segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Sobre a habitação e a mobilidade em Lisboa

O Lisboa para pessoas é um interessante jornal na internet dedicado a temas de Lisboa. 

Através desta ligação divulgou o plano de habitação da câmara de Lisboa

https://lisboaparapessoas.pt/2023/02/24/carta-municipal-habitacao-lisboa-apresentacao/?utm_term=Habitacao%2C+um+resumo&utm_campaign=Lisboa+Para+Pessoas&utm_source=e-goi&utm_medium=email

Em resposta ao convite do jornal para envio de sugestões, enviei o seguinte:

É um excelente resumo.
Sugeria como temas a urbanização do Vale de Santo António e dos terrenos junto da av.Mousinho de Albuquerque, dos terrenos de Marvila , do baluarte de Santa Apolónia.
Neste tema da habitação comento que é indissociável da mobilidade e nessas circunstancias dirigi à CML em maio de 2014 uma série de propostas no âmbito da realização de assembleias municipais abertas aos cidadãos. Que não tiveram seguimento mas que destaco as portagens para automóveis à entrada na cidade e o emparcelamento de artigos matriciais de modo a permitir a habitação em condições satisfatórias e viabilizar o estacionamento automóvel em garagens de condomínio  e em auto silos de bairro. Ver 

http://fcsseratostenes.blogspot.com/2012/10/medidas-corretivas-concretas-4.html

Sobre as questões aos deputados comento que, como é hábito, o metro não fornece elementos do traçado durante a fase de "estudos", não admirando depois na fase de consulta pública que diga que já não pode voltar atrás como no caso do prolongamento da linha vermelha apesar dos erros do traçado sinuoso. Não há cláusulas de confidencialidade que impeçam o metro de ir fornecendo elementos do avanço do estudo das hipóteses do traçado e de aceitar sugestões. Aliás, no caso do LIOS, considerando as caraterísticas urbanas, por razões de velocidade comercial baixa não é aconselhável.
Sobre a questão da acessibilidade enviei por outro email o caso do metro.
Com os melhores cumprimentos


Notas do Banco de Portugal de fevereiro de 2023 sobre as estatísticas de 2022 da balança de pagamentos e do endividamento

 

Nota sobre a balança de pagamentos em 17fev2023 do Banco de Portugal

https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/noticias/1842

 Desgostou-me termos tido um défice externo de 1.100 milhões de euros (balança corrente mais balança de capital), mas fiquei com uma dúvida.

É que receio que o défice seja ainda maior, porque, segundo o INE, o saldo negativo da balança de bens foi de 30.783 milhões  correspondente a 109.109 milhões de importações e 78.326 milhões de exportações.

Ora, diz o BP que o saldo negativo de bens foi de 26.458 milhões, o que, com o excedente da balança de serviços de 21.519  milhões ( igual a 44.000 exp – 22.500 imp)  o que dá um saldo negativo para a balança comercial, segundo o BP,  de 4939 milhões. Segundo os dados do INE, seria de 9.264 milhões, o que iria agravar mais o défice externo.

Em resumo a minha dúvida, sobre a diferença no saldo comercial entre o INE e o BP, será que se deve à estimativa que o INE faz para exportações e importações por empresas abaixo do limite para declaração obrigatória (coluna "não aplicável" nos quadros por tipo de modo de transporte, 1.706 milhões para exportações,  5.579 milhões para importações)? O que indiciaria que o BP não considera essa atividade estimada, distorcendo a estatística.

 

Segundo o BP, o défice externo da balança de pagamentos em 2022 foi - 1071 M€ .

Desde 2011 que não havia saldo negativo externo (exceção 2020 com 103 M€)

Conclui-se que a situação é grave, dado o aumento do défice externo.

 

Bal pagamentos=bal. Corrente+ bal. Capital:

            - 1071  =  - 3219  +  2148 M€

Bal. Corrente = bal.comercial + bal.rendimentos 1ários + bal.rendimentos 2ários

                        (bens+serviços)      (dividendos, juros)    (remessas emigrantes e imigrados,
                                                                                                 prémios jogos, transferências )

      -3219   = -26458 + 21519    +       (-3598)              +         5305

 

bal.capitais  - fundos comunitários, transações ativos não produzidos  2148 M€

Acresce um défice da balança financeira de -987 M€



Nota do BP de 23fev2023 sobre o endividamento:

https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/noticias/1847 

 

De acordo com os dados publicados esta quinta-feira pelo regulador bancário, em 2022, o endividamento do setor não financeiro - isto é, das administrações públicas, empresas e particulares - aumentou 19,1 mil milhões de euros, para

                                   793,8 mil milhões de euros,

                                      sendo     441,3 mil milhões de euros dívida privada

                                                     352,5 mil milhões de euros dívida pública

 

ainda que em percentagem do PIB tenha diminuído de 361,2%, para 333,9% de 2021 para 2022, reflexo do aumento do PIB registado em 2022 (para 239 mil milhões) , superior ao acréscimo do endividamento.

Relacionado:

Novo Banco. Reestruturação concluída traz "independência" e "reforço do apoio à economia"

Banco De Portugal. Peso dos clientes estrangeiros cresce nos créditos concedidos pelos bancos

trocas com Espanha /exp + imp)  por ferro+rodo             26,787 Mton   e   43754 M€

trocas com resto da EU                                                     11,573 Mton    e   57255 M€

 

Forte queda da dívida pública de 11,5% (125,4% - 113,9%) do PIB do fim de 2021 para o fim de 2022 mas em termos nominais subiu de 269,2 mil milhões de euros no fim de 2021 para 272,6 mil milhões no fim de 2022)

Conviria esclarecer a composição do saldo externo negativo em 2022   (-1071,04 M€) , contrariando tendência anterior (saldo positivo em 2021   +2070,81 M€)  e a divergência de valores da dívida, do INE e do BP.

 PS em 24abr2023 - segundo a nota do BP de 22mar2023, houve um saldo positivo da balança de pagamentos (balança corrente+balança de capitais) de 513 milhões de euros em jan2023 e de cerca de 350 milhões em fev2023, mantendo-se o saldo negativo de bens que, contrariamente ao comentado na TV, não é coberto pelo saldo dos serviços/turismo :

  • saldo negativo da balança de bens em jan2023 e fev2023 :                    -3300 milhões de euros
  • saldo positivo da balança de serviços/turismo em jan2023 e fev2023:    2900 milhões de euros

https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/noticias/1877/ 






Recordo:

  •  o saldo negativo de bens e serviços em 2022:  -4900 milhões segundo o BP,   -9300 milhões segundo o INE
  • o excedente da balança de pagamentos (saldo externo) em 2021 seg.BP : 2071 milhões de euros
  • o défice da balança de pagamentos em 2022 :    - 1071 milhões

Podem os comentadores continuar a louvar o Pacto de Estabilidade e a previsão do Conselho de Finanças Públicas de saldo positivo de 0,4% do PIB para 2024

Mas infelizmente as contas externas vão mal, é preciso exportar mais bens  e importar menos.

