Facto 1: no ano passado, o tecto falso do parlamento europeu, em Estrasburgo, abateu; não estava ninguém no hemiciclo, pelo que ninguém morreu
Facto 2: este ano ardeu parte do edifício da presidência da União Europeia, revelando incumprimento grave na utilização de materiais na sua construção
Facto 3: descobriu-se também este ano que a cobertura do parlamento europeu, para alem do colapso do tecto falso, contem materiais inflamáveis anti-regulamentares; concluiu-se que o empreiteiro executou mal o trabalho e tentou enganar o cliente
Conclusão: algo vai mal nos orgãos máximos da Eurocracia, primeiro porque as virtudes da livre concorrência conduzem muitas vezes à baixa qualidade de execução, e segundo porque os ditos órgãos máximos não o querem reconhecer. Acreditarão em regulamentos, cadernos de encargos bem feitos, projectos completos, fiscalização rigorosa.
Mas eu, que tenho pouca experiência destas coisas, mas não posso dizer que não tenho nenhuma, afirmo que só com empreiteiros honestos, profissionalmente qualificados e só razoavelmente preocupados com o lucro poderão as obras ser bem executadas.
Não peçam demais à fiscalização nem regulamentem demasiado (como eu gostaria que o Tribunal de Contas me ouvisse), nem esperem que seja possível elaborar um projecto antes do concurso sem que alguma coisa fique esquecida.
As coisas só funcionam se do lado do cliente estiver um técnico honesto e do lado do empreiteiro também; a honestidade não se decreta nem se regulamenta (nem, raciocinando por simetria, se poderá por regulamentação garantir o sucesso da luta contra a corrupção, até porque ninguém assina um recibo de luvas, tanto quanto eu saiba).
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