terça-feira, 8 de julho de 2025

Acidentes em autoestradas em zonas sem rails de segurança ou com traçado incorreto

 Condolencias às famílias enlutadas por acidentes em autoestradas.Embora analisá-los possa aumentar o sofrimento dos familiares, do ponto de vista da engenharia de análise de riscos é essencial esclarecer as circubstancias e as causas de cada acidente para evitar a sua repetição ou mitigar as consequências da sua repetição. Essa investigação não visa "apurar responsabilidades" mas apenas, repete-se, eliminar ou reduzir a probabilidade de ocorrência do acidente, o que exigiria uma prática nem sempre verificada, que é a recolha imediata de elementos pelos investigadores no próprio local do acidente. No caso do acidente dos irmãos Jota na A 52 de Zamora, provavelmente não será possivel ter certezas, embora a hipótese de rebentamento de pneu, excesso de velocidade e ignição da vegetação residual do separador central  seja provável. 

Imagens dos destroços em                                      https://www.cnnbrasil.com.br/esportes/futebol/futebol-internacional/morte-de-diogo-jota-rodovia-onde-acidente-ocorreu-e-alvo-de-dezenas-de-denuncias/

Videos a seguir ao acidente :    https://www.youtube.com/shorts/rUcn14Tu6pY


imagem Google Earth anterior ao acidente



imagem Google Earth anterior ao acidente - a amarelo , coincidente com o pavimento da autoestrada, objeto de frequenttes reparações, o trajeto para o despiste, seguindo-se  colisão quase frontal com o rail de segurança do refugio do separador central e imobilização no separador central cerca de 30m (?) após a colisão com o rail de segurança 





Imediatamente a seguir à zona do despiste termina a proteção dos rails de segurança. É uma hipótese o carro ter entrado em despiste por problema na roda (como diz o relatório d Guardia Civil sem especificar; rebentamento do pneu fronteiro esquerdo? bloqueio do diferencial? fratura da suspensão?) ainda na via da direita e ter embatido no rail existente que partiu. Este rail faz um angulo com a autoestrada por limitar um refugio no próprio separador e por isso não  redirecionou o automóvel para a via esquerda, caindo na vala central e provocando o incendio. Este ângulo justificaria, apesar de velocidade excessiva, a rápida desaceleração até à imobilização. O traçado dos rails neste refúgio no separador central e a ausencia de rails de segurança em extensos troços, com ângulos dos taludes que agravam as consequencias de despistes, constituem inconformidades que deverão ser corrigidas e instalados controles de velocidade enquanto o não forem.

Este blogue tem referido já a ausencia de rails de segurança juntamente com taludes de ângulo elevado. O caso mais chocante foi o da morte da cantora Claudia Isabel tendo o julgamento do causador do acidente concluido que ela não tinha o cinto de segurança posto e que não foi possível determinar a velocidade do seu carro.                                                          https://fcsseratostenes.blogspot.com/2023/01/o-acidente-ao-km-85-na-autoestrada-para.html

Pus a hipótese da colisão ter provocado o despiste do Smart à velocidade de 70km/h e que as marcas dos pneus corresponderiam a travagem pela condutora, pelo que a morte teria ocorrido pela ausencia de rail de segurança, uma vez que o angulo do talude era elevado. Isto é, a operadora da autoestrada tem ali uma inconformidade que não resolve  sem que nenhuma entidade oficial a pressione, nem que a ANSR tenha meios para realizar o inquérito indispensável.

Também o acidente na A1 em janeiro de 2024 que provocou a morte da condutora que levava o cinto posto mostrou claramente que a aussencia de rail de segurança é um risco intolerável. Mas a operadora nada muda e nenhuma entidade oficial a pressiona nem se executa o inquérito completo.                          https://fcsseratostenes.blogspot.com/2024/01/acidentes-rodoviarios-na-a2-ao-km85-em.html

Referi também um acidente na A2 em julho de 2024 com consequencias graves por falta de rail de segurança                                                                                  https://fcsseratostenes.blogspot.com/2024/07/mais-um-acidente-na-a2-km-1759-com.html

Assinalei também a fraca posição de Portugal no ranking da segurança rodoviária, incompatível com as determinações comunitárias de redução da sinistralidade rodoviária  https://fcsseratostenes.blogspot.com/2024/05/o-momento-da-seguranca-rodoviaria.html

Infelizmente, parece ser um problema cultural, é a própria conceção dos utilizadores das rodovias que é contra a segurança, e a opinião pública dificilmente aceita as medidas de prevenção e corretivas , e assim será dificil melhorar os indicadores.


PS em 11jul2025-  Não sendo possível ter certezas dado o estado da investigação, gostaria que fosse considerada pelos investigadores a seguinte hipótese, dado que ela pressupõe um erro vulgar na condução de veículos com tração às 4 rodas e controle eletrónico da distribuição de potencia pelas 4 rodas (numa curva, se o condutor aliviar o acelerador, sobrevem uma sobreviragem por transferência de carga das rodas trazeiras para as dianteiras):   https://www.quora.com/What-are-the-disadvantages-of-all-wheel-drive-aside-from-the-added-weight-and-costs

Hipótese (reitero que não existem neste momento provas que a suportem, mas deve ser dada publicidade para prevenção deste tipo de acidentes) - o Lamborghini, veículo de tração às 4 rodas, seguia na via da direita quando iniciou uma manobra de ultrapassagem, tendo o condutor aliviado o acelerador , provocando sobreviragem que levou à colisão com o rail de segurança num local em que este não estava paralelo à autoestrada. Supondo que o automóvel se imobilizou cerca de 50m a seguir a esta colisão com uma desaceleração de 4m/s2, então a velocidade imediatamente após a colisão (50m antes da imobilização) seria cerca de 70km/h; desconhecendo a resistencia ao choque do rail de segurança, supus uma equivalencia a um objeto de 3 toneladas; do teorema da quantidade de movimento e supondo 2 toneladas para a massa do veículo, deduzi a velocidade de 180 km/h no momento imediatamente anterior à colisão com o rail de segurança(se a equivalencia do rail  for a 2 toneladas, a velocidade teria sido de 144 km/h; se fosse equivalente a 1 tonelada a velocidade seria 108 km/h). Deverá ainda verificar-se o registo de manutenção do sistema de tração às 4 rodas, cuja falta poderia ter contribuido para o acidente.

Os vestígios de eventual travagem no desvio à esquerda para o despiste (notar que no lado exterior o rasto do pneu é mais denso , o que é compatível com o fenómeno de sobreviragem descrito atrás, aliviando a carga das rodas trazeiras e do lado esquerdo do veículo) indiciam que não terá havido rebentamento de pneu na origem do acidente.

Independentemente da confirmação da hipótese anterior, parece essencial:

1 - realizar inquéritos rigorosos dos acidentes e divulgar em campanhas mediáticas, além das causas, as recomendações para os evitar ou mitigar as consequencias

2 - corrigir as faltas de rails de segurança ou os seus traçados incorretos, nomeadamente quando não paralelos à via, tendo em atenção o regulamento 1936/2019 sobre as proteções em rodovias





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