https://www.publico.pt/2023/08/28/local/reportagem/inferno-chiado-2061146
enviei aos seus autores o seguinte:
Como reformado do metro que esteve ligado à questão, devo agradecer-vos os vossos artigos de 28ago2023. Nunca consegui, entre 2001 e 2009, que as sucessivas administrações do metro aprovassem um plano coerente de dotação de todas as estações com acessibilidade plena para pessoas com mobilidade reduzida. As estações inauguradas depois de 1995 foram equipadas com elevadores superfície-átrio de bilheteiras e átrio de bilheteiras-cais (exceto Baixa-Chiado), mas não estações de grande movimento como Campo Grande, Jardim Zoológico, Entrecampos e Colégio Militar (as duas últimas foram recentemente equipadas).
O caso de Baixa Chiado é particularmente chocante porque a
plataforma elevatória existente não permite o self service, devendo ter sido
uma solução transitória. Por outro lado, o acesso ao largo do Chiado exige um plano
de manutenção e recursos humanos que não são satisfeitos porque critérios de
economia imediata limitam o investimento e a operação. Igualmente, como referido
no artigo, é inaceitável não existir um par de elevadores de boa capacidade em
complemento das escadas. Isso estava previsto no projeto original tendo o metro
adquirido o nº34 da rua Ivens para os instalar, mas o arquiteto de nomeada da
estação fez para isso um projeto tão caro, 5 milhões de euros, que o metro
desistiu (1998) vindo a vender o edifício há alguns anos. Nada se conseguiu com
as sugestões apresentadas (http://fcsseratostenes.blogspot.com/2014/12/cirandando-pela-rua-ivens-no-dia-3-de.html).
Por critérios de economia de curto prazo o metro há cerca de
20 anos cortou os seus recursos humanos de manutenção de equipamentos eletromecânicos,
passando ao outsourcing. Curiosamente, no 1º dia do 1ºcontrato de manutenção,
um dos seus funcionários esqueceu-se de um desperdício embebido em óleo no
tapete rolante de Entrecampos, que se incendiou. Claro que com a lei de
contratação pública que temos, é normal adjudicar-se às empresas que fazem o
preço mais baixo, sem classificar a qualidade técnica. Assim é difícil e pelos
vistos a desculpa da demora na aquisição de peças continua a ser utilizada
(também pela IP, veja-se os casos das estações de Entrecampos e de Sete Rios
depois das inundações de jan2023). (nota posterior: corrigi IP e não CP, que só é responsável pelo material circulante)
Pode portanto afirmar-se que o mau serviço prestado é consequência
da menor atenção das administrações à fiabilidade e correta manutenção dos
equipamentos e à falsa economia de poupar no curto prazo para depois ter os
custos espalhados no tempo em prejuízo dos passageiros.
Os casos mais graves são o da estação Campo Grande (a
instalação de elevadores não foi prevista nas obras em curso, embora conste, sem
divulgação pública de pormenores, que está a decorrer um concurso para
instalação de elevadores - correção: ver abaixo PS de 31ago2023) e o da estação Jardim Zoológico (é inaceitável e
contraria a lei 125/2017) a impossibilidade de uma pessoa em cadeira de rodas
descer do comboio da CP e aceder ao
metro.
Nos termos da lei 125/2017 é essencial a constituição de
equipas pluridisciplinares que produzam um plano de instalação de meios mecânicos
nas estações em falta (e de instalações sanitárias
adaptadas e disponíveis) com divulgação pública da calendarização e das soluções
propostas. A existência deste plano com os respetivos anteprojetos de execução
é, aliás, condição indispensável para a obtenção de financiamento comunitário.
Devido aos custos envolvidos e à disponibilização dos equipamentos à população
em geral, o orçamento do metro deveria ser reforçado com verbas dos orçamentos
de Estado e municipais. O mesmo raciocínio se aplicará aos tapetes rolantes à
superfície ou a rampas de acesso que dispensem os elevadores e que requerem videovigilância
e o agravamento penal para eventuais assaltantes.
Poderão, se quiserem aprofundar o tema, por exemplo retransmitindo
as sugestões às associações de pessoas com mobilidade reduzida ou resumindo-as nos
vossos artigos, em https://fcsseratostenes.blogspot.com/2023/07/acessibilidade-no-metro-de-pessoas-com.html
Incluo ainda um excerto do livro “Nós, os velhos do
metropolitano”, relativo aos tempos da troika, referindo a questão da
acessibilidade e as manifestações que se fizeram:
https://issuu.com/sitiodolivro/docs/nos_os_velhos_do_metropolitano_prev
3
de dezembro, dia internacional das pessoas com deficiência,
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
TODOS
IGUAIS
foto Alvaro Isidoro/Global Imagens no DN |
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Saúdo o protesto da APD, Associação portuguesa de
deficientes junto da assembleia da Republica, a propósito do orçamento de
Estado.
Como antigo funcionário do metropolitano de Lisboa, lamento não ter conseguido
vencer a resistência de sucessivos conselhos de administração que se opuseram
de forma mais ou menos velada ao investimento na superação das barreiras
arquitetónicas, com o argumento "caridoso" de que as pessoas
com deficiência corriam maiores riscos em caso de acidente.
Falhei também na minha luta contra as burocracias e descoordenações internas
que impediram a conclusão dos projetos de alteração das estações, o simples
lançamento de concursos para esse efeito ou a submissão de candidaturas a
fundos QREN (o que permitiria contestar a velha cassete de que "não há
dinheiro").
A interrupção das obras de adaptação das estações Colégio Militar e Baixa para
garantir a acessibilidade e instalações sanitárias para pessoas com deficiência
é o melhor exemplo da falta de financiamento através de fundos
europeus.
Penso por isso que, em situação de emergência, deveriam ser reelaborados os
projetos das principais estações que ainda não dispõem de elevadores ou
outros meios de acesso à superfície, as de correspondência, Campo Grande,
Entrecampos, Jardim Zoológico , Colégio Militar, Baixa-Chiado, elaborado o
projeto de um sistema de informação aos interessados sobre o estado de
funcionamento dos meios de acesso e submissão das respetivas candidaturas a
fundos QREN (agora Quadro Europeu 2014-2020).
Fazer isso é o mínimo se lermos a carta compromisso com o cliente afixada em
todas estações e no portal na net do metro : "... está a ser desenvolvido um programa gradual de
implementação de acessibilidades nas estações ainda não preparadas para o
efeito"
Com os melhores cumprimentos e votos de sucessos
localização dos elevadores (a vermelho anterior proposta minha para evitar conflitos com os fluxos normais; a laranja os locais de obra: 1 - ligação superfície-átrio bilheteiras zona não paga; 2 - ligação átrio bilheteiras zona paga poente-cais para Odivelas; 3 - ligação átrio bilheteiras zona paga poente-cais para Telheiras; 5 - ligação átrio bilheteiras zona paga poente-cais central para Cidade Universitária ou Alvalade. Ver https://fcsseratostenes.blogspot.com/2023/07/obras-do-metro-em-campo-grande-11jul2023.html |