"Os nossos governantes não têm vergonha na cara".
Dito assim, em bom português, para a câmara de TV à beira de um estádio de futebol, durante uma manifestação no Brasil contra o desperdício com o futebol em prejuízo da educação e da saúde nacionais.
Os formalismos democráticos existentes são ainda insuficientes.
Falta ainda à democracia o exercicio direto do poder.
Falta a ligação das freguesias ou das comunidades locais de dimensão celular (curioso, um dos grandes sucessos da tecnologia é precisamente a radiotelefonia celular, ou rede de telemóveis) ao poder central.
Com a tecnologia disponível fácil era as freguesias desempenharem o papel de discussão das estratégias nacionais e transmissão segundo técnicas de sondagens ao poder central.
Dificil, se o sistema funcionasse assim, manter o nivel de corrupção que se atingiu no Brasil e que também existe em Portugal, com a promiscuidade entre os poderes politico, financeiro, económico e jurídico.
E o que tem de notável este fenómeno (a manifestação de desagrado dos eleitores com o comportamento dos politicos e com o custo de vida a subir mais do que os salários) é que a noticia da TV dizia que o povo se manifestava, dava-lhe a voz para a frase "Os nossos governantes não têm vergonha na cara" e fechava, já depois de saber o resultado do jogo de futebol simultaneo com a manifestação, SEM INFORMAR ESSE RESULTADO.
Isto é, a noticia, pela primeira vez desde há muitos anos, dava mais importancia à vontade popular do que ao futebol.
E isso, enquanto hipótese de que finalmente se compreende o papel alienatório desempenhado pelo futebol, é positivo.
Muito, salvo melhor opinião.
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