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INTRODUÇÃO
Esta história poderia ter sido escrita por Nicolau Gogol para fazer companhia à do capote de Akaky Akakievitch, se as carruagens sem cavalos, no tempo de Nicolau Gogol, fossem controladas por software.
Que tapetes seriam mais indicados, se o problema consistisse em que tapete arranjar para tudo estar bem, ou se o tapete fosse apetecível para ser roubado e se Toyota Toiotevitch corresse o risco de se ver transformado em fantasma por não conseguir que o Congresso dos USA lhe devolvesse o tapete roubado.
FOTO 1 – Se a carruagem sem cavalos não tivesse tapete, ou: a foto 1 mostra o chão do Toyota Prius, modelo de 2008, junto do banco do condutor, sem o tapete montado.
Pode ver-se a alcatifa que sela o fundo do habitáculo, deixando um fundo falso entre a alcatifa e o fundo de chapa propriamente dito.
No caso deste automóvel, vê-se em primeiro plano, à direita da foto, junto da alavanca de posicionamento do banco, a peça de plástico de fixação do tapete.
Em segundo plano vê-se um ilhó que saltou do respetivo orifício da alcatifa, com uma escala de 15 cm para comparação.
Isto é, a peça de plástico de fixação do lado direito do condutor, tracionada pelo tapete sob a pressão do seu pé direito ao abandonar o carro, arrancou o ilhó e permitiu que o tapete escorregasse para junto do acelerador.
Não houve porém, neste caso, prisão deste.
FOTO 2 – Nesta foto 2, vê-se mais em pormenor o buraco na alcatifa do lado direito do condutor, o ilhó e a escala de comparação.
Por qualquer motivo, ao ser reposto o tapete na posição correta, a peça de fixação enfiou-se pelo buraco para o fundo falso e deu algum trabalho para ser recuperada
FOTOS 3 e 4 – Pode ver-se a peça de fixação do lado esquerdo do condutor, com a ligação original da peça ao ilhó (do lado oposto ao gancho destinado a prender o tapete, um pequeno cilindro fendido, fazendo de mola e oculto pela alcatifa, prende ao ilhó).
Mostram-se duas posições para mostrar que a peça de fixação tem muitos graus de liberdade dada a flexibilidade da alcatifa
FOTO 5 – Vê-se nesta foto 5 o tapete retirado do automóvel, mostrando que o ilhó do lado esquerdo do condutor também caiu (esperemos que a Toyota não acuse os condutores de vandalismo, considerando a extrema precariedade destes sistemas de ligação alcatifa-ilhós)
FOTO 6 – O buraco sem ilhó do tapete visto de perto
Foto 7 - Recuperada do fundo falso, para onde tinha caído, a peça de fixação do tapete, considerou-se que a melhor forma de a ligar à alcatifa seria enfiar o atrás referido pequeno cilindro fendido da peça num furo praticado numa rolha de cortiça (a altura da rolha é mais ou menos a altura do fundo falso). A rolha pertenceu a uma garrafa de reserva da cooperativa da Amareleja de 2001, recomendando-se este vinho a quem queira corrigir a fixação dos tapetes Toyota
FOTO 8 – A mesma peça após a beneficiação com a ligação à rolha de cortiça, vendo-se esta no início da inserção no orifício da alcatifa. Vê-se o gancho, à esquerda da foto, onde se irá prender o ilhó do tapete do lado direito do condutor ;
FOTO 9 – Vê-se nesta foto 9 o tapete já instalado, fixado nos ganchos das duas peças de fixação
FOTO 10 – Esta foto 10 corresponde a um ensaio de simulação de enrugamento do tapete após escorregamento por colapso da peça de fixação do lado direito do condutor e subsequente prisão do acelerador em posição acelerada. Não parece muito provável, pelo menos neste modelo .
De acordo com a investigação a decorrer no Congresso dos USA com o apoio do gabinete de acidentes dos USA, verificaram-se vários acidentes com esta causa desde 2000 em oito modelos que não o Prius, sendo altamente provável que em outros acidentes de aceleração não desejada, em maior número, a causa tenha tido origem em funcionamento deficiente do software e eletrónica de comando e controle.
EPÍLOGO
Esta história termina, por hora, considerando a precariedade com que se instalam tapetes num automóvel e a investigação em curso no Congresso dos USA, com a constatação clara de que um fabricante de carruagens sem cavalos culpou durante anos os condutores seus clientes pelos seus próprios erros de projeto, incapacidade de integrar os projetos de software na compreensão global do funcionamento das carruagens e incapacidade de aceitar as críticas e as sugestões dos utilizadores das carruagens.
O que se passou foi, ao longo dos anos, ofuscado por uma perceção pela opinião pública de grande qualidade dos produtos desse fabricante de carruagens, aliás justificada do ponto de vista de engenharia mecânica (não considerando o software nem os acabamentos) e que agora vê desmascarada a sua estratégia arrogante e, conforme reconhece o seu diretor geral, com dificuldades de comunicação.
Porém, tudo acabará bem para o fabricante de carruagens, porque não podem lançar-se no desemprego os trabalhadores da Toyota e o Congresso dos USA não vai contribuir para a diminuição do PIB e o aumento do défice (não esquecer que as vantagens comparativas é que são responsáveis pela vantagem de haver fábricas japonesas nos USA e multinacionais norte americanas no Japão.
VOTO
QUE NENHUMA EMPRESA, SEJA EM QUE PONTO DO PLANETA FOR, QUEIRA QUE UMA PROCURA CEGA E SURDA DA QUALIDADE A IMPEÇA DE CORRIGIR OS SEUS ERROS.
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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Desastre na Madeira
Não vi televisão durante o sábado e a antena 2 que ouvi enquanto escrevia os últimos blogues não deu a notícia sobre as enxurradas na Madeira.
Mais uma vez a impotência perante o desastre, e desta vez foi connosco.
A sugestão do senhor presidente da Republica é de apoiar.
A engenharia militar é uma das razões por que as Forças Armadas devem ser mantidas com expressão no orçamento do Estado.
Recordo a sua atuação impecável nas enxurradas de 1997 que provocaram 13 mortes no Alentejo e no Algarve. A rápida construção de uma ponte em Tavira, que ainda funciona.
Recordo também as inundações de 1967. Uma ponte destruida numa povoação elevada, Pinteus, a Norte de Loures; gente morta em carros arrastados na estrada de Loures e em habitações precárias; a Associação do Técnico mobilizou-nos e seguimos em camionetas da Legião Portuguesa até aos locais piores, onde ajudámos com pás a desobstruir casas.
Segundo informações de meteorologistas, um dos principais fatores da precipitação excecional na Madeira foi a elevada temperatura da água do Atlântico (aumenta a corrente ascensional e a velocidade de condensação em contato com o ar frio). Outra lição que se retirou foi a necessidade do radar meteorológico para aumentar o período de previsão.
A engenharia militar poderá ajudar no estudo das condições topográficas e no levantamento das soluções corretivas (recordo que Eugénio dos Santos era capitão engenheiro militar).
Há ainda o LNEC e professores universitários da especialidade.
A CML há anos que debate com especialistas os riscos de inundações em Lisboa.
Não me agrada o “enfiamento" da ribeira de Alcântara no seu caneiro. Também na Estrada da Correia, junto da estação de metro da Pontinha a linha de água que ia dar a Sete Rios e daí ao vale de Alcântara se ocultou sob os pavimentos. Nestas coisas devíamos dar ouvidos ao senhor arquiteto Gonçalo Teles.
Há pouco tempo houve inundações em Sete Rios, culpabilizando-se a deficiente drenagem do viaduto do eixo norte-sul, que veio demonstrar a insuficiência da drenagem do próprio largo de Sete Rios.
É verdade que são situações excecionais, mas a drenagem deve estar dimensionada para a situação excecional e não para a média, mesmo que o período de ocorrência da exceção seja de 100 anos.
Mais recentemente o deslizamento de terras na CREL (insuficiência de drenagem, ausência de árvores e de estacaria para retenção dos solos, saturação dos solos com água, princípio de liquefação, deslizamento dos solos).
A experiência de deslizamentos de terras e de liquefação de solos (comportamento do solo como se fosse líquido), especialmente estudada no Japão, poderá ajudar (o indicador principal é a percentagem de argila e de areia nos solos; esta técnica teve aplicação através do LNEC no tratamento dos solos exteriores ao túnel reforçado do Metropolitano de Lisboa do Terreiro do Paço). Ainda há menos de uma semana terá ocorrido essa liquefação em Maierato, na Calábria, sul de Itália. A vertente de uma colina separou-se e deslizou centenas de metros, felizmente sem vítimas.
A questão central é portanto de ordenamento integral do território, sendo que se impõe um levantamento de todas as condições do terreno e isso exige um grande esforço inter-disciplinar, desde a topografia, ao urbanismo e ao estudo da liquefação dos solos. Não há nenhum sábio com visibilidade mediática ou muito apreciado por um decisor político que possa abarcar todas as disciplinas. Mais uma vez aqui se põe o problema do método de escolha dos “Manuel da Maia”, dos “Eugénio dos santos” e dos “Carlos Mardel” para a equipa de estudo.
Até que ponto é que não deveria tentar-se o método de apresentação de candidaturas com as propostas de coordenação inter-disciplinar?
Aguardemos, esperando também que seja aberta uma conta para contribuição para o esforço de reconstrução e de proteção futura, independentemente do apoio que é esperado da UE.
Mais uma vez a impotência perante o desastre, e desta vez foi connosco.
A sugestão do senhor presidente da Republica é de apoiar.
A engenharia militar é uma das razões por que as Forças Armadas devem ser mantidas com expressão no orçamento do Estado.
Recordo a sua atuação impecável nas enxurradas de 1997 que provocaram 13 mortes no Alentejo e no Algarve. A rápida construção de uma ponte em Tavira, que ainda funciona.
Recordo também as inundações de 1967. Uma ponte destruida numa povoação elevada, Pinteus, a Norte de Loures; gente morta em carros arrastados na estrada de Loures e em habitações precárias; a Associação do Técnico mobilizou-nos e seguimos em camionetas da Legião Portuguesa até aos locais piores, onde ajudámos com pás a desobstruir casas.
Segundo informações de meteorologistas, um dos principais fatores da precipitação excecional na Madeira foi a elevada temperatura da água do Atlântico (aumenta a corrente ascensional e a velocidade de condensação em contato com o ar frio). Outra lição que se retirou foi a necessidade do radar meteorológico para aumentar o período de previsão.
A engenharia militar poderá ajudar no estudo das condições topográficas e no levantamento das soluções corretivas (recordo que Eugénio dos Santos era capitão engenheiro militar).
Há ainda o LNEC e professores universitários da especialidade.
A CML há anos que debate com especialistas os riscos de inundações em Lisboa.
