quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Alcantara, Alcantara
Tive de ir a Alcantara, ao IPTM.
IPTM significa Instituto Portuário e de Transportes Marítimos e é ele que nos renova, a nós marinheiros de recreio , as cartas de navegação (não seria melhor a antiga designação de marinheiros amadores? Bom, não é grave; como dizia o doce rabi, devemos ser como as criancinhas e viver o recreio em paz).
Quando cheguei perto do edifício deparou-se uma rede de vedação. O simpático segurança brasileiro que me atendeu na barraquinha do lado, a 5m de distancia da porta do IPTM informou-me que por ali não havia passagem.
Tive de contornar 200m de rede até ao edifício da Capitania, junto da Avenida de Brasília e retornar até ao IPTM por um corredor entre a rede e a doca do espanhol.
Graças à informação e à emissão prévia do requerimento de renovação pela Internet demorei 15 minutos entre a entrada e a saída.
Resta-me aguardar o envio da nova carta pelo correio.
Contraste nítido com a formalização burocrática do IMTT na loja do cidadão para renovar a carta de condução.
Mas empate na simpatia e na eficiência de todas as senhoras que me atenderam.
Isso contrasta com a situação 3 anos atrás, em que me vi grego para explicar ao senhor funcionário do IPTM que me tinham roubado a carteira com a carta de navegação dentro e que aquela certidão da PSP atestava que eu tinha participado o roubo.
Porém maior era o contraste no ambiente à volta do edifício.
Parece um episódio de guerra, com um cenário de destruição e de ocupação por destacamentos motorizados, tudo com muita poeira no ar.
O parque de estacionamento antigo ocupado agora por camiões e reboques de longo curso, filas de camiões com contentores para entrar no espaço vedado, comboios de camiões a chegar com inscrições de empresas de todos os pontos do país, de mármores, de mobiliário, de corticeiras, de laminados de madeira, de têxteis e vestuário.
Grandes extensões de terreno ocupado com pilhas de contentores, outras como terreiros sem os antigos edifícios , mas ainda com restos deles, à espera de novas construções.
O IPTM é uma ilha no território conquistado pelos generais da Liscont. E a sua tropa tem a eficiência dos soldados insectos altruístas (para quem se tenha esquecido das aulas de Ciencias da Natureza: formigas, abelhas…).
Vê-se a economia a funcionar.
O próximo comboio de vagões com contentores que cortar o transito na 24 de Julho levará tudo o que a comunidade autónoma de Madrid precisa que venha da China, e será puxado por uma locomotiva e um maquinista da Takargo (empresa de transportes ferroviários de mercadorias do mesmo grupo que explora os contentores e que já factura mais do que a CP carga).
O outro comboio da Takargo que virá em sentido contrário trará tudo o que a comunidade autónoma de Madrid precisa de vender a Angola.
É. A economia está mesmo a funcionar.
E vamos prescindir da parte do PIB que o terminal de contentores de Alcantara está a gerar para nos contentarmos com a náutica de recreio e com os pudicos passeios dos reformados dos navios de cruzeiro dos países da Europa do Norte?
Não quero isso, de facto, mas queria que fizessem a vontade aos especialistas de portos que estudaram o assunto.
Assim como não gosto que não oiçam o que digo quando sei o que digo, não gosto que não oiçam os meus colegas que sabem o que dizem.
O local do terminal de contentores é no fecho da Golada.
O senhor ministro das Finanças que faça o favor de arranjar o empréstimo que for preciso para poder construi-lo, a ele terminal na Golada, e às respectivas acessibilidades.
E se não quiser fazer esse favor que pergunte ao colega de Madrid se quer ser ele a fazer isso.
Regresso ao carro e tiro a fotografia que vêem acima.
Deliro com o reflexo do sol na superfície do Tejo porque me imagino a dar ordens ao COPCON para ir ao escritório do senhor engenheiro Jorge Coelho, intimá-lo a reunir um grupo dos seus melhores técnicos e conduzi-los a uma empresa pública. O destacamento do COPCON já tem ordens para acompanhar a casa os gestores dessa empresa pública.
Jorge Coelho e a sua equipa estão contrariados mas a força das armas fala mais forte.
Rapidamente identificam com quem podem trabalhar pedindo simplesmente aos que melhor e mais convincentemente falam que se limitem a ouvir, de preferência a uma distancia de segurança.
Trabalham com afinco para que os indicadores da empresa pública melhorem.
Isso sim seria a economia a funcionar a sério.
Mas era apenas um delírio. Pacificamente envio por telemóvel a imagem para o meu blogue e tomo o caminho da empresa pública em que não falo convincentemente.
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