Gostava daqueles momento em que esperava pelo autocarro 21, na paragem do Saldanha, depois das aulas no Camões. Confundia-me por que razão abaixo da estátua do general (ou marechal?) se mostrava uma semi-deusa vitoriosa e alada de bronze. Mas gostava de ver. Como gostei de ver as sucessivas obras por que passou a avenida da República, com banquinhos para as pessoas antes da epidemia dos automóveis e das demolições dos prédios do princípio do século XX.
E agora temos uma nova praça. Vamos ver, do ponto de vista da análise de riscos para os peões, numa travessia de poente para nascente. Notemos que é comum executar-se um arranjo e depois as pessoas não vão pelo caminho idealizado, embora neste caso o espaço, por ser aprazível, atrai a maior parte das pessoas para os passeios da periferia da praça (e contudo, o caminho mais curto é pelos diâmetros, não pelas circunferencias)
|
estou na avenida praia da Vitória, lado poente, em frente do prédio onde morava Laura Alves
|
Quero ir para o lado nascente, e por isso atravesso para a placa lateral, lado poente
|
o sítio é aprazível, e o caminho parece bonito, pese embora de vez em quando um automobilista recordado do antigamente tentar passar para o lado poente até se lhe deparar uma bateria de pilaretes
|
Atravesso sem dificuldades, até porque há semáforos e estou na placa lateral, lado poente. Voltando-me para trás observo uma ciclista pelo passeio fora, junto das arcadas do monumental (ou do que está no local das arcadas do monumental), completamente desgarrada da via ciclável
|
onde aliás, havia pouco, circulava uma simpática mãe com o seu bébé |
Isto é, temos aqui duas situações de risco. Os peões estão sujeitos a um encontrão de ciclistas, mesmo circulando fora das vias cicláveis, apesar da limitação a 7 anos de idade da circulação pelos passeios. E os bébés estão sujeitos a um encontrão porque as mães circulam com eles nas vias cicláveis.
Mas prossigamos no caminho para a Praia da Vitória nascente.
|
havia aqui uma passadeira para peões, agora, um pouco a jusante, existe uma passadeira para ciclistas |
|
Como? não há passadeira para o outro lado, para a placa central? a semi-deusa temerá a concorrência das lisboetas? ou simplesmente atravessa-se pelo meio dos automóveis, ou então eles param, nos semáforos, embora não haja passadeiras
|
Estamos portanto numa ilha, apenas para acesso às paragens de autocarro, apesar das guias para cegos e amblíopes. Quem quiser atravessar a praça que siga pela circunferência exterior . A situação não é brilhante e contem riscos para os peões que não conheçam o melhor percurso.
|
espaço para descansar, contemplando os engarrafamentos |
|
funcionará com fiabilidade, o sistema de rega? passadeira para peões pelo exterior da passadeira para ciclistas, uma questão de prioridades |
|
arte do ferro, do princípio do século XX |
|
Temos aqui uma situação de risco mais grave. Isto não é uma passadeira para peões, não é uma "zebra", e o peão corre o risco, se for distraído, como eu, de atravessar duas vias para automóveis para chegar à placa lateral, neste caso a lateral poente |
|
à atenção dos investidores, que tal mais um hotel para turistas? |
|
Cheguei à Praia da Vitória lado nascente, só tenho de atravessar a via ciclável.. Para trás o engarrafamento de quem vem da Casal Ribeiro e quer virar para a Fontes Pereira de Melo |
O presente "post" não pretende criticar o esquema automóvel em si. Se queremos cidades para pessoas, temos de limitar o transito automóvel. Mas dir-se-ia que há medidas a tomar para que não haja tantos engarrafamentos, desde o planeamento integrado e execução de redes de transporte público, de racionalização dos sentidos de deslocação (ruas tendencialmente de sentido único, interdição de virar à esquerda), de criação de estacionamento e de portagens à entrada da cidade, a auto-silos preferencialmente para residentes na cidade (que não devem ser polos de atração de automóveis do exterior, mas fator de valorização da habitação urbana) . Critico além disso o privilégio dos ciclistas em detrimento dos peões e os riscos que estes correm na travessia das vias para automóveis e para ciclistas.
Sem comentários:
Enviar um comentário