Não me agrada o “enfiamento" da ribeira de Alcântara no seu caneiro. Também na Estrada da Correia, junto da estação de metro da Pontinha a linha de água que ia dar a Sete Rios e daí ao vale de Alcântara se ocultou sob os pavimentos. Nestas coisas devíamos dar ouvidos ao senhor arquiteto Gonçalo Teles.
Há pouco tempo houve inundações em Sete Rios, culpabilizando-se a deficiente drenagem do viaduto do eixo norte-sul, que veio demonstrar a insuficiência da drenagem do próprio largo de Sete Rios.
É verdade que são situações excecionais, mas a drenagem deve estar dimensionada para a situação excecional e não para a média, mesmo que o período de ocorrência da exceção seja de 100 anos.
Mais recentemente o deslizamento de terras na CREL (insuficiência de drenagem, ausência de árvores e de estacaria para retenção dos solos, saturação dos solos com água, princípio de liquefação, deslizamento dos solos).
A experiência de deslizamentos de terras e de liquefação de solos (comportamento do solo como se fosse líquido), especialmente estudada no Japão, poderá ajudar (o indicador principal é a percentagem de argila e de areia nos solos; esta técnica teve aplicação através do LNEC no tratamento dos solos exteriores ao túnel reforçado do Metropolitano de Lisboa do Terreiro do Paço). Ainda há menos de uma semana terá ocorrido essa liquefação em Maierato, na Calábria, sul de Itália. A vertente de uma colina separou-se e deslizou centenas de metros, felizmente sem vítimas.
A questão central é portanto de ordenamento integral do território, sendo que se impõe um levantamento de todas as condições do terreno e isso exige um grande esforço inter-disciplinar, desde a topografia, ao urbanismo e ao estudo da liquefação dos solos. Não há nenhum sábio com visibilidade mediática ou muito apreciado por um decisor político que possa abarcar todas as disciplinas. Mais uma vez aqui se põe o problema do método de escolha dos “Manuel da Maia”, dos “Eugénio dos santos” e dos “Carlos Mardel” para a equipa de estudo.
Até que ponto é que não deveria tentar-se o método de apresentação de candidaturas com as propostas de coordenação inter-disciplinar?
Aguardemos, esperando também que seja aberta uma conta para contribuição para o esforço de reconstrução e de proteção futura, independentemente do apoio que é esperado da UE.
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sábado, 20 de fevereiro de 2010
O senhor Abílio
DESCRIÇÃO
O senhor Abílio terá sido um jovem com dificuldades em obedecer às regras dominantes.
Mas casou com uma rapariga, como se costuma dizer, trabalhadora.
Têm um filho que está a acabar o serviço militar nos Açores e não sabe onde encontrará emprego, mas que nos tempos livres vai fazendo serviço de segurança em discotecas, nos Açores.
Têm outro filho que também é segurança, sempre em termo incerto, nas empresas por aí, enquanto aguarda o serviço militar (não por ser obrigatório, mas porque sim).
Têm uma filha que quando pode trabalha numa cabeleireira no bairro. Digo quando pode porque tem a doença de Krone.
Todos foram alunos da minha mulher, que recorda o interesse com que a mãe ia à escola falar com os professores. Porém nem ela nem o senhor Abílio tinham estudado o suficiente para ajudar os filhos em casa. Daí o insucesso escolar.
E eu entro nesta história porque é ao senhor Abílio que compro flores para cumprir os rituais burgueses. Ele estaciona a carrinha, monta a banca no passeio e faz uns ramos de rosas muito bonitos.
Mas não conseguimos evitar, de cada vez que compro as rosas vermelhas, a doença da rapariga, e o quanto está a afetá-la psicologicamente o ter de usar fraldas. E o senhor Abílio, que nunca estudou literatura, a dizer que todos os dias perde mais um pouco da sua filha.
DESTAQUE
O que quero destacar é que temos aqui um casal que produz e contribui para o PIB, indo buscar ao produtor ou ao grande distribuidor as flores e as verduras. Compete com a multinacional que abriu uma loja na Avenida da Igreja em termos de diversidade e de serviços ao domicílio. Gasta dinheiro com a doença da filha que não tem a assistência que a doença exigiria. Não consegue resolver o problema do emprego dos filhos.
Será justo aparecerem uns fazedores de opinião a dizer que a culpa do país estar assim é de todos?
Perdão, mas os senhores gestores da coisa pública não estão a querer ver as coisas, pois não?
FECHO
O senhor Abílio e a mulher tratam de tudo o que diga respeito a flores e verduras e levam a casa (eu depois ponho o telemóvel para o caso de precisarem).
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Já não há laranjeiras na Praça de Alvalade
Estão a ver?
Isto é, estão a ver que não estão a ver?
Não estão lá as laranjeiras que estavam.
Tal como vos disse no blogue de 30 de janeiro de 2010.
Na placa central nunca houve, mas nas outras sim.
Ficou santo António sem verde à volta, de dia e de noite.
Já apresentei a reclamação na CML.
Recebi uma resposta automática a dizer que o assunto ia ser analisado e depois comunicavam.
Nada, como em muitos casos de reclamações que os senhores provedores não sabem como responder.
De modo que vou mandar segunda reclamação.
Já sei o que vão responder.
As laranjeiras tinham doença e custava muito dinheiro tratá-las.
Ou então que as laranjas apodreciam, sujavam o chão e não há dinheiro para a limpeza.
Eu acho que se deve ter muito cuidado com este argumento, não vá o povo dizer que não paga porque não tem dinheiro (quanto é que a associação de turismo de Lisboa, participada pela CML, vai exatamente gastar sem retorno com os aviões da Red Bull?).
Além disso, as laranjeiras são das árvores que melhor suportam a poda (não pode dizer-se o mesmo dos plátanos), os ramos vivos são captadores de CO2 e os ramos cortados contêm energia, são bio-massa.
Tudo argumentos obviamente de pouco valor quando comparados com a genialidade da solução estética encontrada, sem árvores.
Ou será que, como costuma dizer o senhor arquiteto Gonçalo Teles, estarão a pensar pôr naquelas placas uns penicos com uns arbustecos?
Há porem um aspeto que devo salientar.
A qualidade do pavimento rodoviário é superior ao normal.
Poderia ser um motivo de contentamento, se não revelasse, quando comparado com o desaparecimento das laranjeiras, que a primazia é a do automóvel.
O automóvel é um fator de bem estar.
Mas a verdade é que a sua predominância nas cidades é a expressão da diminuição da qualidade de vida.
É uma pena, considerados individualmente até podem ser objetos de prazer, mas em grupo e como fator primordial, são uma praga.
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Economicómio XLIV-uma situação explosiva 6
Já se pode completar o quadro dos lucros dos 5 principais bancos portugueses apresentado no blogue de 28 de janeiro de 2010, Economicómio XXXIX-situação explosiva 2.
Faltava o valor de 2009.
Os lucros foram de 1730 milhões de euros, ultrapassando ligeiramente o valor de 2008, ano da quebra do sistema financeiro norte-americano, e que foi de 1724 milhões de euros).
Quanto às principais companhias de seguros, as coisas vão pior: lucros de 12,3 milhões de euros em 2008; lucros de 9,3 milhões de euros em 2009 (não me vão mandar uma carta para casa a dizer que vão ter de aumentar os seguros, pois não?).
Considerando a situação explosiva que vivemos, como dizem os nossos gestores máximos, e o aumento das taxas e impostos aplicadas nos países estrangeiros aos bancos e sociedades financeiras, parece assim acertado fazer o mesmo em Portugal.
Mas continuo a ouvir falar pouco nisso, apesar de no Parlamento haver representação de partidos de esquerda.
E já que se fala de agentes financeiros, convirá recordar o que aprendi no filme de Michael Moore. Que o ministro das finanças (secretário do Tesouro) de Ronald Reagan era funcionario da Goldman Sachs, tal como o era Henry Paulsen, o principal autor do plano de apoio aos bancos e sociedades financeiras dos USA após a quebra de Setembro de 2008, ainda no tempo de Bush.
Como pois admirarmo-nos de que a Goldman Sachs tenha fornecido ao anterior governo grego um plano mirífico?
Reparem por favor que o negócio foi com o governo anterior, que perdeu as eleições não por ter tido um comportamento económico-financeiro irresponsável (bom, devia ser uma questão de fé a toda a prova no princípio do egoísmo benéfico de Adam Smith), mas porque não deu garantias de controlar a insegurança nas ruas.
Talvez que isto seja um indício de que os gregos sofrem de um problema semelhante ao dos portugueses, de dificuldade de comunicação e de apreensão da essência dos problemas (ou de falta de imunidade a manobras de diversão), uma vez que o governo anterior conseguiu enganar a opinião pública ocultando a irresponsabilidade do seu comportamento.
Vá lá, aumenta-se um poucochinho os impostos sobre os bancos, taxa-se também um poucochinho as contas das "off-shores" (16.000 milhões de euros, só aqueles que seguiram o caminho legal) e apoiamos todos o congelamento dos salários, ou pelo menos a indexação ao índice (passe a redundância) dos preços dos bens essenciais, alimentação, vestuário, energia e habitação incluídas.
Está bem assim?
Faltava o valor de 2009.
Os lucros foram de 1730 milhões de euros, ultrapassando ligeiramente o valor de 2008, ano da quebra do sistema financeiro norte-americano, e que foi de 1724 milhões de euros).
Quanto às principais companhias de seguros, as coisas vão pior: lucros de 12,3 milhões de euros em 2008; lucros de 9,3 milhões de euros em 2009 (não me vão mandar uma carta para casa a dizer que vão ter de aumentar os seguros, pois não?).
Considerando a situação explosiva que vivemos, como dizem os nossos gestores máximos, e o aumento das taxas e impostos aplicadas nos países estrangeiros aos bancos e sociedades financeiras, parece assim acertado fazer o mesmo em Portugal.
Mas continuo a ouvir falar pouco nisso, apesar de no Parlamento haver representação de partidos de esquerda.
E já que se fala de agentes financeiros, convirá recordar o que aprendi no filme de Michael Moore. Que o ministro das finanças (secretário do Tesouro) de Ronald Reagan era funcionario da Goldman Sachs, tal como o era Henry Paulsen, o principal autor do plano de apoio aos bancos e sociedades financeiras dos USA após a quebra de Setembro de 2008, ainda no tempo de Bush.
Como pois admirarmo-nos de que a Goldman Sachs tenha fornecido ao anterior governo grego um plano mirífico?
Reparem por favor que o negócio foi com o governo anterior, que perdeu as eleições não por ter tido um comportamento económico-financeiro irresponsável (bom, devia ser uma questão de fé a toda a prova no princípio do egoísmo benéfico de Adam Smith), mas porque não deu garantias de controlar a insegurança nas ruas.
Talvez que isto seja um indício de que os gregos sofrem de um problema semelhante ao dos portugueses, de dificuldade de comunicação e de apreensão da essência dos problemas (ou de falta de imunidade a manobras de diversão), uma vez que o governo anterior conseguiu enganar a opinião pública ocultando a irresponsabilidade do seu comportamento.
