12º congresso da ADFERSIT, em 3 e 4 de maio de 2016.
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Falhou-me o ânimo para ir ao segundo dia. Que aliás coincidia com um seminário na universidade nova sob o mesmo tema (inovação e transportes, que inovação é o que está a dar para encher a boca e os ouvidos de lugares comuns).
Fiquei desanimado, no 1º dia. As coisas andam muito pelo virtual , pelas startups, pelas inovações disruptivas, pelas competitividades (agora diz-se competividade), empreendedorismos (agora diz-se empreendorismos), automóveis driverless (agora diz-se draiverls), ...
Como sou da escola clássica tenho dificuldade em compreender os moços empreendedores das startups e incubadoras que falam, falam sem eu perceber em que é que consiste concretamente o seu negócio. Mas se ganham dinheiro ainda bem para eles.
Já percebo mais a Uber, que parece que até direciona os pedidos de transporte para proprietários de taxi clássicos. Assunto a resolver pelo senhor ministro.
Ouvi com incredulidade, sem desconsideração pelo currículo do senhor, o secretário de Estado José Mendes apregoar a "descarbonização" e a descentralização para as áreas metropolitanas e autarquias (aqui a minha desconfiança congénita lembra-se dos maus exemplos do Porto e dos riscos do clientelismo caciqueiro, de que espero Lisboa e a medinização dos transportes não venha a ser exemplo). E também desconfio dos termos usados pelo senhor secretário de Estado,"reorganização da cadeia de deslocações", e de que a sua equipa saiba exatamente o que é a "utilização dos modos adequados", ou a "intermodalidade nos planos estratégicos com financiamento comunitário", ou que tipos de frotas devem substituir as velhinhas ou insuficientes e como será o financiamento.
Mas ficámos a saber que a rede de carregadores de automóveis elétricos é para consertar e que vão ser comprados 170 automóveis elétricos para a administração pública. E claro, claro, que dá boa imagem, ciclovias é para continuar.
Só que não percebi, como sou da escola clássica, o que ele quis dizer com a orientação de inserção da internet nas infraestruturas "para trazer conetividade a elementos físicos por via virtual".
Mas tive uma agradável surpresa ao ver o carrinho sem condutor da Tula, ou elevador horizontal, feito em Coimbra, já em serviço no Hospital da Tocha, num hotel na Suiça, parece que em projeto num aeroporto de Berlim. Com rodas de borracha (não se pode querer tudo, mas o carrinho é para andar em pavimentos vulgares, com um condutor enterrado para guiamento). Ver http://www.tulait.eu/SiteEN/cars.html
Também aplaudi a intervenção de Xoan Vasquez, do Eixo Atlantico, que não se coibiu de chamar os nomes adequados aos políticos do lado de cá e do lado de lá da fronteira a quem devemos as indefinições e os "desconseguimentos" das ligações ferroviárias em bitola europeia a Madrid e à Galiza.
De uma maneira geral, neste primeiro dia, ficou-me um desencanto por não se abordar com decisão esta questão de Portugal ser uma ilha ferroviária em termos de passageiros e de mercadorias, apesar das posições corretas que a ADFERSIT tem defendido. Mas talvez não fosse essa a prioridade dos patrocinadores.
PS - Quero deixar claro que considero notável e meritório o trabalho da ADFERSIT e da sua equipa na preparação do 12ºcongresso. As críticas acima serão talvez mais dirigidas aos agentes do meio (os players, ou stakeholders, como agora se diz), o que provavelmente é compatível com a avaliação (agora diz-se assessement, ou ranking) pouco favorável que se faz aos empresários, aos decisores, aos políticos, aos métodos portugueses de organização, de trabalho de equipa, de discussão dos problemas, de planeamento, de tomada de decisões.
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