Nota do BP de 3abr2023 sobre o endividamento: subida de 3200 milhões de euros para 279 mil milhões de janeiro a fevereiro de 2023, sendo que de dez2022 a jan2023 já tinha subido 3100 mil 
milhões:
https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/noticias/1898

Recordo, commo fator positivo, o saldo externo positivo da balança de pagamentos (balança corrente+balança de capitais) de jan e fev 2023:  863 milhões de euros

Financiamento das administrações publicas negativo em jan e fev2023:
https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/noticias/1908




domingo, 26 de fevereiro de 2023

Parecer enviado em 30jan2023 como contributo da consulta pública do Plano Ferroviário Nacional



PFN Parecer enviado ao site https://pfn.gov.pt/consulta-publica-do-plano-ferroviario-nacional/  onde se encontra o PFN

 

I – Resumo - O presente parecer sobre o PFN reconhece o mérito do objetivo de recuperação da rede existente e do serviço das populações, mas resume-se num conjunto de discordâncias:

1 - sobre um conceito em que se baseia o PFN, que é o da redução do sistema ferroviário (com uma pequena exceção dum troço em via métrica) à gestão de uma rede única de bitola ibérica, ignorando o exemplo de mais de 30 anos da experiência espanhola de gestão separada da ADIF  e da ADIF Alta Velocidade (como aliás se tentou em Portugal com a RAVE) e do planeamento do Rail Baltica

2 – sobre o conceito de interoperabilidade do PFN ao hierarquizar os parâmetros de interoperabilidade deixando de fora a bitola 1435 mm e procurando pretextos nas isenções das propostas de revisão dos regulamentos comunitários para atrasar a mudança de bitola nos corredores internacionais e na parte nacional das redes transeuropeias TEN-T (RTE-T), contrastando com a aceitação dos outros parâmetros, nomeadamente o ERTMS em que conviverão dentro de 3 anos o antigo sistema CONVEL  e o novo sistema ETCS graças ao módulo STM. Não parece assim curial afirmar-se que o PFN tem como base, para além do PNPOT, as redes TEN-T porque efetivamente não cumpre o prazo e a totalidade dos requisitos de interoperabilidade destas

3 - sobre a perspetiva do PFN relativamente ao tráfego de exportações de bens para Espanha e para o resto da Europa, não dando o devido destaque ao facto de que as exportações de bens para Espanha representam 54% em tonelagem do total exportado por modos terrestres para a Europa, mas apenas 37% em valor e que a quota do transporte ferroviário é residual quando comparada com o transporte rodoviário (inferior a 1,3%), o que só por si justificaria a urgente coordenação com Espanha em planear a implementação dos corredores internacionais de acordo com os prazos regulamentares da rede “core”(2030), “extended core”(2040) e “comprehensive”(2050) , seguindo o exemplo do que Espanha faz com a França como mostrou na cimeira de Barcelona de 19jan2023 ao fixarem 2030 para a conclusão das partes francesas dos corredores atlântico e mediterrânico. Não parece curial focar o desenvolvimento do tráfego de mercadorias apenas no mercado ibérico, quando o objetivo principal deveria ser o crescimento do tráfego para o resto da Europa

4 – sobre a pouca preocupação do PFN em dinamizar a transferência de carga rodoviária de mercadorias, nomeadamente com transporte de semirreboques e caixas móveis por comboio,  e a transferência do tráfego aéreo de passageiros Lisboa-Madrid para a ferrovia, contrariando assim a política ambiental da UE e configurando sérias ameaças ao setor rodoviário quando tiver de se adaptar a futuras restrições ambientais.

5 – sobre a falta de preocupação em calendarizar e operacionalizar rapidamente os corredores internacionais e a parte nacional das redes transeuropeias TEN-T, sabendo-se que entre uma decisão e a colocação em serviço podem  mediar 10 anos. Não parece assim curial deixar no ar a indefinição do prazo e a incerteza do prazo de 2050, sendo forçoso definir um limite anual para o investimento e a sua componente de cofinanciamento comunitário (exigindo este a realização prévia do anteprojeto e da análise  de custos benefícios)

6 – sobre o desentendimento com Espanha sobre a reposição dos serviços de passageiros Lisboa-Madrid e Lisboa-Irun, que deveria ser ultrapassado na base do cumprimento de todos os requisitos da interoperabilidade, não só relativamente à bitola mas também ao ERTMS, o que não tem sido feito

7 – sobre os critérios de planeamento da mobilidade das áreas metropolitanas, sem articulação das redes de suburbanos com as redes de metropolitano (por exemplo, no caso de Lisboa sem previsão de partilha das novas travessias do Tejo nem alternativas para serviço do novo aeroporto, a duplicação do traçado de metro de Odivelas ao Campo Grande e Sete Rios em vez de prolongar o metro a Loures ou mesmo Malveira, ou a inserção da linha de Cascais no serviço interurbano com sobrecarga da linha de cintura; no caso de Coimbra o inepto sistema BRT quando comparado com a segurança operacional do modo ferroviário, nomeadamente no relativo ao sistema de condução automática  e desintegrado dos instrumentos jurídicos do regime de gestão territorial, nomeadamente do PROTAML a necessitar de revisão  e da regulamentação comunitária expressa nos SUMP, não obstante a referência ao PNPOT e aos PROT. Neste aspeto, o PFN funciona como justificador das fichas de empreendimentos do PNI2030 sem uma visão integradora, atribui à rede ferroviária nacional (suburbanos) funções mais adaptadas ao serviço de metropolitano, e sofre da subordinação automática aos conceitos de linhas diametrais (supostamente para corrigir as ligações radiais, ignorando a assimetria de cargas à chegada e à saída do centro) e de partilha de linhas por serviços de características diferentes (modelo de Karlsrhue, que curiosamente, dado o aumento de tráfego e consequentes dificuldades operacionais, já constrói linhas separadas).

8 – sobre a aparente cobertura e contemporização da própria Comissão Europeia ao não insistirem na implementação das interligações ferroviárias de Portugal à Europa além Espanha segundo todos os requisitos da interoperabilidade. Em face da gravidade das consequências do PFN tal como está para a socio economia, nomeadamente na falta de estímulo ao aumento das exportações para a Europa além Espanha, propõe-se a sua alteração radical fundamentalmente para convergir com os regulamentos comunitários, principalmente o que, em 2024, substituirá o 1315 e atualizará o 913 e o 1153, tanto quanto possível sem apelo a isenções,  convergindo com a política ambiental da UE e o objetivo da rede única ferroviária europeia.

II - Apreciação geral

Compreende-se a orientação geral que presidiu ao PFN de restringir os investimentos em novos sistemas e concentrar  a despesa na manutenção da rede e, no caso de novos troços como a nova linha Lisboa-Porto ou a ligação dos principais centros urbanos,  na continuidade do tipo de equipamentos e sistemas existentes, mas a experiência já tida demonstra que mesmo estas opções exigem meios e rigor no controle do planeamento que têm falhado, para além de se ter querido atingir objetivos com a recuperação de linhas projetadas ainda no século XIX sem condições de traçado energeticamente eficientes e limitadas em grande parte, para o tráfego de mercadorias, a vias únicas. No caso da nova linha Lisboa-Porto, receia-se que sejam otimistas as previsões de tempos de percurso e  da capacidade em termos de serviços dada a diversidade de destinos. Trata-se da aplicação de um conceito do tipo rede de metro a uma área extensa, com sistemática utilização de troços comuns servindo destinos diferentes. Isto é, o serviço Lisboa-Porto dependerá do bom funcionamento dos serviços para os destinos satélite. A experiência tem demonstrado que é um sistema sujeito a perturbações por avaria dos aparelhos de mudança de via sujeitos a serviço intenso, obrigando a tempos de comprovação de posição correta das agulhas e redução da velocidade  à passagem dos comboios por elas e tendo riscos por serem aparelhos de ponta.

