domingo, 17 de novembro de 2019

Brainstorming para Cais do Sodré e para Cacilhas

Antes de mais, tenho de notar que os desenhos que se mostram são mesmo um brainstorming na aceção de busca de variantes de traçado sem preocupações de viabilidade. Trata-se portanto de simples exercícios partindo de pressupostos que já foram considerados para o desenvolvimento de propostas oficiais, como o projeto da linha circular do metropolitano, por exemplo. A análise da viabilidade das variantes saídas de um brainstorming é feita numa segunda fase, que não é objeto deste texto.


1 - linha circular do metropolitano - sendo apresentada pelo governo e pela CML como objetivo de que não desistem, tem dois inconvenientes graves (para além da maior dificuldade da gestão operacional da linha e da sua menor fiabilidade quando comparada com as duas linhas independentes equivalentes):
          1.1 - o impacto visual, as dificuldades construtivas e a afetação do cais sul de Campo Grande com a construção dos novos viadutos do Campo Grande
          1.2 - as dificuldades construtivas do troço Rato-Cais do Sodré devidas às caraterísticas hidrogeológicas da colina da Estrela e dos aterros da av.24 de julho.

O primeiro inconveniente pode ser evitado realizando a exploração não como linha circular, mas como linha em laço, com os dois términos independentes (Odivelas e Telheiras). Evitar-se-ia a construção dos dois novos viadutos em Campo Grande. Esta solução tem a curiosidade de corresponder à transformação da linha circular do metro de Londres, Circle Line em linha em laço com dois términos independentes, quando do prolongamento parea Hammersmith em 2009.
Esquema da linha em laço:


O segundo inconveniente poderá ser minimizado optando por um percurso de 4 km em vez de 2km, mas de construção menos complexa e recorrendo a troços em viaduto, conforme a figura seguinte, evitando a colina da Estrela.
A verde assinala-se a linha verde existente, incluindo os términos em Rato e Cais do Sodré. O troço a seguir a uma estação em Campo de Ourique-sul poderá ser em viaduto, com estações de correspondencia em Alcantara-terra e em Alcantara-mar, afundando junto do estaleiro da rocha do conde de óbidos e entroncando com o término de Cais do Sodré junto de Santos. Embora colidindo com o traçado do coletor Cais do Sodré-Alcantara, a sua resolução será muito menos impactante do que a intervenção prevista entre a rua D.Luis I e a estação de Cais do Sodré .
Esta solução tem a vantagem de resolver simultaneamente a ligação a Alcantara, reduzindo o tempo de percurso para os utilizadores da linha de Cascais com destino à zona da avenida da Republica.




2 - Ligação a Cacilhas - As 3 figuras seguintes mostram 3 hipóteses de ligação a Cacilhas em túnel, com prolongamento da linha amarela ou da linha verde.
Em 1974, quando fui admitido no metropolitano de Lisboa, e antes do desenvolvimento do plano de expansão depois apresentado pelo consultor Siemens-Deconsult, tinha sido estudada uma ligação em túnel a Cacilhas no prolongamento de uma nova linha com origem na então projetada estação central do Rego. Abandonada a ideia da estação central no Rego (cuja justificação era também uma nova ligação ferroviária para o norte de Lisboa pelo corredor de Loures), foi também abandonada a ideia de ir a Cacilhas, (embora já no ano 1906 o eng.Melo de Matos ter proposto um túnel de  metropolitano de Lisboa para o Seixal).
Atualmente a consolidação da ãrea metropolitana de Lisboa justificará uma terceira travessia do Tejo nesta área, prevendo tráfego intermodal: o tráfego de alta velocidade/mercadorias para interligação à Europa/intercidades, o tráfego suburbano/metropolitano e, eventualmente, o tráfego rodoviário (para financiar a construção).
Essa travessia poderá ser em ponte ou em túnel, sendo que neste caso a sua localização dependerá da análise completa geotécnica dos fundos do rio (convirá que, sendo túnel, a percentagem de areia siliciosa seja significativa por razões sísmicas).
Locais a considerar para a terceira travessia multimodal:  Algés-Trafaria, Chelas-Barreiro, Chelas-Montijo, Alverca-Alcochete.

Prolongamento da linha amarela a Cacilhas, com ligação pedonal subterrânea entre uma nova estação em Cais do Sodré e a estação existente. Manutenção do término existente de Cais do Sodré



Prolongamento da linha verde a Cacilhas (inconveniente: pequeno raio da curva). Eventualmente todo o percurso de Campo de Ourique até uma nova estação terminal em Cais do Sodré em viaduto




Prolongamento da linha amarela a Cacilhas sob a forma de laço na colina da Estrela para minimizar os riscos geológicos e, através do aumento do percurso, minimizar o gradiante médio

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