Têm os proponentes demonstrado muitas vezes o fascínio pelas linhas circulares, citando o caso da linha circular do metro de Londres.
Mas, mas...
P - What happened to circle line?
R
- It has became a spiral line
P -
e se já existisse em Lisboa a
linha circular?
R - sugeria-se
uma linha em espiral
P -
existe algum argumento de impacto visual ou
estético contra a construção
de um término de
metropolitano em viaduto em Alcântara?
R - não,
Siza Vieira, ao justificar o seu projeto de
torres em Alcântara, recordou que
já existe um
volume dominante na zona, a ponte 25 de abril
P
- existe algum condicionamento externo,
ou externalidade
para que a população da área de Lisboa não tenha contribuído,
e
que impeça a chegada do metro a Alcântara? (no
pressuposto de
ter sido abandonado o anterior projeto da REFER)
R - não
sabemos, ou só o saberemos, como facto consumado,
no período de consulta
pública de um plano de urbanização para
condomínios privados, hotéis ou
hospitais com zonas de exclusão
(e contudo, uma linha de metro valoriza o edificado)
P - é
necessário sempre, por
razões de segurança e
fluidez da operação, um término para inversão
com
cerca de 250 metros a seguir à estação terminal?
R - não;
para evitar os constrangimentos do término de
Santa Apolónia, é possível um esquema de inversão com 3
vias, com as pontas das agulhas junto dos pontos de
arranque
Santa Apolónia, é possível um esquema de inversão com 3
vias, com as pontas das agulhas junto dos pontos de
arranque
P - porque
foi destruída a ligação hectométrica entre as
estações da REFER de Alcântara
Terra e Alcântara Mar?
R
- o pretexto invocado foi a falta de segurança
contra
ataques e os custos de manutenção; pode também dizer-se
que a procura, por falta de atratividade da correspondência,
era baixa; e que estava prevista uma intervenção profunda,
com a construção de uma estação enterrada ligando as
linhas de Cascais e de Sintra; o nó de Alcântara deve
desempenhar um papel fulcral na correspondência entre
linhas suburbanas e urbanas, mas será desejável um
projeto diferente
ataques e os custos de manutenção; pode também dizer-se
que a procura, por falta de atratividade da correspondência,
era baixa; e que estava prevista uma intervenção profunda,
com a construção de uma estação enterrada ligando as
linhas de Cascais e de Sintra; o nó de Alcântara deve
desempenhar um papel fulcral na correspondência entre
linhas suburbanas e urbanas, mas será desejável um
projeto diferente
nota posterior - o estudo efetuado antes da venda do triangulo dourado para o novo hospital da CUF; a localização do viaduto proposto poderá ser sobre a av.24 de julho ou sobre a linha de Cascais |
P -
porque são tão confusos os traçados das redes de
metro, tanto nas grandes capitais como em Lisboa?
metro, tanto nas grandes capitais como em Lisboa?
R - nas
grandes capitais, porque havia uma grande
concorrência
entre operadoras , sem planeamento
integrado,antes
da fusão no operador único; em Lisboa, porque algumas fases de expansão
foram por impulsos de curto prazo, desarticulados e não integrados em
planos estratégicos
P
- porque falham grandes projetos de investimentos públicos em
infraestruturas?
R
- mau planeamento, má gestão de custos e tempo, deficientes
métodos e deficiente organização societária (pública, privada ou público-privada) – ver BentFlyvbjerg,
“Decision-Making on Mega-Projects: Cost-Benefit Analysis, Planning and Innovation”, ed.Elgar
P
- como planear corretamente uma linha de metro?
R
- integrando na análise de custos-benefícios a contabilização das
vantagens e inconvenientes da linha, dos outros componentes da área
metropolitana e das suas interações;
-a expansão do metro para Alcântara
tem de considerar o plano urbanístico de Alcântara e a evolução demográfica e
do emprego da área metropolitana
-a remodelação da linha de
Cascais, a remodelação do nó de Alcântara
-o nó de Alcântara, o terminal
de contentores de Alcântara
-o terminal de contentores de
Alcântara, o terminal de contentores do Barreiro
-o terminal de contentores do
Barreiro, o aeroporto do Montijo
-o aeroporto do Montijo as
ligações ferroviárias e fluviais a Lisboa
-as ligações ferroviárias a Lisboa,
a terceira travessia do Tejo
-etc., etc.
P - porque se defende tão emotivamente um
projeto de investimento público?
