Um dia na vida dos sindicatos, ou o silêncio dos sindicatos
Senhor diretor
Considere, por favor, esta missiva como um desabafo.
No dia 18 de outubro publicou um editorial perguntando onde
estava Wally Nogueira e afirmando que os sindicatos da CGTP deviam ter vergonha
pelo seu silêncio.
No dia seguinte o DN, honradamente, publicou uma resposta da
FENPROF mostrando que tem publicitado as suas denúncias e protestos.
Atribuí o editorial a falta de assessores que preparassem o
trabalho. Como hipótese, porque não conheço os pormenores.
Mas no dia seguinte, no Publico, a opinião de J.M Tavares,
desvalorizando completamente as denúncias do site da FENPROF e mostrando
saudades de greves.
Verifico que nas caixas de comentários há muitos que
aplaudem, e nem todos estipendiados pela oposição.
Isto é, dizer que a
CGTP está em silêncio por causa da geringonça dá audiência (ou como talvez
dissesse Oscar Wilde, se as caixas de comentários te aplaudem, vê onde erraste).
Há dias enviei um email a J.M.Fernandes porque também ele
falava no silêncio dos sindicatos perante a degradação dos transportes públicos
(degradação sim, ma non troppo porque há bons trabalhadores):
Claro que não tive resposta, mas o Observador é um jornal de
fação, um bom jornal, com bons colaboradores e bem estruturado, mas de fação,
cumpre a sua função.
No mesmo dia assisto ao telejornal da RTP1 e apanho, a todo
o ecran, com o Wally Nogueira, anunciando que tem uma ação contra o ministério
por sobrecarga dos horários dos professores do 1ºciclo (num país cujo principal
problema é o desemprego e o peso da despesa pública com pessoal está na metade
inferior da estatística dos países europeus), ver minuto 20.25:
Concluo, mas é também uma hipótese, que os meios de
comunicação social andarão a silenciar os sindicatos porque na verdade já não
via Wally há uns tempos. Mas vi-o, nesse dia.
E depois de jantar, oiço esta coisa incrível na prova dos
nove, pela boca de Paulo Rangel, que zero, o Wally não aparece na televisão e que o metro é um desastre (informe-se o
senhor que os rodados novos já foram encomendados e os primeiros chegam em
novembro, e o serviço entretanto vai funcionando), ver minuto 24.20:
Claro que P.Rangel é um bom deputado, mas falou como voz de
uma fação (num país que precisa de colaboração/coordenação e não de competição).
Recebo ao fim do dia a informação 176 da FECTRANS (federação
dos sindicatos dos transportes e comunicações), anunciando uma greve para 27 de
outubro pelo desprezo a que o governo tem votado a EMEF (num país cuja situação
social e financeira justifica, conforme as regras da UE, alguma proteção a
empresas) e outra no MTS para 2 de novembro:
Não me parece motivo de regozijo, mas J.M.Fernandes e
J.M.Tavares poderão matar saudades de greves (dirão talvez que as greves vão
ser canceladas, mas então dêem atenção às greves da Portway).
Enfim, senhor diretor, o meu desabafo, em forma de voto, é
este: que os senhores jornalistas e os senhores comentadores não me afirmem
coisas que são o contrário do que eu vejo.
Com os melhores cumprimentos
F.Santos e Silva
Reformado do metropolitano de Lisboa com o nº 3051
Sócio 21059 do STRUP
Especialista de transportes da Ordem dos Engenheiros com o
nº 10973
santos.silva45@hotmail.com
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