Reitera-se a crítica de se pretender evitar o problema das duas redes, uma convencional e outra para a Alta Velocidade, que no fundo representa o receio de mudança de toda uma estrutura habituada aos equipamentos existentes (não é só a resistência à adoção da bitola UIC nos novo troços, é por exemplo a insistência em manter o CONVEL em situação de obsolescência). Não se contesta a viabilidade da rede de bitola ibérica, com material circulante de eixos variáveis para passageiros, não necessariamente propriedade da CP, nem a integração na rede ibérica de mercadorias, sujeito o corredor atlântico a atrasos em Espanha para oeste da plataforma de Vitoria, apenas se sublinha que quer em passageiros quer em mercadorias a quota da ferrovia estará limitada pelos obstáculos à ligação à rede francesa, apesar do recente compromisso francês em disponibilizar as necessárias alterações em 2030. A excessiva preocupação  em aproveitar o existente leva por exemplo a perder tempo com a concordância da Pampilhosa em lugar de avançar para a nova linha Aveiro-Viseu-fronteira espanhola. Felizmente que os técnicos dos anos 50 e 60 do século passado optaram pelos 25 kVAC, infelizmente terem sido marginalizados os técnicos da RAVE. Insiste-se na importância de cumprir o regulamento 1315 que prevê (pág.35) a ligação Aveiro-Viseu-fronteira (admite-se que o traçado mais a norte de Vilar Formoso seria mais económico por ser mais favorável em termos de pendentes até Salamanca).

Não só a ferrovia da rede existente deveria ter orçamento e gestão independentes da rodovia, como deveria ser dotada dos recursos para eficiente execução dos projetos dentro de objetivos adequados ao tipo de traçado existente, procedendo-se simultaneamente à  criação duma entidade do tipo da RAVE para coordenação do projeto e execução da nova rede interoperável TEN-T para as novas linhas de Alta Velocidade e mercadorias para integração plena na rede única europeia em estrita coordenação com Espanha de acordo com os regulamentos vinculativos comunitários e beneficiando para isso dos fundos comunitários e dispondo de orçamento e gestão independentes.

A recusa assumida pelo PFN de planear a implementação da bitola 1435 mm em articulação com Espanha e visando a integração na rede única europeia não é  aceitável em face da regulamentação comunitária para a rede única ferroviária europeia.

Estranha-se a omissão de referências ao CSOP e a possíveis soluções para pormenorização e calendarização do PFN no seguimento da consulta pública semelhantes à adotada para a definição da localização do novo aeroporto e aberta à participação pública à medida do progresso do estudo.

 

III – Apreciação da deficiente coordenação com Espanha

Não pode deixar de se estranhar a invocação pela parte portuguesa de intercomunicação estreita e concordância com os homólogos espanhóis e com a Comissão Europeia/DG MOVE em temas que contrariam os objetivos de interoperabilidade plena em 2030 das redes TEN-T, por exemplo:

-na manutenção da bitola ibérica na Galiza para serviço de passageiros, entre Ourense e Santiago e entre a Corunha e Vigo (omitindo a infração às regras da concorrência dado que apenas o fabricante Talgo produz os comboios de AV Avril de eixos variáveis),

-na quase exclusividade da bitola 1435 mm para mercadorias no corredor mediterrânico e no “Y” basco (em construção via de 3 carris para os portos das Astúrias, sem data prevista para migração para bitola 1435 mm para mercadorias na Galiza),

- na manutenção da bitola ibérica nas plataformas logísticas de Madrid, sem previsão de data para o atravessamento Norte-Sul (isto é, ligando os ramos norte e sul do corredor atlântico)  

- na ausência de previsão de data para o serviço de mercadorias em bitola 1435 mm no percurso Badajoz-Manzanares-Puertollano-Madrid (corredor atlântico sul)

- na ausência de previsão de data para o serviço de mercadorias em bitola 1435 mm no percurso fronteira portuguesa-Salamanca-Vitoria Gasteiz (corredor atlântico norte)

Porém, sendo verdade o que antecede, o governo português e a IP não querem reconhecer o imperativo  do objetivo do regulamento 1315 (em fase de revisão até 2024) de ter até 2030 as ligações ferroviárias de Portugal à rede única ferroviária europeia nem o principal argumento numa análise de custos benefícios que é o da transferência de carga rodoviária para a ferrovia da exportação além Pirineus, e que neste momento ultrapassa em valor as exportações para Espanha. Este objetivo, passível de cumprimento através do transporte de semirreboques por comboio, é especialmente vocacionado para o corredor atlântico norte, enquanto o corredor atlântico sul, sem prejuízo de servir também o tráfego de mercadorias para o centro e sul de Espanha, tem fundamentação na transferência de passageiros da via aérea Lisboa-Madrid para a ferrovia

Igualmente nada é dito  oficialmente sobre a intensificação dos contactos hispano-franceses para dinamizar as interligações ferroviárias em bitola 1435 mm.

 

IV - Comentários a algumas partes do PFN, sem a pretensão de cobrir todo o território

Pág.7 – Sem evidentemente questionar a valia do texto do ITF sobre a metodologia dos benefícios económicos alargados conforme A.J.Venables, seria curial, dada a relação com os procedimentos do financiamento pelo CEF, referir o manual das análises de custos benefícios adotada pela Comissão Europeia, “Guide to Cost-Benefit Analysis of Investment Projects, Economic appraisal tool for Cohesion Policy 2014-2020”.

Pág.8 – igualmente sem contestar a pertinência do estudo do impacto ambiental da construção de linhas de caminho de ferro de  O. Olugbenga, N. Kalyviotis, and S. Saxe, seria curial referir o estudo da UIC “Carbon Footprint of High Speed Rail “   bem como referir a comparação com os modos rodoviário e marítimo (este como emissor de compostos de enxofre, mais nocivos do que o CO2), a redução do impacto específico por ton.km ou passageiro.km com o crescimento do tráfego e a redução das emissões na construção de tuneis com recurso ao método TBM

Pág.9 – discorda-se da ausência deliberada de um planeamento global e evidentemente de deixar opções por tomar as quais fazem parte dos regulamentos comunitários que definem as redes TEN-T. Receia-se que seja um convite a adiamentos sucessivos sem controle dos tempos e apresentada a data de 2050 como de tomada de decisões que deveriam ser tomadas mais proximamente, nomeadamente pela premência da redução das emissões nas ligações Lisboa-Madrid por substituição das viagens aéreas de passageiros, e nas exportações para a Europa por transferência da carga rodoviária .

Pág.10 – como já referido, no PFN observa-se que nas áreas metropolitanas não há uma correta articulação com os transportes metropolitanos, chegando o tráfego suburbano a ocupar traçados com vocação metropolitana, de que os melhores exemplos são a pretendida ligação da linha de Cascais à linha de cintura e a duplicação do percurso por metropolitano Odivelas-Campo Grande-Sete Rios. No caso da ligação à linha de cintura concorda-se que após a quadruplicação do troço Areeiro-Braço de Prata serão possíveis 4 serviços por hora, mas como existe movimento de aparelhos de via entre serviços distintos e comprovação de segurança e limitação de velocidade , não deverá contar-se com mais do que um intervalo de 5 minutos, ou 12 comboios por hora e sentido, sobrando portanto 8 comboios por hora para o restante tráfego, com ou sem a terceira travessia do Tejo. Notar que a linha de cintura não está quadruplicada de Sete Rios para a margem sul, inserindo-se a linha de Cascais neste troço

Pág.11 – a dificuldade de eliminação nas linhas existentes das pendentes excessivas é precisamente um dos principais argumentos que fundamentam a construção de linha nova, o que deveria merecer a candidatura a fundos comunitários;

Tem-se consciência das dificuldades devidas à partilha do serviço de passageiros de Alta Velocidade e do serviço de mercadorias, nomeadamente por limitar as pendentes e exigir manutenção rigorosa e equipamento atualizado para esse efeito, mas é um fator de rentabilização da infraestrutura e de garantia de ligação interoperável à Europa além Espanha

