Gentrificação, do inglês gentrification, de gentry, nobre. Derivado do francês arcaico gentrise, bem nascido.
Nome dado à transformação de antigos bairros populares ou industriais no centro de cidades em bairros para pessoas de níveis elevados de rendimento.
http://www.aps.pt/vicongresso/pdfs/84.pdf
O que se está a passar em Lisboa e, em parte, no Porto, com o aumento constante da ocupação de edifícios por hoteis, hosteis ou apartamentos transformados para aluguer de curta duração a turistas, é também considerado gentrificação, porque o rendimento obtido com os turistas inflaciona o preço do aluguer de longa duração e o valor patrimonial, dificultando a habitação do centro da cidade por pessoas com menores rendimentos.
A grande vantagem da gentrificação é dar alguma animação ao centro da cidade, compensando a desertificação e degradação do parque habitacional que se vinham verificando.
Os inconvenientes são a discriminação que impede o acesso à habitação às pessoas de menor capacidade financeira e a desagradável evocação da "visita à reserva dos selvagens" do Admirável mundo novo. Ou pondo a questão de outro modo, depois da resposta de um jovem turista a quem chamaram a atenção para o barulho que fazia no terraço à noite, prejudicando o descanso de crianças"eu pago para poder fazer barulho", talvez não interesse este tipo de selvagens, que provavelmente não farão isso na sua terra.
Pessoalmente, considero os inconvenientes maiores do que as vantagens, fundamentalmente por parecer que se cai numa mono-atividade dependente do nível de segurança das outras zonas turísticas. Mas aparentemente sou minoritário.
Pelo menos em Lisboa, uma vez que em Barcelona e em Berlim proibiram (quem diria, em tempos de liberalização cega) a instalação de mais hoteis e até o aluguer de curta duração.
Talvez esteja aqui mais um exemplo para as soluções tipo mix e para os planos de transição. Em vez de deixar o mercado simplesmente a funcionar à solta, delimitar áreas, para o aluguer de curta duração, para o aluguer de longa duração, para os hoteis, para a atividade secundária (oficinas e fabricação compatível com a habitação, para escritórios e comércio, para a habitação, como se fazia antigamente com os planos de urbanização, e nivelar os rendimentos em cada área através dos impostos.
Mas parece utópico, não é? Contrariava os dogmas da liberalização e exigiria capacidade de planeamento, desburocratização e rapidez de reação às mudanças.
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