sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Um problema de xadrez – que fazer?
Encontrei este problema de xadrez interessante, com a devida vénia ao DN.
Que devem as brancas jogar para darem mate em 3 jogadas?
Numa situação confusa, que fazer, de modo a não empatar o jogo por afogamento (ai que problema neste país, as coisas caírem num impasse, nem para trás nem para frente) nem, muito menos, deixar o adversário, as pretas, ganhar por distração das brancas (ui, que corremos o risco de andar para trás).
Como o problema é complexo (também não o resolvi em 3 jogadas) vou comentando a solução.
Inútil converter já o peão em e8.
Ou precisávamos de mais do que 3 jogadas (a ideia é reduzir o défice em 3 anos, não é?) ou deixávamos afogar o jogo porque o adversário (a crise, a divida, o défice, a troika, o que lhe quiserem chamar) convertia o peão em h1 em bispo, não podia mexer-se.
Mas e8 é de facto a casa critica, é como se fosse a capacidade produtiva e de crescimento, de autonomia alimentar, de autonomia energética e de capacidade de exportação.
Então, com calma, sem medidas tontas como pôr os trabalhadores a pagar parte da TSU às suas empresas, chegue-se a torre para f8; é um investimento para o futuro, como já se vai ver, numa altura em que temos de saber distinguir entre a gestão das contas correntes e a balança dos investimentos (estamos na Europa para ter alguns fundos que sejam reprodutivos…mas a nossa dificuldade em fazer os projetos e organizar os processos...).
Bom, o adversário lá vai converter o peão h1 em bispo, para ver se afoga o jogo (se convertesse em dama, já não tinha tempo para evitar a dama branca em e8 e o mate em c8; é como se fosse mais fácil afogar um pais com os juros e as comissões dos empréstimos, com a proibição de medidas protecionistas contra importações supérfluas ou aniquiladoras da capacidade produtiva nacional, do que um exército invasor comandado por uma dama de ferro).
Mas as brancas têm também uma boa saída. Em vez de converterem o peão e8 em dama, convertem-no em bispo (é o que eu digo há muito tempo: mais vale não ser uma grande figura, do tipo rainha, mais vale não ter uma grande produtividade, mas ter uma capacidade honesta de produzir alguma coisa, passe o irrealismo da metáfora eclesial).
O jogo não fica afogado porque a torre está escondida pelo novo bispo (será que poderíamos chamar Torgal a este bispo, para grande desgosto do ministério da defesa? E se chamarmos ministro da defesa ao rei preto?).
Então as pretas só podem jogar o seu rei para c8, onde sofre mate quando o bispo viaja até c6, cortando a casa de recuo do rei preto (eis uma chave para a renegociação das PPP: cortar as casas de recuo dos ex-ministros para as grandes empresas; denunciar o papel dos grandes escritórios de advogados e dos políticos que participaram nas negociações e que atualmente se encontram no governo ou a trabalhar para ele, que não foram só os do governo anterior que se lembraram das PPP, veja-se o caso da ponte Vasco da Gama que já vem de muito longe).
Não é interessante, este problema de xadrez?
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