Não vale a pena argumentar com vocês.
A discussão tem regras, a apresentação de argumentos e a sua análise tem de se basear em factos sem esconder outros.
Não podem ser meias verdades, tem de se alinhar o maior numero possivel de dados e testar a veracidade destes.
Não se pode generalizar sem cumprir as regras do método indutivo.
Vocês limitam-se a selecionar uma frase de impacto, teasers, como dizem os profissionais da publicidade. E daí não saem.
"Cassetes", como se dizia dantes, quando as vossas crenças neo-liberais não tinham a força que têm agora.
Não posso por isso argumentar com vocês.
Por exemplo, com a senhora deputada, ainda com umas faces rosadas bonitas, que repete no debate que a dívida pública cresceu tanto porque integrou a dívida da CP, da REFER, do Metro (disseram os seus correlegionários que a dívida do Metro já vai em 5,7 mil milhões? quando há dois anos era de 4 mil milhões? que juros são esses, senhora?). Afinal foi preciso vir a unidade de controle do Parlamento explicar que a dívida pública aumentou principalmente por causa dos juros e por causa das operações que o seu governo tem feito de venda de obrigações. Isto é, arranja dinheiro para poder dizer que o défice está contido e que tem depósitos para fazer face às despesas, mas aumenta a dívida. Sabe, senhora deputada, como se chama a este tipo de expedientes em português coloquial, não sabe?
E a outra senhora deputada tambem bonita, mas com a parte mais antipática de ostentar um ar distante, aristocrático e superior nos debates, a repetir constantemente sem ouvir os interlocutores, que o peso das exportações subiu a 40%. É verdade, mas na Irlanda subiu a 90%. E se em Portugal subiu a 40% foi porque os serviços (os tais que não eram transacionáveis, diziam antes os vossos publicitários) contribuem para o saldo positivo da balança (orgulho para o Metro, cuja associada FERCONSULT vende serviços de engenharia para a Argélia e o Brasil). Os publicitários do vosso governo têm razão, é preciso uma mdança estrutural. Mas de organização de todas as forças e de mentalidades, de processos, de trabalho em equipa, de abertura colaborativa, com o interesse nacional a sobrepor-se ao interesse do lucro e das privatizações.
Para que as exportações não dependam tanto da gasolina refinada e mais da produção industrial (investimento precisa-se, claro, não conversa sobre as maravilhas e os teasers do governo, nem a aadoração acrítica dos senhores bem postos que "explicam" ao país quais são os melhores investimentos para os fundos comunitários - a propósito, o QREN de 2007-2013 apenas aplicou menos de 15% em infraestruturas, mas apresenta-se à opinião pública a ideia que se gastou tudo em infraestruturas, meias verdades...).
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