Agora que os comboios voltaram a circular sob a Praça de
Espanha e prosseguem as obras do novo parque urbano, talvez seja de considerar
uma sugestão.
Se a responsabilidade da furação do teto da galeria do metro
foi das obras do novo parque urbano, então a perda de receitas, o prejuízo
sofrido pelos passageiros e os custos de reposição deveriam ser suportados pelo
empreiteiro ou pela CML.
Inundações em setembro de 2014 na Praça de Espanha (ponto baixo relativamente à colina de S.Sebastião) e com efeito de retenção relativamente às cotas menores de Sete Rios e vale de Alcântara (in Plano Geral de Drenagem de Lisboa 2016-2030) |
Mas há uma maneira mais elegante para indemnizar o metro e, de caminho, ajudá-lo a cumprir uma obrigação que tem demorado. Mesmo que para isso seja preciso ir buscar algum dinheiro aos 83 milhões de euros de fundos comunitários prometidos para a famosa linha circular. Como existe uma lei, a 2/2020 da Assembleia da República, cujo artigo 282 manda suspender a construção da linha circular, o financiamento terá de ser aplicado até 2023 e aquele artigo não foi declarado inconstitucional, não parece haver impedimento ao recurso a esses dinheiros.
A obrigação é a de adaptar as suas estações para a
acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida, e a ocasião agora é ótima,
aproveitando as obras. Só que haverá que conjugar o projeto do parque urbano
com as novas estruturas necessárias a essa acessibilidade. E sem esquecer a
harmonização com o projeto do plano de drenagem de Lisboa, o qual prevê para a
Praça de Espanha um reservatório de 35.000 m3 para absorver inundações, para
além do famoso riacho que “nasce” na bacia de retenção e sumidouro onde teve
origem o acidente, bordeja o acesso sul da estação de metro e segue entubado
até ao escoadouro/descarregador para o pequeno vale a poente da praça (entre o Instituto de
Habitação e o teatro A Comuna - rua Eduardo Malta), já integrado na bacia hidrográfica de Alcântara.
Para poupar equipamentos, poderá dispensar-se o elevador de superfície através duma rampa de cerca de 100m, para vencer o desnível de 5m entre a superfície e o átrio de bilheteiras, e com dois ramos, um para o lado da Av.Columbano Bordalo Pinheiro e outro para nascente, para o centro do parque. Os elevadores átrio cais poderão ficar nos extremos de corredores ao nível do átrio de bilheteiras e encostados às paredes exteriores da ligação do átrio sul aos cais. Poderá ser necessário cortar o topo da abóbada do túnel de via simples do ramal para o antigo PMOI de Sete Rios e que passa sob a parte nascente do átrio de bilheteiras.
Projeto do Plano de drenagem da Praça de Espanha com reservatório de 35.000 m3; a foto mostra a pequena bacia de retenção/ponto baixo relativamente a S.Sebastião, onde ocorreu o acidente de furação do teto da galeria do metro (in Plano Geral de Drenagem de Lisboa 2016-2030)
Se entretanto algum arquiteto do metropolitano já está a
estudar ou já fez o projeto da adaptação da estação com esta ou outra solução,
e se metro e CML partilharam esse projeto, o projeto do novo parque urbano e o
projeto da rede de drenagem, e se tudo está coordenado com a obra, talvez se
possa não considerar as sugestões que aqui deixo.
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