Apesar do título apelativo, não vou escrever sobre esse tema. Muito melhor do que eu, escreveu Fernanda Cancio na mesma edição:
https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/fernanda-cancio/interior/os-despejos-a-lei-cristas-e-a-demagogia-9244088.html
Mas quero comentar a lenta mudança de atitude dos decisores sobre o plano de expansão do metropolitano. Há quase um ano, o senhor presidente da CML ignorava, na assembleia municipal, os pareceres técnicos negativos e de forma sobranceira declarava que a sua era a melhor opção.
Na entrevista de dia 8 de abril de 2018, já é mais comedido. É verdade que alguma comunicação social tem veiculado os tais pareceres negativos e a Ordem dos Engenheiros realizou uma sessão com algum impacto.
Também é verdade que dessa sessão se pode dizer algo parecido com o que o eng Mira Amaral disse após a sessão na Ordem dos Engenheiros sobre o plano da ferrovia e as consequencias negativas da falta de interoperabilidade ferroviária incluindo a bitola UIC - que tinha sido uma grande derrota dos promotores por o governo e a IP terem uma posição firme sobre o assunto.
No entanto, no caso da expansão do metro, parece haver algumas brechas na fortaleza dos decisores (perdoe-se-me o otimismo se também descortino nas afirmações do presidente da Medway, ex-CP Carga, alguns argumentos comuns aos defensores da bitola UIC).
Mas vamos à entrevista e às informações que, provavelmente por imodéstia minha, considero como esclarecimentos necessários.
Diz o senhor presidente da CML que a linha circular permitirá uma frequencia entre 3 e 4 minutos abrangendo uma parte muito importante da cidade.
Comentário - há alguns anos, quando não havia falta de material circulante, os comboios circulavam com intervalos de 2,5 e 3 minutos ( 24 ou 20 comboios por hora); e quanto à cidade, há partes da cidade que não são importantes? onde está a mensagem evangélica de que o cordeiro perdido é o mais importante?
Diz também que a informação que tem, depois de ouvir informações contraditórias, é de que é possivel manter a ligação direta da linha de Odivelas ao sul.
Comentário - sim, é possível, com o custo de instalação de aparelhos de mudança de via (bifurcações) potenciais geradores de perturbações nas duas linhas (a circular e a Odivelas-Rato) e a penalização do intervalo entre comboios. Ver os dois esquemas seguintes:
Para que não se diga que estou a violar o teorema de divergencia nula num nó, o intervalo de 3 minutos (20 comboios/h) no troço Campo Grande-Marquês de Pombal-Rato resulta da convergencia dos 6 minutos (10 comboios/h) no troço Campo Grande-Telheiras e no pequeno troço entre aparelhos de via nos martirizáveis viadutos poente de Campo Grande . Notar ainda a perturbação causada pelos aparelhos de via no término intermédio de Rato, em que o movimento depois da inversão cruza a via de sentido contrário, (Observação: por razões de preservação da tranquilidade dos colegas no ativo, evito trocar impressões que os possam comprometer; esse facto, aliado ao secretismo com que estão a desenvolver-se as soluções concretas, justifica a possibilidade dos esquemas que estudo poderem não corresponder a essas soluções concretas).
Mais diz o senhor presidente que está a trabalhar com o governo para a expansão da linha vermelha ao vale de Alcantara e que se pretendem soluções complementares dos vários modos de transporte
Comentário - registo e concordo, mas penso que é um trabalho de especialistas, não para o governo nem para a CML, que a prioridade devia ser o prolongamento a Alcantara (o que parece dificil não por razões de planeamento de transportes mas por constrangimentos das intenções de exploração imobiliária da zona) e que a ligação Rato-Cais do Sodré enferma dos graves inconvenientes de pendentes e curvas excessivos, geradores de desgaste precoce de carris e rodados, e de excesso de consumo de energia, para além dos inconvenientes da obra nos terrenos de alunião e aterro da 24 de julho..
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2018/04/a-querenca-do-plano-de-expansao-do.html
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2018/01/ultima-tentativa-ultima-chamada-da.html
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