Pág.12 – o PFN refere corretamente a interoperabilidade como objetivo da modernização de linhas existentes ou da construção de novas linhas, mas ao omitir a bitola de 1435 mm como componente da interoperabilidade e ao citar os requisitos das redes TEN-T comete uma falha grave porque precisamente o artigo 39 do regulamento 1315 – requisitos das infraestruturas ferroviárias - determina no seu parágrafo 2.a.iv  a bitola 1435 mm .  Compreende-se, mas discordando-se veementemente, que a opção do PFN seja a de restringir toda a rede à bitola ibérica (com reduzida expressão da bitola métrica), mas não parece sustentável a recusa da bitola 1435 mm com o pretexto de ser uma “questão tecnicamente complexa” (provavelmente associada à dificuldade de gestão dual, que a Espanha já demonstrou ser viável). Aliás, são reconhecidas as vantagens para as exportações portuguesas mas não parece correto fazer afirmações não sustentadas tecnicamente como a de que existem outras questões a resolver antes de se pensar na bitola 1435 mm, sem as especificar nem aos riscos associados às redes duais, e sem planear a sua resolução. Recorda-se que o custo de uma linha nova em bitola 1435 mm não difere duma linha nova em bitola ibérica. Recorda-se ainda o estudo do agrupamento europeu de interesse económico RFC4 de que a IP faz parte, e que concluiu pelas seguintes fatores de redução de custos no transporte de mercadorias de Leixões para Paris em função de cada um dos requisitos da interoperabilidade: eletrificação 25 kVAC   2%, comprimento dos comboios 740m  10%, bitola 1435 mm 7%, ERTMS  2% . Isto é, os requisitos da interoperabilidade são um conjunto que deve ser tratado como tal, sem esquecer nenhum deles.

A recusa assumida pelo PFN de planear a implementação da bitola 1435 mm em articulação com Espanha e visando a integração na rede única europeia, como aliás os regulamentos comunitários determinam, configura a negação do que um plano deve fazer, planear, e deveria ser corrigida.

Pág.14 – Aplaude-se a preocupação com a implementação do sistema ERTMS de acordo com a regulamentação comunitária na perspetiva de  uniformização (que se desejaria ver estendida a todos os requisitos da interoperabilidade, incluindo a bitola 1435 mm, para se considerar verdadeiramente integrada na rede única ferroviária europeia) mas manifesta-se alguma preocupação com a metodologia escolhida, com recurso a módulos de interface STM para instalação a bordo. Funcionalmente e do ponto de vista operacional seria mais seguro optar pela substituição do sistema CONVEL, mas esperemos que os resultados da opção sejam positivos, o que só a prazo de mais de 2 anos poderá concluir-se. Discorda-se que o aumento da capacidade do transporte de mercadorias seja justificação para o recurso a bitola ibérica na nova linha Lisboa-Porto porque, a exemplo de Espanha, as ligações a portos e a plataformas logísticas recorrem muitas vezes a vias de 3 carris para serviço simultâneo de material circulante de bitola ibérica e de bitola 1435 mm. Acresce que na compra de novo material circulante é normal incluir nas especificações a adaptação a outra bitola mediante substituição apenas dos eixos. Compreende-se a preocupação em utilizar a nova linha Lisboa-Porto para serviços regionais, mas parecerá mais importante reservá-la para passageiros e mercadorias para exportação (objetivo Lisboa-Porto rede “core” 2030; Porto-Braga-Vigo rede “extended core” 2040) 

Pág.17 – sublinha-se o reconhecimento pelo PFN das vantagens da ligação do porto de Sines ao corredor mediterrânico (o qual está a ser projetado para bitola UIC) o que só confirma a necessidade de coordenação com Espanha

Pág.19 – não se põe em causa a importância do terminal rodo ferroviário da Pampilhosa para o tráfego sul-norte-leste, mas para o tráfego norte-leste a concordância da Pampilhosa seria dispensada pela nova linha Aveiro-Viseu-Salamanca com novo terminal

Pág.20 – observa-se que a ligação Pocinho-Vila Franca das Naves poderia conjugar-se com a ligação a Bragança desistindo-se da ligação Porto-Vila Real-Bragança

Pág.21 – manifesta-se clara divergência com a afirmação que a escala ibérica é a escala natural para a prática do transporte por comboio de semirreboques. O valor superior das exportações por modo rodoviário para a Europa além Espanha relativamente ao valor exportado para Espanha justifica a preparação do  transporte dos semirreboques pelo corredor atlântico para além dos Pirineus, nomeadamente Barking no UK, Betemburg no Luxemburgo e Roterdão na Holanda, coordenando com Espanha e França as intervenções necessárias, nomeadamente o gabarit P400 em túneis,  com cofinanciamento comunitário

Pág.23 – por razões de custos operacionais discorda-se da preferência por locomotiva auxiliar em percursos de pendentes elevadas, excetuando casos em que não será razoável construir um novo troço com pendentes inferiores a 1,25%. Na respetiva análise de custos benefícios deverão contabilizar-se os custos de operação e manutenção da referida locomotiva auxiliar. Por razões de segurança, discorda-se da tração pela cauda em qualquer circunstância.

Pág.24 a 47 – sobre o transporte de passageiros de médio e longo curso, nota-se a preocupação de associar a sua evolução à coesão territorial e à proposta de ligação de 28 capitais de distrito e outros centros urbanos. A estrutura do presente parecer é a defesa de duas redes de gestão e operação independentes centrando o objetivo principal da rede de alta velocidade/mercadorias na integração na rede única ferroviária europeia. Consequentemente, nesta perspetiva, distinta do PFN proposto, a rede convencional corresponderá à rede existente (exceção do troço Évora-Badajoz) sujeita à manutenção normal e a beneficiação localizada. Adicionalmente, o desenvolvimento da rede convencional em termos de expansão futura deverá progressivamente ir adotando em novos troços a bitola 1435 mm sempre com o objetivo de abrir a sua operação a material circulante de operadores europeus, a exemplo de Espanha, e resolvendo problemas de interligação com recurso a travessas de 3 carris e não travessas bivalentes, também a exemplo de alguns locais em Espanha. Admite-se que a opção por uma ou outra perspetiva dependerá da política de coesão territorial a nível nacional e regional, e aqui tem-se o problema da regionalização e do combate á desertificação do interior. Paradoxalmente, a desertificação do interior poderá combater-se através do aumento da população concentrada em cidades do interior, equivalentes a capitais de distrito, mas eventualmente  diminuindo o número dessas cidades, isto é, reduzindo o número de pontos a ligar pelos novos troços (28 no PFN). Essas cidades teriam a responsabilidade da gestão do território adjacente segundo normas válidas em todo o território e sujeita ao controle mútuo por entidades como as CCDR, segundo os procedimentos normalizados dos sistemas de controle de qualidade. Provavelmente não será a orientação governamental que recentemente tem privilegiado a excessiva pulverização de entidades regionais, como é exemplo as novas NUT II desagregadas da AML. Em qualquer caso, a observação é a de que a rede de novos traçados deverá depender dos instrumentos jurídicos de gestão do ordenamento do território a rever pelas entidades com legalidade e capacidade para o fazer (isto é, as decisões do PFN proposto sobre novos traçados carecem duma atividade precedente). Para além das áreas de gestão territorial dependentes de cada cidade, desde a gestão florestal, agrícola ou de produção industrial, terá de se considerar a mobilidade complementar da mobilidade ferroviária  e a viabilidade da plataformas logísticas (e se há dificuldade em conseguir a sua gestão pela iniciativa privada, terá de se considerar, aliás de acordo com as normas do TFUE, a gestão por incumbentes).

