terça-feira, 21 de outubro de 2014

Economicómio - Sabem o que fazem?

Esta é uma reflexão sobre o grau de credibilidade que nós, ignorantes da ciencia económica, podemos atribuir aos profissionais, e bem assim, que valor podemos dar às suas decisões condicionantes do nosso quotidiano e do nosso futuro, sendo certo que os deles, graças ao elevado nivel de salários e aos generosos planos de pensões de que dispõem não parecem comprometidos.

Dizem as noticias de hoje que o setor financeiro nacional é muito maior do que se julgava e o tamanho da economia real (empresas não financeiras) é muito menor.
A justificação apresentada é que se passou das regras SEC1995 para as regras SEC2010.
Não aceito tal justificação, porque o que me ensinaram na alma mater e eu tentei aplicar e os meus colaboradores eram avaliados em função disso, é que o gestor de um bem ou serviço deve conhecer os elementos fisicos e os indicadores reais desse bem ou serviço. Alem de que as regras SEC2010 não surgiram por geração espontanea. Tal como a  passagem da divida das empresas publicas para a divida publica. Há mais de 10 anos que nós, no metropolitano, criticávamos a não contabilização nas contas publicas. Até as administrações se não esqueciam de o relembrar em todos os relatórios e contas.
Não venha a senhora ministra das finanças agora desculpar-se pelo seu péssimo desempenho, com o seu ar de anjo perseguido quando todos sabemos que o que está a pensar não corresponde aos seus sinais exteriores.
Não era preciso ser economista para saber que o peso do setor financeiro em Porugal é um cancro.
Até Vitor Bento o disse como já se referiu neste blogue. O setor não tansacionável afunda o país.
Por  tudo isto não surpreende a surpresa reprovadora da UTAO perante o otimismo não suportado nas previsões macroeconómicas do orçamento de Estado para 2015. Que não encontra fundamento para a previsão de 66 milhões de euros nas previsões das receitas das concessões (porque  não dizem uma evidencia, os decisores sobre as concessões são ignorantes e incompetentes?). Pois não, fazem como a Mofina Mendes. Estão atrasados 5 séculos, a gerir um país, eles e os seus patrões não controlados por regras demcráticas do BCE e FMI.
Melhor fora que a população perdesse o medo e lhe chamasse os nomes que a ligeireza com que põem em causa os salários, o emprego e as pensões dos cidadãos e cidadãs justifica.
A começar pelo facto evidente que o novo presidente da comissão europeia, inegavelmente um senhor simpático e bem intencionado, foi primeiro ministro de um país que é um verdadeiro off-shore no coração da Europa, que não engana, o peso do setor financeiro é enorme, como gostam de dizer os economistas falhados.
Nem sequer são capazes (obviamente porque o poder financeiro e económico capturou o poder politico) de implementar uma taxa de 0,1% sobre as transações financeiras (refiro-me a taxas sobre transações mobiliárias, não sobre mais valias), coisa que há mais de 5 anos este blogue vem falando (na verdade, mais para 0,5% que para 0,1%), acompanhada de medidas preventivas contra os off-shores como a comunicação automática (levantamento do sigilo bancário) e sanções em caso de incumprimento como taxação incomportável de importações.
Os eleitores de esquerda e de direita têm de por fim a esta aberração dos dogmas impostos pela religião dos economistas que nos dirigem e expulsá-los dos centros do poder.
É uma aberração termos coisas de interesse público entregues a privados que dependem de assembleias de acionistas em que uma voz pode ter mais do que um voto. Como se sabe, há séculos que a humanidade descobriu que em assuntos de interesse coletivo o método é uma voz, um voto. 
Tem de se chamar os bois pelos nomes, criminosos e malfeitores que se apropriaram do que era de todos (ultimo exemplo, a água e os residuos, cuja privatização é tecnicamente um disparate).
A chave que explica tudo isto é simples, a captura do poder politico pelo poder económico e financeiro, e a falta de independencia das empresas do poder politico, económico e financeiro.
Uma empresa pública, ao serviço de uma comunidade, se não dispuser de independencia para utilizar os seus recursos, como tem sido o caso com os comissários politicos que as têm dirigido, cai no limbo das privatizações e concessões.
E são os técnicos das empresas privadas e das empresas públicas que, para não perderem os seus empregos, executarão os procedimentos para essas privatizações/concessões.
Acusam uns os funcionários públicos de serem uns acomodados sem iniciativa por terem o emprego garantido.
Mas os empregados das empresas privadas só têm emprego se se sujeitarem aos dogmas de cima.
É uma forma, como outra qualquer, de perder a liberdade (já imaginaram o que aconteceria se as assembleias de acionistas passassem a ser subordinadas aos critérios de democracia estabelecidos para a politica, em vez de subordinadas ao interesse pelo lucro?).


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