sábado, 12 de junho de 2021

As florinhas silvestres e a condição cetera paribus

 


Enterneceu-me a notícia de que alguém em órgão autárquico tinha optado por não cortar as ervas nos passeios, porque as flores atraíam as abelhas e contribuíam assim para a polinização.

Mas depois observei as plantinhas. De facto as inflorescencias amarelas abundam nos passeios do meu bairro. Mas não vi abelhas. Fui à avenida de onde costumava avistar umas colmeias encostadas a uma pequena encosta duma zona verde. Mas não as vi.

Onde andam as abelhas? Terão sido vítimas das vespas asiáticas? dos pesticidas? das radiações hertzianas dos telemóveis? Terão sido levadas as colmeias pelos apicultores para sítio mais seguro?

Não se justifica assim manter as florinhas silvestres nos passeios, contrariando o que membro da autarquia tinha afirmado como desculpa para poupar o trabalho e o custo do corte das ervas.

Detenho-me a pôr a hipótese.

Porque disse ele aquilo?

Talvez porque só pensou nas flores se tudo o resto estivesse como de costume. Isto é, cetera paribus.

Mas não, as coisas não estavam como normalmente porque não havia abelhas (independentemente de não haver abelhas ser consequência da análise, discussão e observação do problema, ou de outras causas).

 



Mas houve evolução, a câmara de Lisboa, ou as juntas de freguesia, decidiram afinal limpar os passeios. Estão desatualizadas as fotografias.

 E mais importante do que isso, nasceu a polli.Net , uma iniciativa de ciência-cidadã para investigar a função de polinização e os polinizadores, abelhas ou não: https://www.publico.pt/2021/06/10/ciencia/noticia/nasceu-rede-impulsionar-conservacao-polinizadores-portugal-1965801



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