Em qualquer caso, notar que o próprio regulamento 1315 (em revisão até 2024) prevê para 2030 (rede “core”), 2040 (rede “extended core”) e para 2050 (rede “comprehensive”) ligações abrangidas pelo objetivo em causa (2030: Sines-Lisboa-Aveiro-Porto-Leixões; Aveiro-Viseu-Salamanca; Lisboa-Évora-Badajoz. 2040: Porto-Vigo; Sines-Évora. 2050: Évora-Beja-Faro-Huelva). Parecerá que o PFN deveria pelo menos, ser compatibilizado com as datas previstas na revisão do regulamento 1315.

Pág.28  - reitera-se a discordância da ligação da linha de Cascais à de cintura por ser um traçado mais adequado ao metropolitano, nomeadamente pela natureza transversal da linha vermelha que poderia ser prolongada a Algés, para além da sobrecarga da linha de cintura

Pág.29 – discorda-se, para além da utilização da bitola ibérica na linha Lisboa-Porto por estar dissonante com os mapas das redes TEN-T do regulamento 1315 (em fase de revisão até 2024, não devendo ser aplicáveis as isenções admissíveis na Irlanda e na Finlandia) da ausência de elementos em termos comparativos de custos e benefícios das hipóteses de chegada a Lisboa pela margem direita ou pela margem esquerda. Idem para o serviço do novo aeroporto (ver no ANEXO I  sugestões para as acessibilidades ferroviárias em função das hipóteses de localização).

Embora estejamos já perante factos consumados com os extensos planos de remodelação das estações de Coimbra B e da Campanhã, assinala-se que o traçado mais direto ente Lisboa e o aeroporto Sá Carneiro teria um afastamento significativo da estação de Coimbra B e da estação de Campanhã, com as travessias do Mondego e do Douro mais afastadas destas estações e com ligação de metropolitano clássico ao centro de Coimbra e uma nova estação no Porto.

Pág.38 – nova linha de Trás os Montes – sem  contestar o bom nível do trabalho realizado no estudo desta nova linha, cuja mais valia seria a ligação à linha de AV da ADIF em Puebla de Sanabria, observa-se que não está prevista no mapa das redes transeuropeias TEN-T do regulamento 1315, não parecendo que as vantagens em tempo de percurso quando comparada com a linha Aveiro-Viseu-Salamanca justifiquem a alteração do mapa TEN-T.

 Pág.53 – relativamente às eventuais melhorias de interface com o metropolitano, convém esclarecer que a estação de Entrecampos da IP já tem um interface com o metropolitano pelo que não necessita da linha circular para esse efeito; quanto à linha de cintura, a vantagem de ligação a Entrecampos equivale ao interface de correspondência da atual linha de Cascais com a linha vermelha prolongada do metropolitano se o interface for bem projetado (tapetes rolantes em viaduto, protegidos da chuva, cobertos por câmaras de vigilância, agravamento da penalização de eventuais assaltantes). Sublinha-se porém a importância de concluir o interface entre a estação Roma-Areeiro da IP e a estação Areeiro do metro (em percurso protegido da chuva e acesso de nível ao átrio de bilheteiras da estação de metro, implicando rebaixamento de teto da galeria de metro), proposta aliás antiga e nunca compreendida pelos decisores. Relativamente ao interface proposto entre a estação Rossio da IP e a estação Rossio do metro (linha verde)  note-se que ele já existe através da própria linha azul do metro, dispensando, numa ótica de economia, esse interface. No entanto, caso venha a considerar-se importante a sua implementação, observa-se que por um custo eventualmente inferior a 20 milhões de euros poderá instalar-se um tapete rolante na galeria abandonada Restauradores-Rossio em cerca de 350 metros, praticando duas pequenas galerias de acesso entre os átrios das estações de metro

Págs 54 a 56 – observa-se que a seleção dos eixos diametrais que se propõem não obedeceu a estudos de procura ou à subordinação a eixos preferenciais definidos pelo PROTAML (que aliás necessita de revisão). Igualmente se parte como dado adquirido da localização da ponte da TTT Chelas-Barreiro sem considerar a necessidade de comparação de custos e benefícios de alternativas como Chelas-Montijo ou travessia em túnel Sacavém-Alcochete. É verdade que a localização do novo aeroporto condicionará a decisão, mas seria interessante que o PFN incluísse alguma avaliação comparativa, em termos de custos, da opção de ligação a Lisboa da nova linha Lisboa-Porto pela margem esquerda ou pela margem direita do Tejo. Igualmente que se atribuíssem as valências das vias na travessia (Alta velocidade, suburbano/metropolitano/ vai-vem para o novo aeroporto, regional, mercadorias).

 Se se está a estudar um plano de transportes da área metropolitana, parecerá conveniente também incluir a possibilidade do túnel misto rodo ferroviário Trafaria-Algés indispensável para o fecho de uma grande circular externa  da AML e para tráfego de mercadorias do já estudado terminal de contentores Bugio-Cova do Vapor.

Discorda-se da forma de apresentação das redes da AML nas páginas 48 ((suburbanos existentes) e 56 (suburbanos futuros) por induzirem em erro o leitor. Os traçados indicados são ligações que utilizam troços físicos comuns. São portanto gráficos de ligações, não infraestruturas físicas (vias duplas, maioritariamente). Propõe-se portanto, em complemento das representações atuais,  a representação das vias disponíveis atualmente ou as previstas pelo PFN conforme os dois esquemas seguintes:


Reitera-se a discordância relativamente à preocupação dominante de substituir ligações por ligações diametrais, não só porque a atratividade de uma rede pode conseguir-se também com interfaces de correspondência eficientes, porque uma ligação diametral põe em série troços com procura assimétrica (aproximação do centro com elevada procura seguida de afastamento com menor procura) e porque as ligações propostas não parece estarem sustentadas por estudos de viabilidade nem por diretrizes de instrumentos de gestão territorial (PNPOT, PROTs). Sublinha-se que nestes instrumentos deverá ficar clara a compatibilização das redes suburbanas e metropolitanas em função das respetivas vocações, o que não parece assegurado no PFN, quer nas áreas metropolitanas de Lisboa quer do Porto.

Reitera-se ainda a discordância com a duplicação de traçados suburbanos com linhas de metro, como por exemplo, nas páginas  44 e 55 a ligação da linha do Oeste à linha da cintura em vez do prolongamento da linha de Odivelas do metro ao Hospital Beatriz Ângelo numa primeira fase e à Malveira numa segunda fase.

Pág.65 - Na região de Coimbra reitera-se a discordância pelo recurso a BRT e no abandono da estação de Coimbra A. Independentemente dos estudos de viabilidade de traçados, o abandono desta estação configura um ato de vandalismo sobre arqueologia industrial que deixo registado. Como habitualmente, não foram divulgados estudos pormenorizados comparando o BRT com a solução LRT à superfície ou em túnel sob o largo da Portagem e assinala-se que, por razões da Física, a resistência ao rolamento dum veículo com pneus é superior à dum veículo equivalente com rodas de aço contra o carril o que se traduz num consumo específico energético superior. Adicionalmente, não foram divulgados os sistemas de controle da direção ao longo de todo o percurso do BRT o que poderá trazer problemas de segurança nos percursos sinuosos.

Pág.68 – serviço do aeroporto de Faro – ver no Anexo II  algumas hipóteses de ligações ao aeroporto de Faro

Pág.69 – apoia-se a proposta de reativação da linha do Corgo em bitola métrica para fins turísticos principalmente

Pág.70 – sugere-se o aproveitamento das plataformas das linhas desativadas para, além de ciclovias, a instalação de serviços de veículos autónomos “a pedido”


Anexos I e II ao parecer:

https://1drv.ms/w/s!Al9_rthOlbwewj7W3X3883NbAQU-?e=VsPwK2 

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Participação na consulta pública da chamada linha violeta de metro ligeiro Loures-Odivelas-Infantado

 Decorreu de 4jan2023 a 14fev2023 a consulta pública da ligação em metro ligeiro (LRT) Loures-Odivelas-Infantado.

