Com a devida vénia ao DN de 12 de abril de 2015, cito Serge Haroche, premio Nobel de Física de 2012: (o meu trabalho na física quantica) "vai trazer inovações tecnológicas, mas é difícil prever quais. As que hoje temos provêm da investigação fundamental feita no século XX, mas nessa altura não eram previsíveis. O laser tem hoje aplicações essenciais, mas as pessoas que o inventaram não tinham qualquer ideia para que poderia servir. O mesmo para a ressonancia magnética, que revolucionou o diagnóstico médico. A investigação fundamental permite compreender o funcionamento das coisas, o que dá meios para inventar novos dispositivos".
"Em França os lugares na investigação para os jovens são cada vez mais raros... quando tento explicar ao poder político que é um erro grave deixar uma geração fora do sistema científico eles respondem com a crise económica, que não há dinheiro. Mas daqui a uns anos, quando a crise acabar, sera tarde demais, porque teremos sacrificado uma geração. Além disso, a ciencia precisa de continuidade, para que a experiencia se transmita entre gerações. Em geral, os países do sul da Europa têm neste momento esse problema...há uma fuga de cérebros e não há postos suficientes para os investigadores em geral."
O humilde escriba deste blogue nunca teve vocação para a investigação fundamental, mas pensa, provavelmente com imodéstia, que colaborou em aplicações úteis para a comunidade de alguns resultados dessa investigação.
Por isso, também pensa ter alguma razão em preocupar-se com a política imobilizadora e danosa para o futuro que o atual governo tem sobre a ciencia e a técnica.
No entanto, a propaganda oficial alinhará argumentos (a natureza é assim, há sempre argumentos para justificar o que quer que seja), como, por exemplo, que patrocina através da direção geral de educação o programa da CE eSkills for jobs, orientado para as competencias nas aplicações informáticas. Que a CE prevê 900 mil ofertas de emprego nas tecnologias de informação na Europa para 2020. Que em Portugal 90% das empresas que recrutam profissionais desta especialidade se queixam de falta de competencias dos candidatos ( que depois emigram para exercer essas funções?!) e de inadequação do ensino universitário.
A mim me parece conversa de burocrata mais assente em papeis que em dados reais. Qualquer que seja a disciplina científica e técnica, ninguém sai duma universidade habilitado a resolver problemas numa empresa. A aprendizagem tem de ser continua, as universidades e as empresas têm de colaborar e as empresas têm de gastar dinheiro com isso.
Entretanto, destaque para o programa da IBM para participantes dos 8 aos 16 anos, na esperança de que a nova geração não se perca nas profissões mais ligadas ao setor não transacionável, EXITE e TryScience.
Num país como Portugal, a necessitar de reindustrialização e de reduzir a predominancia dos serviços, seria desejável
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