R - porque somos intuitivos ("desde que existem
sociedades humanas, a razão sempre existiu, só que nem sempre de uma forma racional"- K.Marx); descendemos de indivíduos cuja sobrevivência dependia do instinto de fuga e não do tempo para reflexão; a evolução não conseguiu eliminar isso; e não são controláveis todas as variáveis de um grande projeto
sociedades humanas, a razão sempre existiu, só que nem sempre de uma forma racional"- K.Marx); descendemos de indivíduos cuja sobrevivência dependia do instinto de fuga e não do tempo para reflexão; a evolução não conseguiu eliminar isso; e não são controláveis todas as variáveis de um grande projeto
P
- como
se chega à definição de um grande
projeto?
R
- o
processo é principalmente aleatório; sem o
predomínio de motivos racionais e das regras da arte, a ideia
original começa a consolidar-se e a atrair (fenómeno da
predomínio de motivos racionais e das regras da arte, a ideia
original começa a consolidar-se e a atrair (fenómeno da
polarização e da agregação por imperativo social ou hierárquico)
o apoio de cada vez mais instituições e pessoas
o apoio de cada vez mais instituições e pessoas
P - decorrendo já um investimento público, que fazer
em contexto adverso, incerto e inseguro?
R - as
regras da arte dizem que se deve tentar sempre
aplicá-las, limitando os danos e
corrigindo o que for possível
segundo critérios quantificáveis;
num filme de piratas “bons” e
“maus” com Tyrone Power, o
mestre de um navio que atacava
a fortaleza do herói perdeu o
leme e gritou imediatamente à tripulação, apesar
de saber que
ia bater nas rochas, para
caçar as velas de barlavento e folgar
as velas de sotavento (manobra sucedânea da operação do
leme
mas de menor eficácia)
P
- deve construir-se uma infraestrutura
de transporte antes
ou depois de haver procura? (se não se constrói antes, a
economia não cresce; se se constrói depois, perdeu-se
ou depois de haver procura? (se não se constrói antes, a
economia não cresce; se se constrói depois, perdeu-se
tempo e eficácia, e
corre-se o risco da procura cessar)
R - deve estudar-se caso a caso,
e mesmo assim não
há garantias de que a mais rigorosa análise de custos-
benefícios venha a ser confirmada pela realidade; uma
das redes de metro com mais quilómetros, a de Madrid,
cresceu durante muitos anos para zonas onde não
existiam habitação, indústria ou serviços; hoje existem
há garantias de que a mais rigorosa análise de custos-
benefícios venha a ser confirmada pela realidade; uma
das redes de metro com mais quilómetros, a de Madrid,
cresceu durante muitos anos para zonas onde não
existiam habitação, indústria ou serviços; hoje existem
P - em Portugal, gastou-se
excessivamente em
infraestruturas de transporte?
R
-
Em termos estatísticos, não, aproximadamente 15% dos
fundos comunitários na primeira década do século XXI; em
termos de eficácia, sim
fundos comunitários na primeira década do século XXI; em
termos de eficácia, sim
P - como
sair do ciclo vicioso, a economia não
cresce porque não há infraestruturas, não
se
constroem infraestruturas porque a economia não
cresce?
R - numa
economia altamente dependente do
exterior,
é necessário que este, quer público
(nomeadamente UE), quer privado, se
interesse por
investir;
Internamente é essencial:
-reduzir
as importações através da produção interna,
nomeadamente de energia primária
-reduzir
a dependência de combustíveis fósseis associada ao
transporte rodoviário e
aéreo, desenvolvendo o transporte
marítimo/fluvial e ferroviário
-aplicar
o conceito do “corredor progressivo” (metro de
S.Paulo), um
plano integrado a longo prazo e faseado, de modo
a permitir continuamente
pequenos avanços anuais
independentemente dos ciclos eleitorais
Referências
bibliográficas:
-Bent
Flyvbjerg, “Decision-Making on Mega-Projects:
Cost-Benefit Analysis, Planning and Innovation”,
ed.Elgar
-Bent Flyvbjerg, M.K.Skamris, S.L.Buhl,
“What causes
cost overrun in transport infrastructure projects?”
-Alfredo
Marvão
Pereira, “Os investimentos públicos
em
Portugal”, ed FFMS
-Robin
Hickman, Paul Fremer,
Manfred Breithaupt,
Sharad Saxena,
“Changing course in urban transport”,
ed.Asian Development Bank and GIZ
-Rolf Dobelli, “A
arte de pensar com clareza”, ed.Temas
e
Debates
-Fernando
Silva,
“Manual condensado de transportes
metropolitanos”, ed.Partenon