Vá lá, aumenta-se um poucochinho os impostos sobre os bancos, taxa-se também um poucochinho as contas das "off-shores" (16.000 milhões de euros, só aqueles que seguiram o caminho legal) e apoiamos todos o congelamento dos salários, ou pelo menos a indexação ao índice (passe a redundância) dos preços dos bens essenciais, alimentação, vestuário, energia e habitação incluídas.
Está bem assim?
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Ainda o acidente ferroviário na Bélgica
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Não valerá a pena dizer mais nada. É o próprio porta voz oficial dos SNCB que o diz. O sistema (train stop ou ATP? convinha confessar) só estará totalmente instalado em 2013.
Não valerá a pena, mas já se sabe, é oficial, que um maquinista ignorou um sinal vermelho (tempo de formação? idade? Situação laboral? condições de trabalho?).
Sabe-se também que o choque não foi frontal, terá sido numa agulha (o comboio suburbano que ia de Bruxelas para o sul ultrapassou o sinal vermelho (eventualmente pouco visível com a neve) e ocupou o distrito do interurbano que se dirigia para norte, para Bruxelas e Liege.
A senhora porta voz dos transportes da Comissão Europeia já veio pedir que se espere pelo resultado das investigações.
Nós esperamos, mas a senhora porta voz ignora que o debate de todos os indícios e de todas as hipóteses também é válido e útil (alguém se lembra de ver o relatório oficial com as causas e circunstâncias do descarrilamento em Madrid/Moncloa?).
Seria muito bom que mentalidades paternalistas e ordeiristas se fossem perdendo.
Não responsabilizem o maquinista, que sobreviveu, por favor, como fizeram ao maquinista de Valência (a direção do metro veio mentir depois do acidente, ao dizer que tinha feito investimentos vultosos na segurança; tinha feito investimentos, mas não na segurança da circulação dos comboios) porque qualquer técnico sabe que qualquer sistema deve criar uma situação restritiva quando isso, a ultrapassagem de um sinal vermelho, acontece. E se o sistema não se comporta assim, foi porque alguém atrasou a decisão de adquirir o train –stop ou o ATP, possivelmente com critérios de eficiência económica.
E estes atrasos custam muito a explicar aos familiares das vítimas (aceita-se que o trabalho de instalação do train-stop ou ATP em todas as motoras é extenso, e pode não haver material circulante disponível, mas já decorre desde 2005 e devem estabelecer-se prioridades).
Reproduzo o artigo de 2010-02-17:
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1496648&seccao=Europa
Acidente na Bélgica podia ter sido evitado
Hoje
Bruxelas A Comissão Europeia recusou ontem as acusações de responsabilidade pelo atraso na instalação de sistemas de travagem automática na rede ferroviária da Bélgica. Esta posição ocorre 24 horas após o choque entre dois comboios, em Hal, perto da capital belga e de que resultaram 18 vítimas mortais e 171 feridos.
As causas do acidente estão a ser investigadas quando há vozes que avançam a hipótese de que o desastre poderia ter sido evitado.
O Ministério Público de Bruxelas revelou que a equipa de peritos que já foi constituída inclui engenheiros, informáticos, especialistas em ferrovias e peritos médico-legais. Os magistrados alertaram, porém, que pode levar semanas, ou mesmo meses, até se conseguir conclusões sobre o ocorrido.
O porta-voz dos caminhos de ferro belgas (SNCB), Jochen Goovaerts, adiantou que os investigadores vão examinar as caixas negras dos dois comboios envolvidos na colisão. A análise dos registos de toda a informação técnica das viagens que os comboios fizeram poderá ajudar a deslindar a causa do acidente, sendo já conhecido que um dos maquinistas ignorou um sinal vermelho.
O administrador delegado da Infrabel - empresa que gere a rede ferroviária belga -, Luc Lallemand, disse ontem à televisão pública francófona RTBF que, a nível de segurança, a linha onde se deu o acidente está equipada com um sistema de travagem automática, mas um dos comboios envolvidos não. "Trata-se de uma caixa instalada no meio dos carris e que emite um sinal que é recebido pela locomotiva e acciona o sistema de travagem se a situação assim o obrigar", explicou.
Em 2013, o processo deverá estar concluído em todo o país, o que evitará tragédias como Hal.
Não valerá a pena dizer mais nada. É o próprio porta voz oficial dos SNCB que o diz. O sistema (train stop ou ATP? convinha confessar) só estará totalmente instalado em 2013.
Não valerá a pena, mas já se sabe, é oficial, que um maquinista ignorou um sinal vermelho (tempo de formação? idade? Situação laboral? condições de trabalho?).
Sabe-se também que o choque não foi frontal, terá sido numa agulha (o comboio suburbano que ia de Bruxelas para o sul ultrapassou o sinal vermelho (eventualmente pouco visível com a neve) e ocupou o distrito do interurbano que se dirigia para norte, para Bruxelas e Liege.
A senhora porta voz dos transportes da Comissão Europeia já veio pedir que se espere pelo resultado das investigações.
Nós esperamos, mas a senhora porta voz ignora que o debate de todos os indícios e de todas as hipóteses também é válido e útil (alguém se lembra de ver o relatório oficial com as causas e circunstâncias do descarrilamento em Madrid/Moncloa?).
Seria muito bom que mentalidades paternalistas e ordeiristas se fossem perdendo.
Não responsabilizem o maquinista, que sobreviveu, por favor, como fizeram ao maquinista de Valência (a direção do metro veio mentir depois do acidente, ao dizer que tinha feito investimentos vultosos na segurança; tinha feito investimentos, mas não na segurança da circulação dos comboios) porque qualquer técnico sabe que qualquer sistema deve criar uma situação restritiva quando isso, a ultrapassagem de um sinal vermelho, acontece. E se o sistema não se comporta assim, foi porque alguém atrasou a decisão de adquirir o train –stop ou o ATP, possivelmente com critérios de eficiência económica.
E estes atrasos custam muito a explicar aos familiares das vítimas (aceita-se que o trabalho de instalação do train-stop ou ATP em todas as motoras é extenso, e pode não haver material circulante disponível, mas já decorre desde 2005 e devem estabelecer-se prioridades).
Reproduzo o artigo de 2010-02-17:
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1496648&seccao=Europa
Acidente na Bélgica podia ter sido evitado
Hoje
Bruxelas A Comissão Europeia recusou ontem as acusações de responsabilidade pelo atraso na instalação de sistemas de travagem automática na rede ferroviária da Bélgica. Esta posição ocorre 24 horas após o choque entre dois comboios, em Hal, perto da capital belga e de que resultaram 18 vítimas mortais e 171 feridos.
As causas do acidente estão a ser investigadas quando há vozes que avançam a hipótese de que o desastre poderia ter sido evitado.
O Ministério Público de Bruxelas revelou que a equipa de peritos que já foi constituída inclui engenheiros, informáticos, especialistas em ferrovias e peritos médico-legais. Os magistrados alertaram, porém, que pode levar semanas, ou mesmo meses, até se conseguir conclusões sobre o ocorrido.
O porta-voz dos caminhos de ferro belgas (SNCB), Jochen Goovaerts, adiantou que os investigadores vão examinar as caixas negras dos dois comboios envolvidos na colisão. A análise dos registos de toda a informação técnica das viagens que os comboios fizeram poderá ajudar a deslindar a causa do acidente, sendo já conhecido que um dos maquinistas ignorou um sinal vermelho.
O administrador delegado da Infrabel - empresa que gere a rede ferroviária belga -, Luc Lallemand, disse ontem à televisão pública francófona RTBF que, a nível de segurança, a linha onde se deu o acidente está equipada com um sistema de travagem automática, mas um dos comboios envolvidos não. "Trata-se de uma caixa instalada no meio dos carris e que emite um sinal que é recebido pela locomotiva e acciona o sistema de travagem se a situação assim o obrigar", explicou.
Em 2013, o processo deverá estar concluído em todo o país, o que evitará tragédias como Hal.
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
O orçamento de estado e um soneto de José Régio
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Com a devida vénia ao jornal gratuito Metro e ao blogue cavalinho selvagem,
http://cavalinhoselvagem.blogspot.com/2010/02/soneto-de-jose-regio.html
não resisto a reproduzir o soneto de José Régio, de 1969, sobre o qual, mutatis mutandis, poderemos fazer um estudo comparativo, tendo em atenção que os deputados de agora são eleitos em eleições livres.
Faço esta observação para recordar que os outros, os biltres (6 contos seriam agora 2.100 euros …), também eram eleitos, só que em eleições não livres, porque enganavam os eleitores com coisas do género de que a guerra era precisa.
E nas eleições de 1969 até houve fiscalização (na mesa da minha freguesia estava o ator Rogério Paulo) e contaram bem os votos que entraram nas urnas.
No meu concelho, votaram no partido em que eu votei 30.000 cidadãos. No partido do senhor doutor Mário Soares votaram 9.000, e no partido do senhor doutor Marcelo Caetano votaram 150.000.
Já faz uns anitos que me habituei a ser minoritário … dentro de certos limites.
E lá vou assistindo a alguma evolução, não pequena no caso do 25 de Abril de 1974, embora esta da novela do orçamento me esteja um bocado atravessada.
Ver em Janeiro de 2010 o senhor ministro das Finanças tão triste e tão surpreendido com a evolução negativa dos números…
Fiquei surpreendido com a surpresa dele. De que estava à espera? Até eu, que sou ignorante em economia, fiz uma pequena apresentação em Novembro de 2009 em que mostrei este pequeno quadro, dizendo que assim não podia ser:
• a energia primária (petróleo, carvão, gás, electricidade) importada por Portugal é cerca de 83% do total de energia primária consumida
• 20 % da energia eléctrica consumida é importada
• quase 80% dos alimentos são importados
• a quota da factura energética (7.000 milhões de euros) no defice da balança de pagamentos de Portugal é de 60% , sendo este defice de 11%
• a quota dos transportes na factura energética é superior a 40%
Mas vamos antes ao:
Soneto (quase inédito) de José Régio, escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.
- Em memória de Aurélio Cunha Bengala
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno “sacrifício”
De trinta contos – só! – por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
_____________________
Com a devida vénia ao jornal gratuito Metro e ao blogue cavalinho selvagem,
http://cavalinhoselvagem.blogspot.com/2010/02/soneto-de-jose-regio.html
não resisto a reproduzir o soneto de José Régio, de 1969, sobre o qual, mutatis mutandis, poderemos fazer um estudo comparativo, tendo em atenção que os deputados de agora são eleitos em eleições livres.
Faço esta observação para recordar que os outros, os biltres (6 contos seriam agora 2.100 euros …), também eram eleitos, só que em eleições não livres, porque enganavam os eleitores com coisas do género de que a guerra era precisa.
