quarta-feira, 8 de junho de 2016

Que relação tem com o seu banco? DN, 8 de junho de 2016

foto retirada do DN/Dinheiro Vivo


A senhora jornalista no seu editorial de diretora cita o presidente do BBVA internacional a reconhecer que  "a industria (?) bancária se tornou obsoleta, com estrutura de custos pesada, sistemas arcaicos e sobrecapacidade".
Concordo, embora provavelmente não pelas mesmas razões. Adivinho que o senhor quererá reformas aligeiradoras, isto é, penalizadoras do fator trabalho.
E talvez os senhores banqueiros da fotografia não concordem.
A culpa será dos outros, não de tão eminentes gestores a quem o país tanto deve.
O senhor da esquerda, por exemplo, sorriu para a entrevistadora da TV e disse que o seu banco só fazia bons negócios. Isto a propósito do BANIF, cujas valias engoliu, enquanto as não valias ficaram para os contribuintes.
O senhor interior esquerdo sofre com o ditado europeu e respetivo racismo económico sobre as relações do seu banco com a economia angolana, pelo que não o critico aqui, sendo mais vítima dos seus colegas eurocratas e convencidos.
O senhor interior direito teve o triste comentário de que o banco mau (ou traseiro) para ficar com o crédito mal parado era uma solução divina de que não precisava. Valente ateu, superior à teoria económica do banco mau, que em breve regressará à sua ilha off-shore.
E finalmente o senhor da direita, que sofre com os ataques bolsistas, não se sabendo ainda se há manipulação tipo short selling.
Em suma, 4 exemplos da boa gestão bancária num país em que há bancos a mais e utilidade dos bancos a menos.
O que passo a explicar, embora sem a esperança de que chegue aos ouvidos do distintissimo presidente do BBVA e da eminente editorialista, até porque é um exemplo de um cliente insignificante.
Ora dá-se o caso que tenho uma conta no BBVA. Que fechou a sua agencia em Alvalade, onde eu tinha um cofrezinho com umas joias de família e o back-up profissional do meu filho. Fiquei sem cofre e se quiser ir ao banco tenho de ir ao Areeiro. `Como pode isto ser sobrecapacidade?
E quanto ao senhor "só bons negócios" queria contar-lhe que perdeu um bom negócio.Bom, à minha escala, claro, mas que o senhor ministro das finanças teria  aplaudido se soubesse, por poupar nos juros dos certificados de aforro.
Dá-se o caso que recebia o meu ordenado pelo seu banco e agora recebo a reforma. E aconteceu que precisei de fazer obras na casa antiga que era dos meus pais, na sua  cidadesinha. A respetiva câmara municipal achou que a casa estava com mau aspeto e intimou a fazer obras. Escusou-se a cumprir a sua obrigação de facultar fundos comunitários para reabilitação urbana. Escusou-se mesmo, num belo exemplo de imobilismo. De modo que pedi um empréstimo ao banco do senhor "só bons negócios".
A senhora gestora de conta não se riu, mas disse que era impossível, embora eu propusesse pagar um juro de 6% quando o banco obtem a quase 0% . De modo que fui aos meus certificados de aforro e fui levantando para pagar a obra, felizmente já concluida. O banco perdeu o negócio dos 4%, sem risco porque a casa valia mais do que o montante das obras e servia de garantia. Eu perdi o juro bonificado dos certificados de aforro e nenhum país pode funcionar bem quando os seus agentes económicos responsáveis por emprestar dinheiro se comportam assim.
De modo que sim, concordo, os banqueiros têm sido incompetentes, não têm visto a questão, pelo que não admira que a Europa tenha a pior reação a uma grande depressão quando comparada com as outras zonas económicas e as outras grandes depressões.
Mas enfim, vão mantendo o seu poder e os seus grupinhos de influencia e de amigos, embora não tenham sido eleitos pelos contribuintes.
Como dizia o presidente dos USA, um grupo de banqueiros pode ser pior que um exército.

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