"Fui pagar a Cascais uma contribuição".
Assim começa um trecho do Livro do desassossego de Bernardo Soares, descrevendo os pensamentos de uma viagem de comboio a Cascais.
No meu caso, tive de me deslocar a uma povoação dos subúrbios de Lisboa não servida pela ferrovia.
Como não tenho a aplicação no smartphone de escolha do melhor percurso, consultei no meu PC portátil as carreiras de autocarros e escolhi uma que passa perto de casa, com intervalos de 20 minutos.
Junto da paragem da Carris, o indicador de tempo de espera, 30 minutos, valor que manteve durante alguns minutos, mas depois reduziu para 23 minutos.
Julgo que o primeiro sistema deste tipo foi instalado no Funchal, nos seus horários, no princípio dos anos 90, mas não tenho a certeza. Levou uns anos a implementar no metro porque os sistemas comerciais requerem o GPS e no túnel isso não é possível. Houve que recorrer a bases de dados alimentadas pelo sistema centralizado de comando de tráfego e pelas informações dos circuitos de via e os respetivos fabricantes não tinham o sistema desenvolvido. Em 2000 pusemos a primeira linha com indicação do tempo de espera a funcionar.
No caso da minha deslocação, deu tempo para tomar o pequeno almoço no café vizinho e voltar à paragem. O indicador mostrava 3 minutos. Mas no instante seguinte subiu para 36 minutos.
A indicação de tempo de espera é, como gostam de dizer os promotores das tecnologias a que eles chamam inovadoras e disruptivas, uma forma de partilhar a conetividade de proximidade. Levar ao "cliente" a informação.
Só que a informação só é útil se não for confusa e se não for falsa.
De modo que caminhei, como não tenho a aplicação do smartphone para chamar um taxi, um uber ou um cabify, até à praça de taxis mais próxima, onde apanhei um taxi para o destino pretendido, ao mesmo tempo que aproveitei para conversar com o motorista, sobre o tempo.
Difícil gerir uma rede de transportes, sem garantia de renovação da frota e de que a nova frota seja energeticamente eficiente.
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