E nas eleições de 1969 até houve fiscalização (na mesa da minha freguesia estava o ator Rogério Paulo) e contaram bem os votos que entraram nas urnas.
No meu concelho, votaram no partido em que eu votei 30.000 cidadãos. No partido do senhor doutor Mário Soares votaram 9.000, e no partido do senhor doutor Marcelo Caetano votaram 150.000.
Já faz uns anitos que me habituei a ser minoritário … dentro de certos limites.
E lá vou assistindo a alguma evolução, não pequena no caso do 25 de Abril de 1974, embora esta da novela do orçamento me esteja um bocado atravessada.
Ver em Janeiro de 2010 o senhor ministro das Finanças tão triste e tão surpreendido com a evolução negativa dos números…
Fiquei surpreendido com a surpresa dele. De que estava à espera? Até eu, que sou ignorante em economia, fiz uma pequena apresentação em Novembro de 2009 em que mostrei este pequeno quadro, dizendo que assim não podia ser:
• a energia primária (petróleo, carvão, gás, electricidade) importada por Portugal é cerca de 83% do total de energia primária consumida
• 20 % da energia eléctrica consumida é importada
• quase 80% dos alimentos são importados
• a quota da factura energética (7.000 milhões de euros) no defice da balança de pagamentos de Portugal é de 60% , sendo este defice de 11%
• a quota dos transportes na factura energética é superior a 40%
Mas vamos antes ao:
Soneto (quase inédito) de José Régio, escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.
- Em memória de Aurélio Cunha Bengala
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno “sacrifício”
De trinta contos – só! – por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
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O Kosovo independente
Fico mais uma vez surpreendido por ler um editorial no DN que eu próprio poderia subscrever.
Diz o DN que o reconhecimento internacional do Kosovo violou o acordo internacional de Ialta de 1945 (e eu acrescento, a ata internacional de Helsinquia de 1975)que estabeleceu que as fronteiras de um país só podem ser alteradas com o seu próprio acordo.
Quanto mais não fosse, para evitar os nacionalismos bacocos.
Como eu ainda me lembro do que li na comunicação social portuguesa a justificar o reconhecimento (com declarações graves e cheias de sentido de estado de ilustres detentores de altos cargos, para os quais aliás foram eleitos) lá vou concluindo que se mantem válida a regra: é possível a comunicação social enganar muita gente (que aliás elege os tais ilustres detentores de altos cargos) durante muito tempo, mas a própria comunicação social se encarregará de desfazer o engano, mais cedo ou mais tarde (lembram-se das armas de destruição maciça dos 4 dos Açores e da respetiva violação do direito internacional?).
Enfim, continuemos.
Diz o DN que o reconhecimento internacional do Kosovo violou o acordo internacional de Ialta de 1945 (e eu acrescento, a ata internacional de Helsinquia de 1975)que estabeleceu que as fronteiras de um país só podem ser alteradas com o seu próprio acordo.
Quanto mais não fosse, para evitar os nacionalismos bacocos.
Como eu ainda me lembro do que li na comunicação social portuguesa a justificar o reconhecimento (com declarações graves e cheias de sentido de estado de ilustres detentores de altos cargos, para os quais aliás foram eleitos) lá vou concluindo que se mantem válida a regra: é possível a comunicação social enganar muita gente (que aliás elege os tais ilustres detentores de altos cargos) durante muito tempo, mas a própria comunicação social se encarregará de desfazer o engano, mais cedo ou mais tarde (lembram-se das armas de destruição maciça dos 4 dos Açores e da respetiva violação do direito internacional?).
Enfim, continuemos.
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Colisão de comboios na Bélgica em 15FEV10
O transporte ferroviário continua a ser seguro. Mas devemos tentar tudo para evitar acidentes como o de 15 de fevereiro de 2010. Aconteceu junto da orgulhosa sede da CE. No calor emotivo um colega nosso da SNCB afirmou aos jornalistas que um dos comboios não dispunha de "train stop".
Na zona do acidente (Buizingen - Halle, a 15 km a SW de Bruxelas)coexistem 3 vias duplas, uma das quais o TGV Paris-Bruxelas-Amesterdam, com zonas de agulhas, que são as zonas mais perigosas.
A colisão ocorreu na linha que serve o tráfego suburbano (um dos comboios no sentido Bruxelas-Braine le Comte, a 30km de Bruxelas) e interurbano (o outro comboio ligava Quievrain, perto de Mons, no sul da Bélgica, a Liège, a Leste, passando por Bruxelas).
Vamos ter de aguardar a investigação, condicionada pela conclusão da busca de corpos e vestígios e pela limpeza e verificação da segurança das vias.
Porém, se o desabafo do nosso colega belga corresponde à verdade - repito se - será extremamente grave, porque um sistema de sinalização ferroviária permite a exploração de redes complicadas e sobrecarregadas como esta (será sempre preferível separar e afastar os modos de transporte diferente, suburbano do regional, TGV do interurbano, não só por razões de segurança mas para flexibilidade e garantis dos horários de exploração). Mas tem de ser completada com sistemas de "train-stop" e de controle automático das velocidades (ATP). Também podem avariar, mas tendem a colocar o sistema em situação de maior segurança desde que se apliquem os procedimentos excecionais para essas situações de avaria.
Se se confirmar a ausencia do "train-stop" e do ATP, não venham, por favor, responsabilizar o maquinista que passou pelo sinal vermelho ou apagado. Responsabilize-se quem for responsável por essa presumível ausencia.
Que não terá sido o nosso colega do desabafo.
Outra questão associada aos acidentes ferroviários que convinha debater é a pressão no sentido da liberalização dos operadores a que estão sujeitos os operadores nacionais tradicionais, dentro dos critérios da livre concorrência em que alguns deputados europeus insistem.
Estando a lidar com questões de segurança é preciso prudencia pra analisar esta questão, ligada também aos indicadores de performance que os operadores nacionais se esforçam por melhor, como a economia de recursos humanos, por exemplo, o que pode não ser bom para a segurança.
Aguardemos entretanto.
Na zona do acidente (Buizingen - Halle, a 15 km a SW de Bruxelas)coexistem 3 vias duplas, uma das quais o TGV Paris-Bruxelas-Amesterdam, com zonas de agulhas, que são as zonas mais perigosas.
A colisão ocorreu na linha que serve o tráfego suburbano (um dos comboios no sentido Bruxelas-Braine le Comte, a 30km de Bruxelas) e interurbano (o outro comboio ligava Quievrain, perto de Mons, no sul da Bélgica, a Liège, a Leste, passando por Bruxelas).
Vamos ter de aguardar a investigação, condicionada pela conclusão da busca de corpos e vestígios e pela limpeza e verificação da segurança das vias.
Porém, se o desabafo do nosso colega belga corresponde à verdade - repito se - será extremamente grave, porque um sistema de sinalização ferroviária permite a exploração de redes complicadas e sobrecarregadas como esta (será sempre preferível separar e afastar os modos de transporte diferente, suburbano do regional, TGV do interurbano, não só por razões de segurança mas para flexibilidade e garantis dos horários de exploração). Mas tem de ser completada com sistemas de "train-stop" e de controle automático das velocidades (ATP). Também podem avariar, mas tendem a colocar o sistema em situação de maior segurança desde que se apliquem os procedimentos excecionais para essas situações de avaria.
Se se confirmar a ausencia do "train-stop" e do ATP, não venham, por favor, responsabilizar o maquinista que passou pelo sinal vermelho ou apagado. Responsabilize-se quem for responsável por essa presumível ausencia.
Que não terá sido o nosso colega do desabafo.
Outra questão associada aos acidentes ferroviários que convinha debater é a pressão no sentido da liberalização dos operadores a que estão sujeitos os operadores nacionais tradicionais, dentro dos critérios da livre concorrência em que alguns deputados europeus insistem.
Estando a lidar com questões de segurança é preciso prudencia pra analisar esta questão, ligada também aos indicadores de performance que os operadores nacionais se esforçam por melhor, como a economia de recursos humanos, por exemplo, o que pode não ser bom para a segurança.
Aguardemos entretanto.
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acidentes ferroviários
Securitarium III - Ainda a questão da avioneta (ver o blogue de domingo,14 de Fevereiro sobre a psiquiatria)
Com a devida vénia, o DN de hoje dá voz ao senhor diretor do OSCOT que, sobre a possibilidade de atentados por estes meios, afirma:
"É um problema muito grave que temos e já existe desde sempre", salientou, esclarecendo que "tem que ver com a Administração Interna". Na sua opinião, "tem de se reflectir sobre o assunto e tomar medidas o mais rápido possível. É indispensável o controlo dos aeroportos, mesmo os secundários e até alguns em zonas rurais, onde pode aterrar e descolar qualquer aeronave para práticas ilícitas".
Ver todo o artigo em:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1496068
Sem querer discutir as capacidades da Força Aérea e da NAV para detetar voos irregulares, mas continuando a achar que mais vale prevenir do que remediar, o que me parece de destacar aqui é a afirmação de que esta prevenção é um assunto do Ministério da Administração Interna (neste momento, a Scotland Yard utiliza métodos estatísticos de análise de movimentos de contas bancárias para identificar eventuais coincidências com os padrões típicos da movimentação de contas de autores de atentados anteriores; evidentemente que existem outros padrões desagradáveis para quem esteja habituado a utilizar contas “off-shore” e que venha dizer que isto é contra os direitos humanos, mas compreende-se) e:
O Ministério da Administração Interna disse que era com o INAC e:
O INAC disse que era com o MAI.
Eu aprendi na empresa onde fiz a minha vida profissional, graças a bons exemplos, que tentei retransmitir às novas gerações (apenas com êxito parcial, infelizmente), que, quando não é connosco e os outros dizem que também não é com eles, que o melhor é tentar dar uma ajuda e encontrar uma solução para resolver o assunto concreto.
É por isso que, como cidadão contribuinte, discordo da postura do MAI.
Poderá não ser com ele, mas, como diz o OSCOT, faça o favor de resolver o assunto concreto (prevenção de utilização indevida de avionetas) e, já agora, também agradecia a prevenção, pondo as causas e as circunstancias a descoberto, claro (desemprego de nacionais e de imigrantes, insucesso escolar, deficiente cobertura sanitária incluindo a psiquiátrica, insuficiência de recursos da polícia e GNR) dos assaltos a pessoas de idade (senhora de 86 anos assaltada em Castro Marim) e a turistas no Algarve.
"É um problema muito grave que temos e já existe desde sempre", salientou, esclarecendo que "tem que ver com a Administração Interna". Na sua opinião, "tem de se reflectir sobre o assunto e tomar medidas o mais rápido possível. É indispensável o controlo dos aeroportos, mesmo os secundários e até alguns em zonas rurais, onde pode aterrar e descolar qualquer aeronave para práticas ilícitas".