Junto a minha participação.

A minha participação é principalmente uma reclamação por, contrariamente ao estabelecido no art.48 da Constituição da República Portuguesa, mais uma vez o traçado da linha ter sido escolhido sem discussão pública, sem que progressivamente fosse sendo informado o público dos traçados alternativos. Cito como exemplo contactos que tive desde 2019 com a Câmara de Loures sobre possíveis desenvolvimentos da rede de transporte público sem qualquer acolhimento das sugestões apresentadas. Infelizmente utilizou-se o mesmo método seguido na linha circular e no prolongamento a Alcântara de soberana ignorância das propostas do público com invocação de “não haver alternativas viáveis” mas sem apresentação dos argumentos técnicos que o sustentassem.

É também uma discordância, fundamentalmente dos critérios utilizados no estudo da nova linha, que mais uma vez, a exemplo dos anteriores, ignora o regime dos instrumentos jurídicos de gestão territorial, não integrando a linha proposta num plano de organização do território devidamente revisto  e sujeito a discussão pública, e que não seja alvo de uma adaptação apressada para pretensa compatibilização com a nova linha. Concretamente, ignora o PROTAML de 2002 que por sua vez deveria ser revisto.

Face à gravidade da reclamação e da discordância, nomeadamente pela inconstitucionalidade que as suportam, não me é possível concordar com a  aprovação do presente EIA, embora possa atestar a qualidade do trabalho feito nas especialidades especificamente ambientais, revelador de rigor e aprofundamento do estudo (lamentando-se que a própria lei desvalorize na avaliação ambiental os critérios associados à operação e à manutenção de linhas de metro, omissão que poderia ser sanada com o aperfeiçoamento da lei). 



Linha violeta LRT do metro

A minha participação é principalmente uma reclamação por, contrariamente ao estabelecido no art.48 da Constituição da República Portuguesa, mais uma vez o traçado da linha ter sido escolhido sem discussão pública, sem que progressivamente fosse sendo informado o público dos traçados alternativos. Cito como exemplo contactos que tive desde 2019 com a Câmara de Loures sobre possíveis desenvolvimentos da rede de transporte público sem qualquer acolhimento das sugestões apresentadas. Infelizmente utilizou-se o mesmo método seguido na linha circular e no prolongamento a Alcântara de soberana ignorância das propostas do público com invocação de “não haver alternativas viáveis” mas sem apresentação dos argumentos técnicos que o sustentassem.

É também uma discordância, fundamentalmente dos critérios utilizados no estudo da nova linha, que mais uma vez, a exemplo dos anteriores, ignora o regime dos instrumentos jurídicos de gestão territorial, não integrando a linha proposta num plano de organização do território devidamente revisto  e sujeito a discussão pública, e que não seja alvo de uma adaptação apressada para pretensa compatibilização com a nova linha. Concretamente, ignora o PROTAML de 2002 que por sua vez deveria ser revisto.

Face à gravidade da reclamação e da discordância, nomeadamente pela inconstitucionalidade que as suportam, não me é possível concordar com a  aprovação do presente EIA, embora possa atestar a qualidade do trabalho feito nas especialidades especificamente ambientais, revelador de rigor e aprofundamento do estudo (lamentando-se que a própria lei desvalorize na avaliação ambiental os critérios associados à operação e à manutenção de linhas de metro, omissão que poderia ser sanada com o aperfeiçoamento da lei).

Seguem-se os comentários, que nalguns casos poderão entender como sugestões, apesar do antecedente. No final do texto inseri duas ligações, uma para a regulamentação comunitária dos SUMP (Sustainable Urban Mobility Plan) e a outra para critérios de planeamento de transportes urbanos, incluindo pistas de veículos autónomos a pedido como transporte complementar.

1 – interface de correspondência com a estação de metro da linha amarela – tal como descrito, não pode considerar-se um interface mas apenas uma passagem ao ar livre de cerca de 110 m; a manter-se a localização da paragem do LRT , conviria ser subterrânea com acesso por passagem inferior à rua. Discorda-se assim da insistência em dar ênfase a esta disposição como indutor de aumento da procura e às discutíveis vantagens da linha circular (RNT, pág.48)

2 – solução mais correta, dum ponto de vista técnico e de organização do território da AML, considerando que o percurso estação de metro-Hospital B Angelo já inclui um túnel de cerca de 3 km dado o acidentado da zona,  seria a alternativa de prescindir do traçado sinuoso do LRT (5 km) e prolongar a linha amarela do metro por Ramada até ao Hospital B Angelo em 4 km. Parte do custo do adicional de 1 km de túnel seria compensado pela menos valia de encurtamento do percurso.

3 – o argumento de integração num plano de organização do território terá cobertura pensando num interface com o transporte individual captando tráfego automóvel da A8 e da A21. O projeto deveria prever a extensão futura da linha amarela para a Malveira pelo vale de Lousa e para a Ericeira ou, em alternativa, prolongar a linha amarela apenas até Fanqueiro para interface com o prolongamento da linha do Oeste  desde a Malveira e eventualmente até Sacavém pelo vale do Trancão. A dificuldade da cota elevada da estação do Hospital será facilmente eliminada com o traçado em túnel e a construção de uma ligação em funicular ou teleférico ao centro de Loures, eventualmente ao Infantado. Dada a referência no RNT pág.3 de que outras variantes foram estudadas (que não apenas relativamente ao PMO), onde podem consultar-se os respetivos estudos para conferir se estas alternativas foram estudadas, referindo-me a alternativas de traçado, sem o que a opinião pública não poderá considerar que foi escolhida a solução mais vantajosa?

4 – discorda-se da afirmação de que não houve antecedentes para o estudo de traçado (RNT pág.3) quando o próprio mapa da Secretaria de Estado de 2009, embora não tenha sido publicado em DR,  foi discutido com as câmaras municipais ainda que sem consulta pública formalizada, e inclui, para além da linha circular decidida pelo metropolitano em 2016, o prolongamento da linha amarela do metropolitano para Ramada e para Loures/Infantado. Também em 2002 o PROTAML mostra claramente na figura 11  pág.76  a proposta de uma circular externa de metro ligeiro Algés/Carnaxide-Loures-Sacavém/Expo-Santa Apolónia. Esta linha chegou a ser estudada no Metropolitano, tendo os governos da altura dela desistido, mas aquele facto fundamenta a estranheza de não ter sido reconhecido e constitui uma grave omissão que deveria ser corrigida. Entender-se-ia melhor assim o estudo da ligação estação de metro de Odivelas-Infantado se integrada naquele traçado com possibilidade de expansão futura.

5 – do ponto de vista ambiental observo que os mais de 3 km de túnel são para construção imposta pelo método NATM, o que se considera estranho, uma vez que o TBM é alimentado por energia elétrica e os perfuradores do NATM por gasóleo, além de que o rendimento do TBM pode sem esforço atingir 10m/dia e o NATM 4m/dia. A pequena extensão do túnel poderia ser contornada com  a aquisição da tuneladora por uma entidade pública e cedida em leasing ao empreiteiro. Notar que o EIA reconhece que apenas foram realizadas 29 das 73 sondagens geológicas previstas (RNT pág.42) pelo que, mesmo duvidando-se que tivessem sido encontrados terrenos adversos ao método, se estranha o condicionamento, sabendo-se que embora o prazo da encomenda seja maior, o da execução do túnel é menor

6 – no pressuposto de que qualquer intervenção na bacia da ribeira da Póvoa, rio de Loures e rio Trancão deverá ser integrada, com alargamento e consolidação das margens e criação de bacias de retenção,  num plano geral com comparticipação do Estado, das câmaras adjacentes contribuintes para a bacia e do promotor, existe a garantia que as medidas de mitigação dos riscos de inundações previstas (RNT pág.42, RS vol 2 B págs 43 e seguintes) vão passar mesmo a obra de execução, quando e com que financiamento ?

