quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ainda o acidente ferroviário na Bélgica

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Não valerá a pena dizer mais nada. É o próprio porta voz oficial dos SNCB que o diz. O sistema (train stop ou ATP? convinha confessar) só estará totalmente instalado em 2013.
Não valerá a pena, mas já se sabe, é oficial, que um maquinista ignorou um sinal vermelho (tempo de formação? idade? Situação laboral? condições de trabalho?).
Sabe-se também que o choque não foi frontal, terá sido numa agulha (o comboio suburbano que ia de Bruxelas para o sul ultrapassou o sinal vermelho (eventualmente pouco visível com a neve) e ocupou o distrito do interurbano que se dirigia para norte, para Bruxelas e Liege.
A senhora porta voz dos transportes da Comissão Europeia já veio pedir que se espere pelo resultado das investigações.
Nós esperamos, mas a senhora porta voz ignora que o debate de todos os indícios e de todas as hipóteses também é válido e útil (alguém se lembra de ver o relatório oficial com as causas e circunstâncias do descarrilamento em Madrid/Moncloa?).
Seria muito bom que mentalidades paternalistas e ordeiristas se fossem perdendo.
Não responsabilizem o maquinista, que sobreviveu, por favor, como fizeram ao maquinista de Valência (a direção do metro veio mentir depois do acidente, ao dizer que tinha feito investimentos vultosos na segurança; tinha feito investimentos, mas não na segurança da circulação dos comboios) porque qualquer técnico sabe que qualquer sistema deve criar uma situação restritiva quando isso, a ultrapassagem de um sinal vermelho, acontece. E se o sistema não se comporta assim, foi porque alguém atrasou a decisão de adquirir o train –stop ou o ATP, possivelmente com critérios de eficiência económica.
E estes atrasos custam muito a explicar aos familiares das vítimas (aceita-se que o trabalho de instalação do train-stop ou ATP em todas as motoras é extenso, e pode não haver material circulante disponível, mas já decorre desde 2005 e devem estabelecer-se prioridades).


Reproduzo o artigo de 2010-02-17:

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1496648&seccao=Europa
Acidente na Bélgica podia ter sido evitado
Hoje
Bruxelas A Comissão Europeia recusou ontem as acusações de responsabilidade pelo atraso na instalação de sistemas de travagem automática na rede ferroviária da Bélgica. Esta posição ocorre 24 horas após o choque entre dois comboios, em Hal, perto da capital belga e de que resultaram 18 vítimas mortais e 171 feridos.
As causas do acidente estão a ser investigadas quando há vozes que avançam a hipótese de que o desastre poderia ter sido evitado.
O Ministério Público de Bruxelas revelou que a equipa de peritos que já foi constituída inclui engenheiros, informáticos, especialistas em ferrovias e peritos médico-legais. Os magistrados alertaram, porém, que pode levar semanas, ou mesmo meses, até se conseguir conclusões sobre o ocorrido.
O porta-voz dos caminhos de ferro belgas (SNCB), Jochen Goovaerts, adiantou que os investigadores vão examinar as caixas negras dos dois comboios envolvidos na colisão. A análise dos registos de toda a informação técnica das viagens que os comboios fizeram poderá ajudar a deslindar a causa do acidente, sendo já conhecido que um dos maquinistas ignorou um sinal vermelho.
O administrador delegado da Infrabel - empresa que gere a rede ferroviária belga -, Luc Lallemand, disse ontem à televisão pública francófona RTBF que, a nível de segurança, a linha onde se deu o acidente está equipada com um sistema de travagem automática, mas um dos comboios envolvidos não. "Trata-se de uma caixa instalada no meio dos carris e que emite um sinal que é recebido pela locomotiva e acciona o sistema de travagem se a situação assim o obrigar", explicou.
Em 2013, o processo deverá estar concluído em todo o país, o que evitará tragédias como Hal.

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