Ver todo o artigo em:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1496068
Sem querer discutir as capacidades da Força Aérea e da NAV para detetar voos irregulares, mas continuando a achar que mais vale prevenir do que remediar, o que me parece de destacar aqui é a afirmação de que esta prevenção é um assunto do Ministério da Administração Interna (neste momento, a Scotland Yard utiliza métodos estatísticos de análise de movimentos de contas bancárias para identificar eventuais coincidências com os padrões típicos da movimentação de contas de autores de atentados anteriores; evidentemente que existem outros padrões desagradáveis para quem esteja habituado a utilizar contas “off-shore” e que venha dizer que isto é contra os direitos humanos, mas compreende-se) e:
O Ministério da Administração Interna disse que era com o INAC e:
O INAC disse que era com o MAI.
Eu aprendi na empresa onde fiz a minha vida profissional, graças a bons exemplos, que tentei retransmitir às novas gerações (apenas com êxito parcial, infelizmente), que, quando não é connosco e os outros dizem que também não é com eles, que o melhor é tentar dar uma ajuda e encontrar uma solução para resolver o assunto concreto.
É por isso que, como cidadão contribuinte, discordo da postura do MAI.
Poderá não ser com ele, mas, como diz o OSCOT, faça o favor de resolver o assunto concreto (prevenção de utilização indevida de avionetas) e, já agora, também agradecia a prevenção, pondo as causas e as circunstancias a descoberto, claro (desemprego de nacionais e de imigrantes, insucesso escolar, deficiente cobertura sanitária incluindo a psiquiátrica, insuficiência de recursos da polícia e GNR) dos assaltos a pessoas de idade (senhora de 86 anos assaltada em Castro Marim) e a turistas no Algarve.
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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Almoço na esplanada da Gulbenkian I - a minha primeira vez
Quem diria que a conversa animada dos dois, na esplanada do restaurante do Museu e biblioteca de arte da Gulbenkian, tratava um tema destes.
As moças americanas, provavelmente de um estado do interior, que já foram ao museu dos coches e agora cumprem uma pequena estadia em Portugal para ver se haverá alguma hipótese de rentabilizar para a sua universidade uma investigação sobre uns especiais documentos da Torre do Tombo que já começaram a ser investigados pelos especialistas americanos, estarão longe de perceber o tema da conversa.
Nem o casal de investigadores de arte alemães, esses já mais calmos quanto aos problemas do financiamento, porque estão em fim de carreira.
Eu, já passado o cabo que marcou o fim da minha carreira (perdoará o leitor a liberdade literária; ainda não cheguei ao fim de carreira, embora esteja muito perto, nem o meu interlocutor fez tudo o que eu lhe ponho na boca; nem este blogue é auto-biográfico, nem o interlocutor poderá ser acusado de ter feito o que não fez e talvez exista só na minha imaginação; perdoe-se-me a liberdade literária, a que qualquer um tem direito) e o meu interlocutor, esforçado técnico numa empresa de transportes, a poucos meses de pedir a reforma, relembrávamos as nossas primeiras vezes.
Perante, como disse, a impassividade das moças americanas que soltavam abundantes “Oh my God” de cada vez que o acompanhante português tentava ensinar-lhes uma palavra portuguesa, e a circunspeção do casal alemão.
Falávamos das primeiras vezes que nos tinham pedido algo de concreto para fazer nas nossas carreiras.
O meu interlocutor, de auto-estima ainda bem viva, recordou o seu primeiro trabalho numa empresa de montagem de equipamentos de telecomunicações.
Fora iniciado, nessa sua primeira vez, pela estatística. Cabia-lhe testar, por amostragem, o fabrico dos componentes que iriam integrar o telefone que a empresa vendia, em doses industriais, aos CTT . Tempos idos, em que havia uma empresa de telecomunicações diretamente dependente do Estado e sobre esse assunto estávamos arrumados e o tarifário, muito simples de compreender, também; esta questão das empresas de telecomunicações, como as outras, de energia, das águas, de qualquer serviço de interesse público, por configurar o conceito de “externalidades”, tem muito que se lhe diga, e não poderemos limitar-nos à discussão dos monopólios e da melhoria da oferta em função da concorrência – isto era já o meu amigo interlocutor a perorar, antes de explicar o que fazia com as amostragens.
- Os serralheiros ficavam desconfiados quando eu lhes dizia que tinham de melhorar o fabrico porque o número de parafusos recusados nas amostras tinha aumentado, mas as pequenas da montagem agradeciam, porque assim eu evitava que fossem os aparelhos recusados por o disco não voltar para trás como devia ser (saudades dos marcadores de disco, a emitir impulsos à medida que retomava a posição de repouso). Eram as maravilhas da estatística. Para a primeira vez que produzi trabalho, correu muito bem, com muitas caras bonitas pelo meio.
- Bem, no meu caso não havia ainda muitas caras bonitas, mas a Dona Manuela, pequenina e lourinha, no seu tempo devia ter sido uma estampa. E a estatística é mesmo difícil. Por um lado precisamos dela e por outro vem-nos complicar muitas vezes a vida. É uma questão de sabermos interpretar bem os sinais.
- E aí entra a questão da iliteracia dos portugueses em matemática. Como diz o relatório do PISA (programme for international students assessment - programa internacional para a avaliaçao dos estudantes, da OCDE) , a maioria das nossas crianças falha na apreensão dos conceitos matemáticos. E o grave é que, mesmo aqueles que não abandonam a escola, e aqueles que concluem cursos técnicos, continuam a demonstrar pela vida fora sérias lacunas de compreensão da estatística. Imagina que lá na minha empresa fica tudo embasbacado com o sistema de registo de avarias e de reparações. Como está tudo informatizado, tudo ligado em rede, o serviço que pede a reparação faz o seu registo, sem saber, claro a causa real, o serviço reparador é acionado imediatamente pela sua ligação à rede mas, se por qualquer motivo a reparação não é feita dentro do prazo pré-definido, o sistema automaticamente dá a avaria por reparada e exige um novo pedido para reparação pelo serviço de origem. Vai daí a estatística que sai automaticamente do sistema vem com os melhores indicadores possíveis, para impressionar favoravelmente os administradores, que acham que eu sou embirrento e retrógrado. E o pior é que as causas ficam a maior parte das vezes no tinteiro, ou melhor, no servidor virtual.
- Deixa-te lá de lamentações e deixa-me contar a minha primeira vez. Entrei um mês antes do 25 de Abril de 74 e estava marcada uma greve. Ilegal naquela altura, claro. O colega que conduziu o processo da minha admissão, e que eu aliás muito admiro, do ponto de vista profissional e pessoal, pediu-me para estudar uma fórmula para a revisão do sistema de avaliação, que era uma das questões na origem da greve.
- Mas isso não tem nada com as equações de Maxwell nem de Heaviside. Tem pouco que ver com a eletrotecnia.
- Pois tem, mas se calhar ele queria testar-me, queria ver se podia contar comigo mesmo que pedisse uma coisa mais ao lado, e podia ser que ganhasse um motivo de concórdia com o sindicato (tempos idos, só havia um sindicato, mas isso é outra questão também muito complexa). De modo que ainda pensei em aplicar uma escala logaritmica, mas acabei por ficar-me por uma equação do primeiro grau, com parâmetros dependentes duma tabela de antiguidade, de assiduidade, de impressão dos subordinados, de impressão dos laterais, de avaliação dos superiores hierárquicos, da complexidade técnica da função, das habilitações literárias, etc, etc…mas de redução simples à equação simples.
- E?
- E fui muito felicitado. A Dona Manuela especialmente, talvez por eu ser novinho e do género intelectual, gabou-me muito a capacidade matemática (é outra coisa que temos muito em Portugal, a fama que damos às pessoas que se destacam numa especialidade é dada por pessoas que não são muito fortes nessa especialidade). Não sei se terá sido por isso que o companheiro dela me olhava sempre de esguelha.
- Mas a fórmula foi aplicada? Se a Maria de Lurdes Rodrigues soubesse que tu tinhas essa experiencia toda em sistemas de avaliação tinha-te mandado chamar.
- A Maria de Lurdes Rodrigues e os seus secretários mandaram-me dar uma volta, acharam que eles é que tinham a revelação da solução para acabar com o insucesso escolar. Viu-se no que deu. Mas ninguém acabou por ligar à fórmula, embora toda a gente a achasse bem. No fundo, talvez achassem a equação de primeiro grau demasiado complicada. Mas também não havia hipótese, com o 25 de Abril apareceram muitos “adesivos”, que era como o Machado dos Santos chamava aos republicanos que apareceram de repente como republicanos, e os assuntos tratados foram outros.
- Não estás a queixar-te do PREC, pois não?
- Claro que não, o PREC na minha empresa foi um período extraordinário. Os comboios não pararam um dia que fosse, e o pessoal comportou-se com entusiasmo. Colmatámos o bloqueio que os países evoluídos e democratas nos fizeram. Fabricámos peças de serralharia, montámos pastilhas de tungsténio para fazermos contactos, fabricámos placas eletrónicas de circuito impresso, montámos circuitos internos de televisão, em 1975, ingenuamente pensámos que íamos fazer uma RATP, uma régie de operador único (ai que lá vem a conversa dos monopólios outra vez). Foi bom, esse tempo, eu chegava a casa e ia a correr para a televisão ver as notícias do PREC… mas lá que houve muitos “adesivos”, houve.
- Pois é, agora dizem que a autoridade metropolitana dos transportes resolve isso.
- É a vez dos decisores serem ingénuos. Não resolve.
- Bom, já recordámos as nossas primeiras vezes. O que me preocupa agora é a frustração e a desilusão com que saio da vida ativa.
- Lá estás tu a queixares-te. Não te fica bem, numa altura de desemprego e de défice nacional como esta. Tu teres a tua vida resolvida e tanta gente em baixo.
- Por isso mesmo. O que se passa na minha empresa é o espelho de todas, ou pelo menos quase todas as empresas do país. Imagina que há anos que preparei tudo para se comprarem uns tapetes de borracha sintética para se porem debaixo das travessas dos carris para ver se calamos as reclamações dos moradores mais próximos duma zona crítica, que não conseguem dormir com as vibrações que se propagem pela estrutura do prédio. Pois os meus simpáticos colegas a quem eu pedi para resolver isto embrulharam tudo, deixaram passar os prazos para as aquisições, lembraram-se de pedir levantamentos topográficos, o que é muito bom para atrasar ainda mais, e ainda não está o problema resolvido. Espero que a DECO não nos ponha um processo em cima.
- Está bem, mas o problema agora já não é teu.
-Vês? Já estás como os outros. É um problema dos cidadãos, de cidadania, de cultura duma empresa, de espírito de comunidade.
- Que linguagem tão “démodé”.
