O transporte ferroviário continua a ser seguro. Mas devemos tentar tudo para evitar acidentes como o de 15 de fevereiro de 2010. Aconteceu junto da orgulhosa sede da CE. No calor emotivo um colega nosso da SNCB afirmou aos jornalistas que um dos comboios não dispunha de "train stop".
Na zona do acidente (Buizingen - Halle, a 15 km a SW de Bruxelas)coexistem 3 vias duplas, uma das quais o TGV Paris-Bruxelas-Amesterdam, com zonas de agulhas, que são as zonas mais perigosas.
A colisão ocorreu na linha que serve o tráfego suburbano (um dos comboios no sentido Bruxelas-Braine le Comte, a 30km de Bruxelas) e interurbano (o outro comboio ligava Quievrain, perto de Mons, no sul da Bélgica, a Liège, a Leste, passando por Bruxelas).
Vamos ter de aguardar a investigação, condicionada pela conclusão da busca de corpos e vestígios e pela limpeza e verificação da segurança das vias.
Porém, se o desabafo do nosso colega belga corresponde à verdade - repito se - será extremamente grave, porque um sistema de sinalização ferroviária permite a exploração de redes complicadas e sobrecarregadas como esta (será sempre preferível separar e afastar os modos de transporte diferente, suburbano do regional, TGV do interurbano, não só por razões de segurança mas para flexibilidade e garantis dos horários de exploração). Mas tem de ser completada com sistemas de "train-stop" e de controle automático das velocidades (ATP). Também podem avariar, mas tendem a colocar o sistema em situação de maior segurança desde que se apliquem os procedimentos excecionais para essas situações de avaria.
Se se confirmar a ausencia do "train-stop" e do ATP, não venham, por favor, responsabilizar o maquinista que passou pelo sinal vermelho ou apagado. Responsabilize-se quem for responsável por essa presumível ausencia.
Que não terá sido o nosso colega do desabafo.
Outra questão associada aos acidentes ferroviários que convinha debater é a pressão no sentido da liberalização dos operadores a que estão sujeitos os operadores nacionais tradicionais, dentro dos critérios da livre concorrência em que alguns deputados europeus insistem.
Estando a lidar com questões de segurança é preciso prudencia pra analisar esta questão, ligada também aos indicadores de performance que os operadores nacionais se esforçam por melhor, como a economia de recursos humanos, por exemplo, o que pode não ser bom para a segurança.
Aguardemos entretanto.
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