprios clientes meios para pensar sobre tudo isto).
HTTP://PORTUGALDESIGUAL.FFMS.PT/
https://www.ffms.pt/FileDownload/79783fb3-9b9f-4ba1-9ee4-473b82834d0c/introducao-ao-estudo-desigualdade-do-rendimento-e-pobreza-em-portugal
https://www.ffms.pt/FileDownload/a98e63bd-0e40-436f-926c-68e800225fd2/desigualdade-do-rendimento-e-pobreza-em-portugal
Reproduzo alguns gráficos, destacando a maior perda de rendimento, 25%, que foi a do decil de menores rendimentos (3600€ por ano...).
evolução do rendimento equivalente mensal das famílias |
Transcrevo do prefácio do estudo:
"O actual estudo conclui que, como antecipado, em 2010 se iniciou outro
ciclo, invertendo a tendência que se registava de redução das desigualdades,
e deixa a pista: que 2014, o último ano de informação estatística disponível,
possa também ele ser de transição. Mas essa é apenas uma possibilidade,
de mera adivinhação neste momento."
Enfim, as situações de crise agravam as desigualdades, já de si características dos sistemas de mercado livre orientado para os lucros e com mais poder do que as entidades regulatórias, confirmando o grande embuste (parafraseando Mario Soares) do neoliberalismo, desde os sumo sacerdotes Friedman e Haiek (ironia do destino, haiek é o nome de um dos tipos de lenço que oprimem mulheres muçulmanas) aos executivos Thatcher e Reagan, passando pelos aprendizes de feiticeiro do FMI, BCE e UE.
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