- Pois é, nós também somos “démodés”. Quem toma decisões lá na empresa também acha isso. Leu num jornal que agora há uns sistemas automáticos que funcionam sem pessoal, foi lá ver e mandou desligar o nosso, que estava desatualizado por precisar de pessoal, embora os princípios de funcionamento e de segurança fossem os mesmos. Não me deu ouvidos. Agora temos o serviço à moda ainda mais antiga e não se prevêem melhoras.
Já nos tinham levado os tabuleiros da mesa, já tínhamos tomado café. Levantámo-nos e despedimo-nos, não sem antes combinarmos a continuação da conversa sobre o que faz um técnico quando falta um mês para se reformar.
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As moças americanas, provavelmente de um estado do interior, que já foram ao museu dos coches e agora cumprem uma pequena estadia em Portugal para ver se haverá alguma hipótese de rentabilizar para a sua universidade uma investigação sobre uns especiais documentos da Torre do Tombo que já começaram a ser investigados pelos especialistas americanos, estarão longe de perceber o tema da conversa.
Nem o casal de investigadores de arte alemães, esses já mais calmos quanto aos problemas do financiamento, porque estão em fim de carreira.
Eu, já passado o cabo que marcou o fim da minha carreira (perdoará o leitor a liberdade literária; ainda não cheguei ao fim de carreira, embora esteja muito perto, nem o meu interlocutor fez tudo o que eu lhe ponho na boca; nem este blogue é auto-biográfico, nem o interlocutor poderá ser acusado de ter feito o que não fez e talvez exista só na minha imaginação; perdoe-se-me a liberdade literária, a que qualquer um tem direito) e o meu interlocutor, esforçado técnico numa empresa de transportes, a poucos meses de pedir a reforma, relembrávamos as nossas primeiras vezes.
Perante, como disse, a impassividade das moças americanas que soltavam abundantes “Oh my God” de cada vez que o acompanhante português tentava ensinar-lhes uma palavra portuguesa, e a circunspeção do casal alemão.
Falávamos das primeiras vezes que nos tinham pedido algo de concreto para fazer nas nossas carreiras.
O meu interlocutor, de auto-estima ainda bem viva, recordou o seu primeiro trabalho numa empresa de montagem de equipamentos de telecomunicações.
Fora iniciado, nessa sua primeira vez, pela estatística. Cabia-lhe testar, por amostragem, o fabrico dos componentes que iriam integrar o telefone que a empresa vendia, em doses industriais, aos CTT . Tempos idos, em que havia uma empresa de telecomunicações diretamente dependente do Estado e sobre esse assunto estávamos arrumados e o tarifário, muito simples de compreender, também; esta questão das empresas de telecomunicações, como as outras, de energia, das águas, de qualquer serviço de interesse público, por configurar o conceito de “externalidades”, tem muito que se lhe diga, e não poderemos limitar-nos à discussão dos monopólios e da melhoria da oferta em função da concorrência – isto era já o meu amigo interlocutor a perorar, antes de explicar o que fazia com as amostragens.
- Os serralheiros ficavam desconfiados quando eu lhes dizia que tinham de melhorar o fabrico porque o número de parafusos recusados nas amostras tinha aumentado, mas as pequenas da montagem agradeciam, porque assim eu evitava que fossem os aparelhos recusados por o disco não voltar para trás como devia ser (saudades dos marcadores de disco, a emitir impulsos à medida que retomava a posição de repouso). Eram as maravilhas da estatística. Para a primeira vez que produzi trabalho, correu muito bem, com muitas caras bonitas pelo meio.
- Bem, no meu caso não havia ainda muitas caras bonitas, mas a Dona Manuela, pequenina e lourinha, no seu tempo devia ter sido uma estampa. E a estatística é mesmo difícil. Por um lado precisamos dela e por outro vem-nos complicar muitas vezes a vida. É uma questão de sabermos interpretar bem os sinais.
- E aí entra a questão da iliteracia dos portugueses em matemática. Como diz o relatório do PISA (programme for international students assessment - programa internacional para a avaliaçao dos estudantes, da OCDE) , a maioria das nossas crianças falha na apreensão dos conceitos matemáticos. E o grave é que, mesmo aqueles que não abandonam a escola, e aqueles que concluem cursos técnicos, continuam a demonstrar pela vida fora sérias lacunas de compreensão da estatística. Imagina que lá na minha empresa fica tudo embasbacado com o sistema de registo de avarias e de reparações. Como está tudo informatizado, tudo ligado em rede, o serviço que pede a reparação faz o seu registo, sem saber, claro a causa real, o serviço reparador é acionado imediatamente pela sua ligação à rede mas, se por qualquer motivo a reparação não é feita dentro do prazo pré-definido, o sistema automaticamente dá a avaria por reparada e exige um novo pedido para reparação pelo serviço de origem. Vai daí a estatística que sai automaticamente do sistema vem com os melhores indicadores possíveis, para impressionar favoravelmente os administradores, que acham que eu sou embirrento e retrógrado. E o pior é que as causas ficam a maior parte das vezes no tinteiro, ou melhor, no servidor virtual.
- Deixa-te lá de lamentações e deixa-me contar a minha primeira vez. Entrei um mês antes do 25 de Abril de 74 e estava marcada uma greve. Ilegal naquela altura, claro. O colega que conduziu o processo da minha admissão, e que eu aliás muito admiro, do ponto de vista profissional e pessoal, pediu-me para estudar uma fórmula para a revisão do sistema de avaliação, que era uma das questões na origem da greve.
- Mas isso não tem nada com as equações de Maxwell nem de Heaviside. Tem pouco que ver com a eletrotecnia.
- Pois tem, mas se calhar ele queria testar-me, queria ver se podia contar comigo mesmo que pedisse uma coisa mais ao lado, e podia ser que ganhasse um motivo de concórdia com o sindicato (tempos idos, só havia um sindicato, mas isso é outra questão também muito complexa). De modo que ainda pensei em aplicar uma escala logaritmica, mas acabei por ficar-me por uma equação do primeiro grau, com parâmetros dependentes duma tabela de antiguidade, de assiduidade, de impressão dos subordinados, de impressão dos laterais, de avaliação dos superiores hierárquicos, da complexidade técnica da função, das habilitações literárias, etc, etc…mas de redução simples à equação simples.
- E?
- E fui muito felicitado. A Dona Manuela especialmente, talvez por eu ser novinho e do género intelectual, gabou-me muito a capacidade matemática (é outra coisa que temos muito em Portugal, a fama que damos às pessoas que se destacam numa especialidade é dada por pessoas que não são muito fortes nessa especialidade). Não sei se terá sido por isso que o companheiro dela me olhava sempre de esguelha.
- Mas a fórmula foi aplicada? Se a Maria de Lurdes Rodrigues soubesse que tu tinhas essa experiencia toda em sistemas de avaliação tinha-te mandado chamar.
- A Maria de Lurdes Rodrigues e os seus secretários mandaram-me dar uma volta, acharam que eles é que tinham a revelação da solução para acabar com o insucesso escolar. Viu-se no que deu. Mas ninguém acabou por ligar à fórmula, embora toda a gente a achasse bem. No fundo, talvez achassem a equação de primeiro grau demasiado complicada. Mas também não havia hipótese, com o 25 de Abril apareceram muitos “adesivos”, que era como o Machado dos Santos chamava aos republicanos que apareceram de repente como republicanos, e os assuntos tratados foram outros.
- Não estás a queixar-te do PREC, pois não?
- Claro que não, o PREC na minha empresa foi um período extraordinário. Os comboios não pararam um dia que fosse, e o pessoal comportou-se com entusiasmo. Colmatámos o bloqueio que os países evoluídos e democratas nos fizeram. Fabricámos peças de serralharia, montámos pastilhas de tungsténio para fazermos contactos, fabricámos placas eletrónicas de circuito impresso, montámos circuitos internos de televisão, em 1975, ingenuamente pensámos que íamos fazer uma RATP, uma régie de operador único (ai que lá vem a conversa dos monopólios outra vez). Foi bom, esse tempo, eu chegava a casa e ia a correr para a televisão ver as notícias do PREC… mas lá que houve muitos “adesivos”, houve.
- Pois é, agora dizem que a autoridade metropolitana dos transportes resolve isso.
- É a vez dos decisores serem ingénuos. Não resolve.
- Bom, já recordámos as nossas primeiras vezes. O que me preocupa agora é a frustração e a desilusão com que saio da vida ativa.
- Lá estás tu a queixares-te. Não te fica bem, numa altura de desemprego e de défice nacional como esta. Tu teres a tua vida resolvida e tanta gente em baixo.
- Por isso mesmo. O que se passa na minha empresa é o espelho de todas, ou pelo menos quase todas as empresas do país. Imagina que há anos que preparei tudo para se comprarem uns tapetes de borracha sintética para se porem debaixo das travessas dos carris para ver se calamos as reclamações dos moradores mais próximos duma zona crítica, que não conseguem dormir com as vibrações que se propagem pela estrutura do prédio. Pois os meus simpáticos colegas a quem eu pedi para resolver isto embrulharam tudo, deixaram passar os prazos para as aquisições, lembraram-se de pedir levantamentos topográficos, o que é muito bom para atrasar ainda mais, e ainda não está o problema resolvido. Espero que a DECO não nos ponha um processo em cima.
- Está bem, mas o problema agora já não é teu.
-Vês? Já estás como os outros. É um problema dos cidadãos, de cidadania, de cultura duma empresa, de espírito de comunidade.
- Que linguagem tão “démodé”.
- Pois é, nós também somos “démodés”. Quem toma decisões lá na empresa também acha isso. Leu num jornal que agora há uns sistemas automáticos que funcionam sem pessoal, foi lá ver e mandou desligar o nosso, que estava desatualizado por precisar de pessoal, embora os princípios de funcionamento e de segurança fossem os mesmos. Não me deu ouvidos. Agora temos o serviço à moda ainda mais antiga e não se prevêem melhoras.
Já nos tinham levado os tabuleiros da mesa, já tínhamos tomado café. Levantámo-nos e despedimo-nos, não sem antes combinarmos a continuação da conversa sobre o que faz um técnico quando falta um mês para se reformar.
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domingo, 14 de fevereiro de 2010
O DN e a guerra do Afeganistão
Coisa estranha.
Leio no DN um editorial em que se fala da guerra do Afeganistão.
Leio e releio, e concluo que eu poderia subscrevê-lo.
As coisas estão mesmo más e eu espero que o presidente Obama compreenda o problema e analise com capacidade crítica o que os generais dizem.
Se o DN diz o mesmo que eu, em lugar de "explicar" que o terrorismo tem de se combater (combate-se melhor o terrorismo negociando a situação do que bombardeando com drones)...
É porque talvez a guerra não seja mesmo solução.
Leio no DN um editorial em que se fala da guerra do Afeganistão.
Leio e releio, e concluo que eu poderia subscrevê-lo.
As coisas estão mesmo más e eu espero que o presidente Obama compreenda o problema e analise com capacidade crítica o que os generais dizem.
