A correlação (ou a liberdade de Adam Smith de fumar)
Mais uma correlação.
As estatísticas do serviço nacional de sáude inglês registaram que, desde que entrou em vigor a legislação que proíbe fumar nos espaços públicos, o número de ataques cardíacos diminuiu 10% na Inglaterra e 14% na Escócia.
Trata-se de mais um exemplo do que é uma correlação.
Não é uma relação de causa e efeito.
Eu posso fumar e não será por isso que terei um ataque cardíaco, especialmente se fosse jovem (o que não é o caso).
É por isso que é difícil convencer as colegas jovens mais bonitas a deixarem de fumar.
Mas existe uma correlação positiva entre a liberdade de fumar em espaços públicos e a ocorrência de ataques cardíacos (uma análise correcta exige que se averigue se não haverá outras causas ou circunstâncias que possam ter contribuido para a diminuição dos ataques cardíacos, como, por exemplo,ter baixado o consumo de carne e de outras gorduras, ter melhorado a prática colectiva de exercícios físicos, mas a origem da notícia não fala nisso).
Lá está, a liberdade termina quando entramos no público.
Se os espaços são públicos, se a empresa é pública, parece legítimo proibir o tabaco, uma vez que a correlação parece clara.
Donde, mais valia imprimir nos maços de tabaco: suicide-se (que é um direito individual, embora talvez sujeito a indemnização do individual ao colectivo que gastou dinheiro com ele antes de se suicidar), mas sozinho (o que é um direito do colectivo).
Más notícias para os adam smithistas, que temem agora que o governo proíba as mãesinhas e os paisinhos de fumar nos automóveis quando as criancinhas lá estiverem.
Como dizia o outro, quando começa a discutir-se a liberdade, é porque já não há muita liberdade.
(Ainda há mãesinhas e paisinhos que fumam à frente dos filhos?).
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