domingo, 5 de março de 2017

Praça duque de Saldanha, março de 2017

Gostava daqueles momento em que esperava pelo autocarro 21, na paragem do Saldanha, depois das aulas no Camões. Confundia-me por que razão abaixo da estátua do general (ou marechal?) se mostrava uma semi-deusa vitoriosa e alada de bronze. Mas gostava de ver. Como gostei de ver as sucessivas obras por que passou a avenida da República, com banquinhos para as pessoas antes da epidemia dos automóveis e das demolições dos prédios do princípio do século XX.
E agora temos uma nova praça. Vamos ver, do ponto de vista da análise de riscos para os peões, numa travessia de poente para nascente. Notemos que é comum executar-se um arranjo e depois as pessoas não vão pelo caminho idealizado, embora neste caso o espaço, por ser aprazível, atrai a maior parte das pessoas para os passeios da periferia da praça (e contudo, o caminho mais curto é pelos diâmetros, não pelas circunferencias)
estou na avenida praia da Vitória, lado poente, em frente do prédio onde morava Laura Alves

Quero ir para o lado nascente, e por isso atravesso para a placa lateral, lado poente


o sítio é aprazível, e o caminho parece bonito, pese embora de vez em quando um automobilista recordado do antigamente tentar passar para o lado poente  até se lhe deparar uma bateria de pilaretes

Atravesso sem dificuldades, até porque há semáforos e estou na placa lateral, lado poente. Voltando-me para trás observo uma ciclista pelo passeio fora, junto das arcadas do monumental (ou do que está no local das arcadas do monumental), completamente desgarrada da via ciclável

onde aliás, havia pouco, circulava uma simpática mãe com o seu bébé 

Isto é, temos aqui duas situações de risco. Os peões estão sujeitos a um encontrão de ciclistas, mesmo circulando fora das vias  cicláveis, apesar da limitação a 7 anos de idade da circulação pelos passeios. E os bébés estão sujeitos a um encontrão porque as mães circulam com eles nas vias cicláveis. 
Mas prossigamos no caminho para a Praia da Vitória nascente.




havia aqui uma passadeira para peões, agora, um pouco a jusante, existe uma passadeira para ciclistas



Como? não há passadeira para o outro lado, para a placa central? a semi-deusa temerá a concorrência das lisboetas? ou simplesmente atravessa-se pelo meio dos automóveis, ou então eles param, nos semáforos, embora não haja passadeiras



Estamos portanto numa ilha, apenas para acesso às paragens de autocarro, apesar das guias para cegos e amblíopes. Quem quiser atravessar a praça que siga pela circunferência exterior . A situação não é brilhante e contem riscos para os peões que não conheçam o melhor percurso.


espaço para descansar, contemplando os engarrafamentos

funcionará com fiabilidade, o sistema de rega? passadeira para peões pelo exterior da passadeira para ciclistas, uma questão de prioridades

arte do ferro, do princípio do século XX

Temos aqui uma situação de risco mais grave. Isto não é uma passadeira para peões, não é uma "zebra", e o peão corre o risco, se for distraído, como eu, de atravessar duas vias para automóveis para chegar à placa lateral, neste caso a lateral poente

à atenção dos investidores, que tal mais um hotel para turistas?

Cheguei à Praia da Vitória lado nascente, só tenho de atravessar a via ciclável.. Para trás o engarrafamento de quem vem da Casal Ribeiro e quer virar para a Fontes Pereira de Melo

O presente "post" não pretende criticar o esquema automóvel em si. Se queremos cidades para pessoas, temos de limitar o transito automóvel. Mas dir-se-ia que há medidas a tomar para que não haja tantos engarrafamentos, desde o planeamento integrado e execução de redes de transporte público, de racionalização dos sentidos de deslocação (ruas tendencialmente de sentido único, interdição de virar à esquerda), de criação de estacionamento e de portagens à entrada da cidade, a auto-silos preferencialmente para residentes na cidade (que não devem ser polos de atração de automóveis do exterior, mas fator de valorização da habitação urbana) . Critico além disso o privilégio dos ciclistas em detrimento dos peões e os riscos que estes correm na travessia das vias para automóveis e para ciclistas.







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