Se o DN diz o mesmo que eu, em lugar de "explicar" que o terrorismo tem de se combater (combate-se melhor o terrorismo negociando a situação do que bombardeando com drones)...
É porque talvez a guerra não seja mesmo solução.
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Economicómio XLIII – uma situação explosiva 5
Retomo o tema da situação explosiva, especialmente a nº1 (as dívidas - ver blogue de 4 de Janeiro de 2010) e a nº4 (previsão da evolução da dívida nacional – ver blogue de 28 de Janeiro).
Vou citar economistas credenciados.
ENTREVISTA DO PRESIDENTE DO BCP
O senhor presidente do BCP afirmou (e eu acredito) que é muito mais difícil fazer crescer o PIB do que controlar o défice e a dívida.
Será caso para dizer, então porque não controlamos?
Talvez porque achemos maioritariamente bem que os portugueses tenham, em 2009, comprado 161.000 automóveis ligeiros, o que dará aproximadamente 2.415.000.000 euros.
Leram bem, são à volta de 2,4 mil milhões de euros. Admitindo que um automóvel ligeiro se amortiza em 5 anos e que tem uma manutenção de 5%, temos que o sistema de transporte individual custa aos cidadãos cerca de 5 milhões de euros por ano, EXCLUINDO OS RESTANTES CUSTOS DE OPERAÇÃO (VULGO, COMBUSTÍVEIS).
Deveríamos comparar com os custos dos sistemas de transporte coletivo.
A um ignorante como eu de economia, custa a aceitar que os economistas que nos dirigem não reconheçam na compra de automóveis ligeiros um caso de viver acima das capacidades. No entanto, é um excelente exemplo do que se pode fazer para alimentar receitas fiscais e para demonstrar a teoria da vantagem comparativa de David Ricardo em 1817 (estou a ir outra vez ao Economia para todos, de David Moss) .
TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA
A teoria da vantagem comparativa diz que não vale a pena perdermos tempo a projetar e fabricar automóveis (eu escrevi projetar e fabricar, não escrevi só fabricar, para não criticar a Auto Europa de Palmela) , coisa em que outros são muito bons, mas devemos em troca vendermos-lhes as coisas em que somos bons (desde os jogos para telemóvel do senhor professor António Câmara, até aos vinhos, cortiça, moldes de plástico, sapatos, T-shirts, medicamentos,sol do Algarve e castelos do Alentejo). E assim o PIB dos outros aumenta e o nosso também.
Conclusão, nada a opor a que se comprem os 161.000 automóveis (menos do que em 2008), desde que se exporte mais.
Devia ser a isto que o senhor presidente do BCP se referia.
Lá está, depois vêm os economistas (que produzem relatórios) dizer que só com o aumento da produtividade, quando me parecia melhor, a mim que tenho dificuldade em produzir relatórios, produzir as grandes quantidades de bom vinho e bom calçado.
ENTREVISTA DO DR JOÃO SALGUEIRO
O segundo economista credenciado que queria citar é o senhor doutor João Salgueiro, antigo ministro, que numa entrevista ao DN diz mais ou menos a mesma coisa que David Ricardo e a sua vantagem, e, tanto quanto me lembre, diz pela primeira uma coisa que se deve fazer em concreto.
DESAFIO AOS PORTUGUESES
Diz que se deve fazer listas do que podemos fazer, nós portugueses, neste campo da vantagem comparativa.
Esta ideia de fazer listas está na origem, por exemplo, do micro-crédito, dos bancos de tempo, das lojas de arranjos de roupa, de reparação de sapatos, da criação de cavalos na Quinta da Curraleira e dos rebanhos a atravessar a estancia de turismo (não é sinal de subdesenvolvimento, como diziam os provincianos do tempo das vacas gordas, é sustentabilidade, como dizem os provincianos de agora), apanhar ramos de árvores trazidos à praia e fabricar objetos decorativos (ver acima a foto do estudo prévio na praia) ou de utilidade, como candeeiros rústicos, cabides, … é o princípio da economia de subsistência, de difícil convivência com a fixação das prioridades em ter um carrinho novo e que acelere muito. E que os economistas oficiais têm muita dificuldade em compreender, porque não a deviam perseguir, deviam aprender com ela, e depois façam os acertos fiscais.
Ou podiam adotar uma postura mais interventiva, como falei no blogue de 8 de Junho de 2009 (ver em:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2009/06/o-pensamento-portugues-xxxix-o-mosteiro.html ), a propósito de uma quinta do Estado, à moda das Vinhas da Ira de John Steinbeck, em Seiça.
Ou perder complexos e acreditar nas estatísticas das cooperativas e unidades de produção que registaram atuações produtivas na reforma agrária (eu sei que muitos economistas não acreditam que tivesse havido intervenções produtivas, ou não querem acreditar, ou acham que a única intervenção produtiva foi a venda de louça da companhia das Índias aos burgueses de Lisboa, ou ficariam com problemas de auto-estima se se rendessem à evidencia, mas que houve produção de bens alimentares em condições de rentabilidade, houve) e … reativá-las nas zonas em que a terra permaneceu abandonada após o fim da reforma agrária…
DESAFIO AOS ESTRANGEIROS
E o senhor doutor João Salgueiro, comentando as dificuldades burocráticas em Portugal lançou o desafio: como convencer estrangeiros a investir em Portugal?
Ora, dentro da tal vantagem comparativa, podemos deixar os reformados do centro e do norte da Europa estacionar no inverno as suas auto-caravanas nos parques de estacionamento das nossas praias para que eles comprem o pãozinho fresco e as verduras nos supermercados da vila (ver as fotos das auto-caravanas no parque de estacionamento; em chegando ao Verão voltarão à terra, que os verões na Europa do norte são aprazíveis; esperemos que não venha um sacerdote do templo expulsá-los porque faria muito mal à economia da vila). Ou, voltando ao blogue de 8 de Junho de 2008, a propósito do exemplo do fluviário de Mora, descer um pouco mais para sul e aproveitar a Torre de Brotas (ver em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_das_%C3%81guias )
pousada para os senhores feudais do tempo de D.Manuel I repousarem das caçadas, classificada como monumento nacional e desgraçadamente se degradando, quando podia ser um espaço turístico.
Ou ouvir o que têm para dizer o casal, ele sueco e ela canadiana, que se estabeleceram no Alentejo a fabricar mosaicos hidráulicos decorativos.
Em tudo isto parece que a estrutura decisória deste país se dispersa nos seus mecanismos auto-bloqueantes…e que todos nós continuamos com grande dificuldade de nos organizarmos em equipas.
a continuar …quanto mais não seja para ver se percebo se é mesmo mais fácil controlar as dívidas e o défice do que o PIB.
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Psicorium I - Outra questão de transportes, a psiquiatria
Talvez ficcionemos se atribuirmos ao sequestrador da avioneta que se suicidou em Tires e intenção de precipitá-la sobre Lisboa, no centro político do país.
Mas não foram ficção casos semelhantes que ocorreram em Washington, com avionetas e o Pentágono.
Donde, temos aqui mais um problema de transporte aéreo e de segurança em cuja prevenção deve entrar a psiquiatria.
O pobre senhor, com formação militar, não conseguia esconder os indícios das suas psicoses e da sua doença psicológica.
O facto de qualquer um poder ser vítima de um acidente destes justifica estarmos perante uma “externalidade” (que é o palavrão inventado pelos economistas para designar aquilo de que não tenho culpa, mas cujos efeitos sofro e cuja solução tem custos que vou ter de pagar, tudo sem hipótese para as leis do mercado).
Imaginemos uma questão análoga, uma série de suicídios em estações de caminho de ferro.
A empresa afetada tem o direito de reclamar e de tentar intervir nas causas que deram origem a essa série de suicídios, nomeadamente ausência de um serviço nacional de saúde que detete, acompanhe, sinalize e proponha medidas de solução.
As doenças psiquiátricas são doenças como as outras. Ninguém compreenderia que, se houvesse uma epidemia de constipações, essa empresa de transportes não tomasse medidas de prevenção, isto é, de ataque das causas antes da manifestação dos efeitos.
E é por isso que não estou a propor um Big Brother de vigilância do estado psicológico de cada um .
Estou a afirmar que o estado geral da sociedade e os pormenores do seu funcionamento induzem comportamentos desviantes do equilíbrio psicológico que ao fim de uns tempos dão efeitos como o da avioneta caída em Tires, ou se me permitem, como a violencia doméstica, a criminalidade , os comportamentos de risco determinantes da sinistralidade rodoviária.
Os recentes casos de suicídios na principal empresa de telecomunicações francesa vieram lançar esta luz sobre o problema.
Psicólogo de empresa é função para desenvolver, nomeadamente na sua vertente sociológica.
A psicologia ajudaria a compreender melhor o fracasso das empresas, as baixas taxas de assiduidade e de produtividade, a dificuldade de entendimento entre uns e outros e do trabalho de equipa, até onde o poder detido aos vários níveis pode afetar quem o exerce (mais uma razão para o partilhar…).
A psiquiatria ajudaria a propor soluções.
Que podem não coincidir com as orientações politicas dominantes.
Que, elas mesmo, as políticas dominantes, podem resultar da vontade expressa das próprias vítimas da ausência da Psicologia nas comunidades e nas empresas e, pior do que isso, vítimas das causas que dão origem à sua condição de vítimas.
Por tudo isto, resolvi comprar o livro da senhora Joana Amaral Dias, Maníacos de qualidade (portugueses célebres na consulta com uma psicóloga), ed.Esfera dos livros. E assim se interpretam os factos históricos, alguns omitidos pelas versões tradicionais, mostrando a influencia da psiquiatria. D.Afonso VI, vítima de meningite em criança, era simplesmente psicopata com perturbações anti-sociais, o marquês de Pombal paranóico (descontemos a modernidade do senhor), Antero do Quental sofria de doença bipolar, Fernando Pessoa tinha consciência das próprias neuro patologias…
Sendo assim, não estou a pedir demais que aumentemos a presença da Psiquiatria nas empresas, para tratarmos os problemas das motivações das pessoas, do relacionamento entre elas, das movimentações para acesso ao poder, etc, etc…como dizem os gurus da gestão, o capital humano é o mais precioso…
Sugiro que leiam (e comentem):
http://www.lexpress.fr/actualite/sciences/sante/suicides-mode-d-emploi_495386.html
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Mas não foram ficção casos semelhantes que ocorreram em Washington, com avionetas e o Pentágono.
Donde, temos aqui mais um problema de transporte aéreo e de segurança em cuja prevenção deve entrar a psiquiatria.
O pobre senhor, com formação militar, não conseguia esconder os indícios das suas psicoses e da sua doença psicológica.
O facto de qualquer um poder ser vítima de um acidente destes justifica estarmos perante uma “externalidade” (que é o palavrão inventado pelos economistas para designar aquilo de que não tenho culpa, mas cujos efeitos sofro e cuja solução tem custos que vou ter de pagar, tudo sem hipótese para as leis do mercado).
