Os problemas da GM
Os problemas da GM são um escândalo. Não há pachorra. A indignação cresce com o que se está a passar na GM.
Refiro-me em especial à GM alemã.
A da Opel, orgulhosa dos seus 100 anos de engenharia alemã, como diz o anuncio.
Mas nos USA e na Alemanha a engenharia está subordinada aos economistas, que conduzem alegremente as empresas ao fracasso recorrendo às técnicas de optimização dos recursos, executando o que os consultores doutrinaram e aplicando aqueles softwares de gestão que vemos anunciados nos aeroportos.
A GM/USA quer dar a GM/UK e a GM/D como hipoteca dos empréstimos para se salvar, a menos que, do governo alemão, venha um subsídio de 300 M euros.
O governo alemão ficou escandalizado. Coitado, um dos próceres do neo-liberalismo e da globalização desregulada ter de engolir isto. Ter de injectar dinheiro dos contribuintes na “privada”, como a Tatcher fez com a Chrysler/UK e a BP. Como a Alemanha sempre fez com as minas de carvão alemãs, subsidiando escandalosamente o carvão alemão (pois, se não querem energia nuclear donde é que querem que venha a energia? Não estudaram Física durante o ensino obrigatório?).
Talvez agora os economistas neo-liberais queiram que se proponha a expropriação por interesse público, e abertura de concurso internacional para concessão da fábrica, a ganhar provavelmente por um fabricante chinês (aconteceu com a Rover, depois de ter produzido o motor de melhor rendimento)?
Como poderia ser proposto na Auto Europa, se não se chegar a acordo?
Para depois, virgens ultrajadas, rasgarem as vestes e gritarem que a extrema esquerda está a ganhar força?
Talvez não, talvez não se deva propor a expropriação, talvez nos devêssemos ficar por reduzir a margem de lucro e o número de modelos fabricados (a normalização reduz os custos de produção, conforme vem nos livros de economia da era AC, antes dos consultores).
Perdoe-se-me a metáfora que me vem do anuncio de hoje da peça de Arthur Schnitzler, A menina Elsa, que a certa altura diz: “Eu, inocente, tive de me vender para salvar o meu pai, e até acabei por encontrar prazer nisso”.
A menina Elsa seria a GM/D e o pai a GM/USA.
Evoé, como dizem os brasileiros.
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