Volto a citar Johan Galtung: "o arquetipo da violencia estrutural (meios de impedir os individuos de desenvolverem o seu potencial) assenta na exploração dos grupos mais fracos pelos que estão no topo da cadeia do poder".
Isto não é o que dizem os teóricos das universidades, apóstolos do neoliberalismo, crentes na desregulação e na redução dos rendimentos do ator trabalho de modo a conter os custos de produção através do aumento do desemprego.
Muito menos o que insistem os não menos teóricos do FMI ao recomendar mais reestrutuações laborais, leia-se despedimentos para um crescimento futuro (passando pela falencia da segurança social).
Mas é o que resulta da observação da realidade, o domínio dos mecanismos económicos e financeiros pelos mais fortes e a consequente desigualdade crescente (mais uma vez cito os gráficos com base em dados reais de Pikety, Zucman e Wilkinson).
Lembrei-me disto a propósito das amoreiras do largo da Luz. As amoras já estão maduras, e caem esborrachando-se no chão, desperdiçadas pelas crianças, tanto como as folhas da árvore que já não alimentam bichos da seda.
Perdem-se as amoras, as folhas das amoreiras, e dentro de uns meses, as azeitonas que caem sem que aproveitem a sua energia potencial, energia na aceção literal.
Como diz a citação de Galtung, há meios de imoedir os indivíduos de desenvolverem o seu potencial.
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