sábado, 25 de janeiro de 2020

Concursos de material circulante, ponto de situação em janeiro de 2020

Registo a informação até agora divulgada sobre os concursos de material circulante, esperando não ter trocado nenhuma personagem. Duma maneira geral, apesar das limitações da lei da contratação publica e dos limites impostos pelas dificuldades financeiras restringindo o número de comboios, são ações positivas e são de aplaudir as atuações dos colegas envolvidos.


  • 15 elétricos articulados para a Carris, cerca de 45 milhões de euros, adjudicados à CAF, ficando a Stadler em segundo, por 1,5 milhões de euros
  • 18 elétricos articulados para o metro do Porto, 50 milhões de euros, adjudicados à CRRC, ficando a Skoda em segundo
  • 14 unidades triplas para o metro de Lisboa, 115 milhões de euros, adjudicadas à Stadler/Siemens juntamente com um sistema CBTC para condução automática de bloco movel; a Thales/CRRC impugnou sem sucesso
  • 22 unidades duplas para a CP regional, hibridas elétricas e diesel, 168 milhões de euros, adjudicadas à Stadler; a CAF impugnou, desconhecendo-se a resolução; a Talgo também tinha concorrido

Pessoalmente, com a reserva de não ter tido acesso às propostas, até porque não quero comprometer ninguém (embora reafirme que os documentos dos concursos deveriam ser publicitados nos sites da contratação publica) julgo que todos os concorrentes são idóneos e os preços razoáveis. Não foi cometido o erro de lançar preços base demasiado baixos.
Relativamente à Stadler, fabricante suisso, refiro que ganhou tambem o concurso para o metro de Atlanta, para 127 unidades duplas , com a particularidade de serem montadas em Salt Lake City (sugestão mais realista para o projeto de inscrever Portugal no clube dos fabricantes de comboios).
Tambem tem interesse a noticia da Railway Gazette que a Stadler tambem venceu o concurso para 15 unidades sextuplas de 2 pisos para o operador austriaco Westbahn por 300 milhões de euros.
O curioso neste concurso é que as 15 unidades destinam-se a substituir progressivamente 17 unidades em serviço desde 2011 e que serão vendidas à DB. Por razões da legislação da contratação publica (lá como cá...) , um processo de aquisição da DB demora mais do que um processo de aquisição na Westbahn, operador privado. Então a Westbahn fornece já algumas unidades usadas à DB e recebe algum dinheiro. A Westbahn aumenta por agora o intervalo entre comboios mas quando receber as novas unidades repõe a frequencia. É um negócio "win-win" mas isso levanta uma questão, que é uma empresa com participação publica estar a financiar um operador privado como consequencia das condições de aquisição de novo material circulante ser mais penalizante para um operador publico do que para um operador privado. Isso contraria um dos principios da UE, que é o da igualdade de oportunidades. Caso que já se tinha verificado nas parcerias publico privadas das companhias de manutenção concessionadas pelo metro de Londres.




Ligações: 

Elétricos CAF para a Carris

Elétricos CRRC para o metro do Porto

Comboios Stadler/Siemens para o metro de Lisboa

Siemens como fabricante de CBTC (desconheço qual a repartição dentro do consórcio entre a Stadler e a Siemens e as hipóteses de montagem em Portugal; espero que, contrariamente ao que foi publicado na entrevista na ligação acima, em que o senhor presidente do metropolitano de Lisboa referiu intervalos de 3 minutos e  40 segundos (!!), o sistema seja efetivamente instalado para intervalos de 90 a 100 segundos)
por curiosidade: a CRRC como fabricante de CBTC

Comboios Stadler para a CP

Comboios Stadler para o metro de Atlanta

Comboios Stadler para a Westbahn e a DB



PS em 25jan2020 - Amável comentador recordou-me a reabertura das oficinas da EMEF de Guifões/Custoias. Com base na reportagem do DN, informo que entre os objetivos da EMEF estão:
- grandes revisões das 34 UME 3400 do serviço urbano do Porto
- recuperação de 5 locomotivas 2600
- recuperação de 13 carruagens Schindler
- recuperação de 14 carruagens Sorefame
- recuperação de 8 UQE e sua colocação na linha de Sintra até ao fim de 2020

PS em 28jan2020 - a CAF  protestou alegando erro da plataforma acinGov ao não registar o documento cuja falta motivou a exclusão da sua proposta, ver
https://webrails.tv/tv/?p=44198

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