7 – reconhece-se a dificuldade de inserção duma linha de metro ligeiro na ligação estação de metro Odivelas-Infantado sem recorrer a soluções muito dispendiosas desde a reformulação da bacia hidrográfica, à utilização de um traçado mais perto da A8 em viaduto, às necessidades de expropriações, demolições e realojamentos de moradores e de instalações industriais. Reconhece-se ainda que algumas soluções encontradas são excelentes do ponto de vista técnico-económico. Os condicionamentos  porém levam a que pareça demasiado otimista a estimativa nas págs 180 e seguintes do RS vol.2A e conclusões do RS vol. 2 A para o percurso em serviço comercial de Infantado a estação de Odivelas e a redução do congestionamento automóvel. Não parece possível uma velocidade comercial na rodovia melhor que 12 km/h o que dará para aquele percurso por sentido cerca de 42 minutos. A necessidade de transbordo na estação Odivelas constitui obstáculo à transferência da camionagem para o LRT e se reformulações rodoviárias forem bem executadas acabarão, por força da lei fundamental do tráfego, por atrair mais automóveis, sendo que as ciclovias, pelos pontos de colisão com o traçado do LRT, não parecem ser a solução complementar prioritária. Previsão para a reformulação rodoviária 150 milhões de euros para as duas câmaras,  que poderá ser insuficiente a curto prazo (RNT pág.38).

8 - Seria interessante ter análises de custos benefícios comparativas com mais recurso a viadutos para além dos apenas 450 m propostos, sendo certo que o aumento da sua extensão baixará o seu custo unitário, sem esquecer os graves prejuízos da partilha de vias rodoviárias entre o LRT e o transito automóvel, incluindo tempo perdido e emissões de combustíveis.

9 – sem prejuízo de reconhecer um excelente e completo anteprojeto de instalação de via conforme RS vol.2 A  págs 51 e seguintes, observo  que por motivo das regras de contratação pública sugere-se que além da marca ou modelo se acrescente “ou funcionalmente equivalente”

10 – embora se verifique no projeto de algumas estações/paragens reserva de espaço para estacionamento, frotas de bicicletas/trotinetas partilhadas, contudo existe um modo complementar que não é experimentado neste projeto, e sobre o qual, caso o projeto esteja bem dimensionado, poderá ser uma boa solução para bairros menos povoados – pistas de veículos autónomos requisitados “on demand”.  Trata-se de uma solução de dificil implementação, mas duvida-se que os modos complementares propostos no EIA sejam suficientes para estimular a procura, especialmente quando já existem fornecedores com a tecnologia dominada.

 

Fernando Santos e Silva

 

Ligações com informação complementar:

ANEXO V da revisao de regulamentos _ SUMP_requisitos para nós urbanos
Planeamento de sistemas urbanos de transporte

 

 

 


O descarrilamento no Ohio em 3 de fevereiro de 2023, a correlação lucros-acidentes e a natureza societária dos operadores de transportes

 Defendem alguns psicólogos que nas sociedades ocidentais a parte cerebral ligada às emoções tem tendencia para a polarização (bias, viés), isto é, para isolar num problema dois polos opostos, suscitando a competição entre os elementos, enquanto nas sociedades orientais o cérebro privilegia a compatibilização entre os elementos do problema, ou seja, propondo a cooperação e a negociação. Em resumo, num lado propõe-se a dialética, no outro a síntese.

Pode ver-se na seguinte ligação uma análise da polarização e das consequências que ela pode trazer para, por exemplo, o debate político ou o debate de assuntos de interesse público, catalisados pela comunicação através da internet pública, no caso da sociedade brasileira:

https://mosqueteirasliterarias.comunidades.net/a-ciencia-explica-a-polarizacao

Para ultrapassar o problema da polarização, terá de se dar mais importância à parte racional, à utilização dos argumentos baseados em factos, com o cuidado de evitar o desvio (viés) do excesso de logicismo que o perigo dos silogismos precipitados ilustra:  se A propõe o argumento C e se B é diferente de A não quer dizer que B defenda o argumento D diferente de C nem que C e D sejam incompatíveis, apenas se pode concluir que A defende o argumento C .

Considerem-se dois casos concretos:

1 - descarrilamento de um comboio de mercadorias em East Palestine, Ohio em 3fev2023 devido à fratura dum eixo do rodado de um vagão por sobreaquecimento da caixa de rolamentos. Provável deficiência de manutenção, de monitorização em tempo real, e de excessivo número de vagões num comboio só

https://www.nytimes.com/2023/02/17/business/energy-environment/norfolk-southern-derailment-safety.html#commentsContainer

Verificando-se que nos últimos tempos as receitas e os lucros da operadora têm subido, assim como a taxa dos acidentes com os seus comboios, estabeleceu-se uma discussão sobre a correlação lucros-acidentes cuja solução poderá ser ditada pelas recomendações do relatório em elaboração pelo gabinete de investigação de acidentes, o NTSB (national transportation safety board).

2 - dado o carater mediático do problema da TAP, assiste-se a acaloradas e polarizadas discussões sobre a natureza societária das empresas de transporte. Noto que o tratado de funcionamento da União Europeia não impõe a natureza societária, apenas sublinha a necessidade de garantir o acesso às infraestruturas por operadoras certificadas, garantindo-se a concorrência. Na ligação seguinte pode ler-se uma análise muito interessante de Francisco Alves Dias, especialista de direito aéreo e espacial, relacionando a problemática dos lucros e das obrigações de serviço público:

https://www.transportesenegocios.pt/responder-a-controversias-na-gestao-do-setor-empresarial-do-estado/

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Plano Nacional para a Promoção da Acessibilidade e o estado dos elevadores do metro e da IP

 Apesar da pormenorizada legislação de defesa do direito à mobilidade das pessoas com mobilidade condicionada e da elegância com que descreve soluções (DLs 163/2006, 136/2014 e 125/2017), verifica-se a deficiente manutenção dos elevadores em estações de metro e da IP  e a ausência de meios mecânicos ou de rampas de acesso em estações, algumas das quais de tráfego elevado.

A precipitação excecional de 17dez2022 provocou avarias , por insuficiente proteção, nas casas das máquinas dos elevadores das estações de Entrecampos da IP e do metro, e de Sete Rios da IP,  que se mantêm mais de um mês depois, como se pode verificar localmente e pela consulta do estado dos elevadores no site do metro. Serão exemplos da pouca consideração que as instancias decisoras têm para com os direito das pessoas com mobilidade condicionada, invocando-se a carencia de meios financeiros. Salvo melhor opinião, a solução passaria pelo retorno da responsabilidade pela manutenção a orgãos técnicos do metro e não o recurso ao "outsourcing".  

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2023/02/noticias-do-metropolitano-em-fevereiro.html

Considerando as dificuldades financeiras do país, a própria legislação europeia prevê a possibilidade de ajuda, como aliás o PRR veio mostrar.

Infelizmente também já se verificou a dificuldade de monitorização da justeza das candidaturas e da monitorização da aplicação das verbas. No fundo, é um exemplo da dificuldade de organização e coordenação de ações concretas e eficientes num contexto em que desde há muitos anos predominam os critérios político-partidários nas estruturas e nas decisões.

