Há 6 meses atrás, o senhor ministro da agricultura do governo do meu país desvalorizou o alerta duma associação do centro de Portugal, de que a praga do nemátodo do pinheiro estava a entrar na fase incontrolável.
Nos dias que correm, a mesma associação informa que a situação piorou e é necessário organizar esquemas eficazes de combate à praga.
O nemátodo é um verme microscópico e a doença propaga-se entre Abril e Outubro através de um insecto vector, o longicórneo, vagamente semelhante ao grilo.
A doença é lenta mas é sempre mortal.
A legislação em vigor, comodamente, atribui toda a responsabilidade pelas acções de combate aos proprietários.
De forma semelhante ao que faz com a limpeza dos matos.
Este espírito conduz à realidade actual: a praga saiu do controle e ameaça exterminar o pinheiro bravo.
No terreno ao lado do meu, o cadáver de um pinheiro, assinalado há 10 anos pelos serviços oficiais, já quebrado ao meio, apodrece de ano para ano, pasto do nemátodo.
Ignoro se o maldito insecto já propagou a doença a alguns pinheiros mansos do meu terreno.
Ignoro se o senhor ministro da agricultura do actual governo tem mais conhecimento desta realidade e dos meios de combate do que o seu antecessor.
Permito-me sugerir que a solução é indicar aos proprietários, nos quais me incluo, o endereço de firmas que, a preços controlados e limitados, por objectivo tabelado, combatam a praga, e que o montante dispendido pelos particulares seja deduzido ao rendimento colectável e passível de liquidação a prazo.
Não conheço nenhuma dessas firmas, o que não quer dizer que não existam.
Mas o facto de não conhecer indicia que o mercado da iniciativa privada não está a funcionar.
A teoria económica é muito clara: quando o mercado não está a funcionar e o interesse é colectivo, compete ao governo desencadear acções para responder a esse interesse.
Duvido muito que aceitem a minha sugestão, o que fortalece em mim a ideia de que a praga vai desenvolver-se ainda mais.
Se assim for, parafraseando o texto evangélico, temos de os perdoar, que não sabem o que fazem.
Maldito verme que corrompe os mecanismos de raciocínio da nossa espécie humana.
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