sexta-feira, 24 de maio de 2019

Os 21 novos radares para controle da velocidade em Lisboa

O jovem vereador da câmara de Lisboa entendeu que devia justificar bem o anúncio da encomenda de 21 novos radares para colocação nos pontos de maior risco. E foi muito claro, sabendo que podia estar a ofender os condutores apressados da cidade. Por isso disse que as estatísticas provavam que o excesso de velociadade é uma das principais causas da sinistralidade.
Disse-o como se fosse uma novidade, quando há dezenas de anos se sabe que existe uma correlação entre a velocidade praticada e o número de acidentes. E que num atropelamento a 45 km/h a probabilidade do peão se salvar é inferior a 10%.
O que poderia justificar que as cha,adas autoridades são cúmplices da matança dos acidentes rodoviários por inércia na tomada de medidas contra a sinistralidade.
Choca ver a afirmação que as estatísticas provam, e só agora se tenta mudar alguma coisa. Como se só agora se tivesse descoberto.
Não é suficiente instalar radares, mesmo que as multas se associem à acumulação de pontos penalizadores. É necessária uma campanha informativa e didática. Mas os decisores têm dificuldade em aceitá-lo.
Proponho-lhes um pequeno exercício (eu sei que a maioria das pessoas não gosta de matemática, mas exerço o direito da liberdade de expressão).

Suponhamos que uma pessoa com alguma dificuldade de locomoção se propõe atravessar a avenida da República. 
Está no passeio do lado ocidental e vai atravessar a pista ciclável. 
Está a 1 m de distancia da pista e olha para a direita, para o lado do Saldanha. Não vê nenhuma bicicleta.
Vamos supor ser este o momento zero.
Olha agora para a esquerda, para baixo, e também nada vê. Passaram 3 segundos
Volta a cabeça para a frente e inicia a marcha.
Leva 4 segundos a percorrer os 2 m até ao meio da pista, desloca-se à velocidade de 1,8 km/h.
Está no momento 7 segundos.
A trotineta que descia a avenida vinda do lado do Saldanha a 25 km/h, que é a velocidade a que os decisores acham bem que se desloque um veículo motorizado nas vias cicláveis indissociavelmente ligadas aos passeios onde as pessoas com dificuldades de locomoção têm todo o direito de estar ou caminhar em segurança, encontrava-se, 7 segundos atrás, a 49 m de distancia do ponto do atropelamento (25 km/h<> 7 m/s). 
O peão não a viu, confundido pela vegetação, ou simplesmente por também ter dificuldades de visão.
O condutor da trotineta não abrandou, confiante que o peão se desviaria ou ele próprio, como condutor, conseguiria desviar-se também. Provavelmente será jovem e terá dificuldades em compreender as dificuldades de locomoção dos mais velhos.
O choque ocorreu ao momento 7 segundos.

Sim, os decisores e as "autoridades"  são corresponsáveis por inércia pelos acidentes, com veículos automóveis e com veículos de duas rodas e essa inércia é inadmissível. (Excluo a Polícia que oportunamente chamou a atenção dos riscos dos veículos motorizados ou não de duas rodas nos passeios  e foi desautorizada pelo senhor secretário de Estado- nota: as bicicletas gira elétricas estão equipadas com um motor elétrico que reforça o binário do pedalar do ciclista; o motor das trotinetas funciona por si)


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