A propósito do orçamento de Estado para 2020 fiz algumas propostas para instalação de elevadores nas estações de Jardim Zoológico, Entrecampos e Campo Grande, conforme se pode ver em   https://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/06/considerando-que-os-mapas-de-despesa-do.html

Apenas se instalaram, entretanto, elevadores em Entrecampos, sendo que é o elevador superfície-átrio zona não paga que se mantem avariado, conforme mostra o site do metro.

Sendo o PRR uma oportunidade para o metro deixar de incumprir a legislação nacional  e comunitária sobre a acessibilidade, deixo a sugestão que qualquer gestor de equipamentos daria perante um índice de fiabilidade tão baixo, para além da melhoria dos processos de aquisição e de manutenção: sem prejuízo do cumprimento dos objetivos funcionais, redução do número de equipamentos: 1- em vez da existencia de 2 elevadores cais-átrio zona paga, mais um elevador superfície-átrio zona não paga, instalar um elevador superfície-átrio zona não paga-cais com validadores como na estação Roma; 2 - recurso sempre que possível a rampas de acesso em substituição de elevadores.

Observo que o recurso a rampas em vez de elevadores, nomeadamente o elevador superfície-átrio zona não paga, já tinha sido sugerido para Entrecampos, mas a posição oficial é a de que estimula o vandalismo (o que poderia ser contrabalançado com a instalação de videovigilancia e o agravamento das penas dos assaltantes ou poluidores). Não consta que tenha havido problemas nas rampas circulares do centro comercial de Campo Pequeno.

sugestão de 2020 para rampas superfície-átrio zona não paga:
3 - rampa da superfície para o nível do corredor, com substituição da escada existente no lado poente
4 - idem, no lado nascente (facultativo; constituiria uma travessia subterrànea da Av.República)
5 - elevadores da IP
a rampa com o nº3 está no local origem da inundação da casa das máquinas e propõe-se agora para substituir o elevador superfície-átrio zona não paga


Junto de seguida uma atualização das sugestões para Jardim Zoológico e Campo Grande, notando que na descrição na avaliação ambiental das obras no Campo Grande, dispensáveis segundo o conceito de linha em laço ou espiral, nada consta sobre a adaptação da estação à acessibilidade de pessoas com mobilidade condicionada, contrariando assim o artigo 48 da Constituição (direito à informação e à participação em assuntos públicos).


I - Jardim Zoológico

Hipótese 1 -  2 elevadores cais-átrio zona paga  e acesso a partir da superfície por rampa





local de instalação de elevadores de planta retangular de menor dimensão perpendicular à via, com corte das escadas no mesmo sentido e eventual abertura de nicho na parede lateral para reposição das unidades de passagem


O acesso a partir da superfície poderá fazer-se a partir da rampa existente com rebaixamento do pavimento e abertura de passagem junto do elevador da estação da IP ao nível das lojas do corredor de ligação ao metro


Hipótese 2 - substituição de todos os elevadores do metro e da IP por rampas



II  - Campo Grande

Hipótese 1 - um elevador da superfície para o átrio de bilheteiras (zona não paga) e 3 elevadores da zona paga do átrio para cada um dos cais


1 - elevador superfície-átrio de bilheteiras zona não paga-cais lateral norte 
2 -elevador átrio bilheteiras zona paga-cais lateral norte (alternativa a 1 dispensando neste a ligação átrio-cais norte)
3 - elevador átrio bilheteiras zona paga-cais lateral sul
4 - elevador átrio bilheteiras zona paga-cais central no interior da torre poente com remodelação do seu interior e das salas poente ao nível do átrio de bilheteiras para instalação de corredor entre a zona paga e o elevador
5 - alternativa a 4, com abertura de passagem no pavimento do cais central


viabilidade de instalação de elevador superfície-átrio de bilheteiras zona não paga-cais lateral norte


viabilidade da instalação do elevador átrio de bilheteiras zona paga-cais lateral


Hipótese 2 - substituição de todos os elevadores por rampas


O investimento nas rampas e nas remodelações do interior da sala técnica é compensado pela economia na aquisição e manutenção dos elevadores e pela valorização da disponibilidade dos acessos


III - As restantes estações por adaptar ao PNPA

Relativamente à situação em 2020, foi também equipada com elevadores a estação Cidade Universitária (serviço do Hospital Santa Maria). 
Deverão beneficiar de intervenções prioritárias as estações:

- Alto dos Moinhos, serviço do Hospital Lusíadas

- Baixa Chiado (insuficiente a plataforma existente na escadaria do acesso da rua do Crucifixo)
     
As restantes estações não equipadas ( Martim Moniz, Intendente, Anjos, Campo Pequeno, Picoas, Laranjeiras, Praça de Espanha, Parque, Avenida) terão menor grau de prioridade, mas isso não dispensa a elaboração dos projetos de adaptação e a calendarização da sua adaptação. 
Igualmente se impõe a garantia de eficiência do sistema de monitorização em tempo real do estado de funcionamento dos elevadores e do acesso dos interessados a esta informação por meios telemáticos.

PS em 25fev2023 - Amável correspondente chamou-me a atenção que para o índice de fiabilidade baixo dos elevadores do metro contribui também um elevado grau de vandalismo. Mais uma razão para câmaras de vigilância, pese embora as preocupações da comissão de proteção de dados.




PS em 8jul2024 - Estão finalmente a funcionar os 4 elevadores na estação Campo Grande (nível superfície-átrio bilheteiras; nível bilheteiras-cais para Odivelas; nível bilheteiras-cais central; nível bilheteiras-cais para Telheiras). Evidentemente que não foram seguidas as minhas sugestões.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Demolição de um edifício em Soulac sur mer

 Recentemente foi divulgada a demolição de um edifício de apartamentos na praia de Soulac sur mer, na costa ocidental francesa perto de Bordeus:

Demolição do edifício Signal em Soulac-Sour-Mer (msn.com)



As instancias decisoras preocuparam-se em destacar a subida do nível dos mares em função do aumento da temperatura global e o paulatino avanço da linha de água sobre o referido prédio.
Não contesto, neste caso, a decisão, aliás ponderada durante algum tempo, mas questiono-me se quem autorizou a construção ignorava a subida do nível das águas. Por exemplo, o marégrafo de Cascais regista uma subida de 13 cm por 100 anos.
Mas teria sido interessante as instancias decisoras em Soulac sur mer terem estudado com um pouco mais de pormenor os métodos praticados no Japão e na Austrália, desde a construção de molhes de proteção paralelamente à linha de água, a esporões de ângulo adequado em função das correntes e dos ventos para retenção das areias, a tubagem para sucção e deposição de areias em sítios adequados. Claro que são investimentos caros, mas estudá-los não será muito caro e são elementos indispensáveis para uma decisão correta. Aliás, a autarquia poderia rentabilizar através de aluguer sazonal os investimentos.

A seta indica o prédio antes da demolição

Aparentemente, a construção de esporões com o ângulo certo permite reter uma largura                         de praia razoável



Não sendo exatamente as mesmas circunstancias, achei interessante um tribunal ter dado razão aos moradores do prédio Coutinho já demolido em Viana do Castelo, o que é natural dado que a construção do prédio tinha sido corretamente licenciado.

Também achei interessante uma referência a haver dúvidas neste momento, entre as instancias decisoras, sobre a condenação do edifício transparente, em Matosinhos, de génese igualmente correta do ponto de vista legal.

A observação que faço é que seria interessante não haver tanto fundamentalismo e fanatismo, a propósito de tanta coisa.