sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Christine, Christine, Lagarde...

Oiço, e talvez por ser ingénuo, custou-me a acreditar no que a senhora disse. Mas também é verdade que a senhora tem sentido de humor, embora seja um humor pouco simpático para quem não se move no etéreo meio em que ela se move. Duas citações:
1 - "o processo de revisão do BCE terminará quando terminar"
Se um colaborador meu me desse uma resposta dessas, eu dir-lhe-ia que continuaria a ser seu amigo e seu admirador, mas a avaliação no respetivo periodo seria má, muito má; a menos que me desse uma resposta em que eu conseguisse acreditar, coisa dificil.
2 - "claramente precisamos de olhar para como medimos a inflação"
Isto pode interpretar-se como ter de se manipular convenientemente os dados de modo a dar os resultados que mais nos convierem. Mas admitamos, talvez ingenuamente como já disse, que não. Então tenho de dizer que já tinha reparado, sim, ao ver as rendas e o custo da construção a subir e a inflação a continuar pequenina, que as coisas não estão bem. Dou um conselho à senhora, e digo conselho porque foi o que me ensinaram há muitos anos com a economia clássica, antes do triunfo da escola de Chicago: nos países mais pobresinhos aumente as pensões mais pequenas, suba o salário mínimo, e de caminho "lave" algum dinheiro com os serviços nacionais de saúde e os investimentos estruturais (estruturais de estruturas físicas, não confundir com as virtualidades dos défices estruturais). Vai ver que a inflação dá logo um saltinho. Claro que depois apareceriam uns senhores a rasgar as vestes e umas senhoras a bater em panelas que tinham pedido às suas empregadas para disponibilizar e todos a queixarem-se amargamente que as taxas de juro estavam a subir e isso ia dar cabo dos investimentos que geravam empregos, e assim não podia ser. Eu voltava ao mesmo, a dar um conselho por estar agarrado àquela coisa da economia clássica pré-Chicago: suba as taxas de juro a um ritmo inferior ao da subida dos salários, senão, lá se vai abaixo outra vez a inflação.
Com os meus cumprimentos, sugerindo também que o próximo governador do banco central europeu seja escolhido por concurso publico internacional, como no banco de Inglaterra, aliás.


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