Imaginemos uma questão análoga, uma série de suicídios em estações de caminho de ferro.
A empresa afetada tem o direito de reclamar e de tentar intervir nas causas que deram origem a essa série de suicídios, nomeadamente ausência de um serviço nacional de saúde que detete, acompanhe, sinalize e proponha medidas de solução.
As doenças psiquiátricas são doenças como as outras. Ninguém compreenderia que, se houvesse uma epidemia de constipações, essa empresa de transportes não tomasse medidas de prevenção, isto é, de ataque das causas antes da manifestação dos efeitos.
E é por isso que não estou a propor um Big Brother de vigilância do estado psicológico de cada um .
Estou a afirmar que o estado geral da sociedade e os pormenores do seu funcionamento induzem comportamentos desviantes do equilíbrio psicológico que ao fim de uns tempos dão efeitos como o da avioneta caída em Tires, ou se me permitem, como a violencia doméstica, a criminalidade , os comportamentos de risco determinantes da sinistralidade rodoviária.
Os recentes casos de suicídios na principal empresa de telecomunicações francesa vieram lançar esta luz sobre o problema.
Psicólogo de empresa é função para desenvolver, nomeadamente na sua vertente sociológica.
A psicologia ajudaria a compreender melhor o fracasso das empresas, as baixas taxas de assiduidade e de produtividade, a dificuldade de entendimento entre uns e outros e do trabalho de equipa, até onde o poder detido aos vários níveis pode afetar quem o exerce (mais uma razão para o partilhar…).
A psiquiatria ajudaria a propor soluções.
Que podem não coincidir com as orientações politicas dominantes.
Que, elas mesmo, as políticas dominantes, podem resultar da vontade expressa das próprias vítimas da ausência da Psicologia nas comunidades e nas empresas e, pior do que isso, vítimas das causas que dão origem à sua condição de vítimas.
Por tudo isto, resolvi comprar o livro da senhora Joana Amaral Dias, Maníacos de qualidade (portugueses célebres na consulta com uma psicóloga), ed.Esfera dos livros. E assim se interpretam os factos históricos, alguns omitidos pelas versões tradicionais, mostrando a influencia da psiquiatria. D.Afonso VI, vítima de meningite em criança, era simplesmente psicopata com perturbações anti-sociais, o marquês de Pombal paranóico (descontemos a modernidade do senhor), Antero do Quental sofria de doença bipolar, Fernando Pessoa tinha consciência das próprias neuro patologias…
Sendo assim, não estou a pedir demais que aumentemos a presença da Psiquiatria nas empresas, para tratarmos os problemas das motivações das pessoas, do relacionamento entre elas, das movimentações para acesso ao poder, etc, etc…como dizem os gurus da gestão, o capital humano é o mais precioso…
Sugiro que leiam (e comentem):
http://www.lexpress.fr/actualite/sciences/sante/suicides-mode-d-emploi_495386.html
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Uma questão de transportes – a natalidade e a mortalidade
'
Falham-nos os dados.
Mas parece que os operadores transportam menos passageiros. Digo parece porque as estatísticas não são fiáveis e aguardam-se inquéritos que o sejam.
E também parece que o número de produtores diminui. Aqueles cujo esforço contribui para as atividades reprodutivas do PIB. Pelo menos , oficialmente, diminui a população ativa e cresce o número de desempregados.
Até os imigrantes nos abandonam.
Graças às expetativas, que dizia Keynes que era uma das forças da economia, ou por falta delas, a idade em que a espécie humana se reproduz está a subir.
Pelo menos no nosso país.
Estes são os números com a evolução da natalidade e da mortalidade em Portugal:
Em 2006:
105 000 nascimentos
102 000 mortes
Em 2009 (extrapolação com base nos números do 1º semestre e dos valores relaqtivos entre o 2º e o 1º semestres em anos anteriores):
99 000 nascimentos
108 000 mortes
Até os imigrantes, além dos emigrantes, nos abandonam.
Assim temos um problema nos operadores de transportes. Falta de passageiros a prazo.
Nascem menos portugueses, morrem mais portugueses (alguém mentiu, quando falou em aumentar a expetativa de vida, a menos que esteja a morrer gente cada vez mais jovem, nas estradas, na dependência das drogas; está a morrer mais gente, de ano para ano ).
Talvez por isso alguém se lembrou da conta de 200 euros para cada recem-nascido.
Pode ser que as ideias adam smithistas venham a estar certas, mas por enquanto não estão, e estamos a degradar-nos.
Porém, pode ser que aconteça como na sinistralidade rodoviária e na criminalidade.
Compõem-se as estatísticas para o senhor ministro tranquilizar as populações.
Estes números deixam-me profundamente indignado.
Não apenas pelo falhanço na saúde (mais um direito universal do Homem adiado no nosso país).
Mas pelo que significa, em qualquer espécie biológica à superfície da terra, a diminuição da natalidade e o balanço negativo da população: o falhanço assumido do percurso da comunidade.
Até os imigrantes nos abandonam, quando deviam chegar e misturar-se connosco, quando deviam encher as nossas escolas com os seus filhos (oiço a minha mulher dizer: as alunas cabo-verdianas e angolanas são lindas e trabalhadoras, os miúdos indianos são espertos, têm muito jeito para a matemática e são muito ajuizados, as meninas ucranianas são a disciplina em pessoa, o miúdo chinês é um companheirão). Temos aqui um factor de produção quase de graça, só é preciso dar-lhes professores (não com as regras da ex-ministra, claro). Não é o que dizem os gurus da gestão de recursos humanos, que eles são o capital maior?
Falham-nos aqui também os dados, mas parece que o número de alunos das escolas públicas não sobe, enquanto os paisinhos presurosos, sempre que podem, levam os seus filhinhos para as escolas privadas, que fazem o seu negócio, mas onde também parece que o numero de alunos não cresce.
Como diz a estátua da Liberdade,
“Give me your tired, your poor,
Your huddled masses yearning to breathe free,
The wretched refuse of your teeming shore.
Send these, the homeless, tempest-tossed to me,
I lift my lamp beside the golden door!"
(Tragam-me as vossas massas de gente exausta, pobre
e confusa, ansiando por respirar em liberdade,
os desgraçados rejeitados pelos vossos países.
Enviem-me esses, os sem abrigo e os desalojados pela tempestade.
Eu os guiarei com a minha tocha.)
Era desses e dessas, e dos filhos e filhas desses e dessas, que nós precisávamos, para ver se nos organizávamos melhor em equipa, mas não segundo o padrão adam smithista, por favor, mais segundo o “Bill of rights”, que alguma vez há-de ser aplicado.
Falham-nos os dados.
Mas parece que os operadores transportam menos passageiros. Digo parece porque as estatísticas não são fiáveis e aguardam-se inquéritos que o sejam.
E também parece que o número de produtores diminui. Aqueles cujo esforço contribui para as atividades reprodutivas do PIB. Pelo menos , oficialmente, diminui a população ativa e cresce o número de desempregados.
Até os imigrantes nos abandonam.
Graças às expetativas, que dizia Keynes que era uma das forças da economia, ou por falta delas, a idade em que a espécie humana se reproduz está a subir.
Pelo menos no nosso país.
Estes são os números com a evolução da natalidade e da mortalidade em Portugal:
Em 2006:
105 000 nascimentos
102 000 mortes
Em 2009 (extrapolação com base nos números do 1º semestre e dos valores relaqtivos entre o 2º e o 1º semestres em anos anteriores):
99 000 nascimentos
108 000 mortes
Até os imigrantes, além dos emigrantes, nos abandonam.
Assim temos um problema nos operadores de transportes. Falta de passageiros a prazo.
Nascem menos portugueses, morrem mais portugueses (alguém mentiu, quando falou em aumentar a expetativa de vida, a menos que esteja a morrer gente cada vez mais jovem, nas estradas, na dependência das drogas; está a morrer mais gente, de ano para ano ).
Talvez por isso alguém se lembrou da conta de 200 euros para cada recem-nascido.
Pode ser que as ideias adam smithistas venham a estar certas, mas por enquanto não estão, e estamos a degradar-nos.
Porém, pode ser que aconteça como na sinistralidade rodoviária e na criminalidade.
Compõem-se as estatísticas para o senhor ministro tranquilizar as populações.
Estes números deixam-me profundamente indignado.
Não apenas pelo falhanço na saúde (mais um direito universal do Homem adiado no nosso país).
Mas pelo que significa, em qualquer espécie biológica à superfície da terra, a diminuição da natalidade e o balanço negativo da população: o falhanço assumido do percurso da comunidade.
Até os imigrantes nos abandonam, quando deviam chegar e misturar-se connosco, quando deviam encher as nossas escolas com os seus filhos (oiço a minha mulher dizer: as alunas cabo-verdianas e angolanas são lindas e trabalhadoras, os miúdos indianos são espertos, têm muito jeito para a matemática e são muito ajuizados, as meninas ucranianas são a disciplina em pessoa, o miúdo chinês é um companheirão). Temos aqui um factor de produção quase de graça, só é preciso dar-lhes professores (não com as regras da ex-ministra, claro). Não é o que dizem os gurus da gestão de recursos humanos, que eles são o capital maior?
Falham-nos aqui também os dados, mas parece que o número de alunos das escolas públicas não sobe, enquanto os paisinhos presurosos, sempre que podem, levam os seus filhinhos para as escolas privadas, que fazem o seu negócio, mas onde também parece que o numero de alunos não cresce.
Como diz a estátua da Liberdade,
“Give me your tired, your poor,
Your huddled masses yearning to breathe free,
The wretched refuse of your teeming shore.
Send these, the homeless, tempest-tossed to me,
I lift my lamp beside the golden door!"
(Tragam-me as vossas massas de gente exausta, pobre
e confusa, ansiando por respirar em liberdade,
os desgraçados rejeitados pelos vossos países.
Enviem-me esses, os sem abrigo e os desalojados pela tempestade.
Eu os guiarei com a minha tocha.)
Era desses e dessas, e dos filhos e filhas desses e dessas, que nós precisávamos, para ver se nos organizávamos melhor em equipa, mas não segundo o padrão adam smithista, por favor, mais segundo o “Bill of rights”, que alguma vez há-de ser aplicado.
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Ainda a catilinária do museu dos coches
Agora me recordo, só agora porque sou distraído, do que escrevi no blogue do dia 21 de Janeiro de 2010 a propósito do diretor do museu de arte antiga não reconduzido pela senhora ministra.
Não estou dentro dos segredos das coisas, mas palpita-me que o ex-diretor deve ter feito um raciocínio parecido com o silogismo de seleção do museu que merecia um edifício novo e de raiz, e que o museu de arte antiga está espartilhado e precisava do espaço para onde vai agora o dos coches.
Palpita-me; que não estou dentro dos assuntos, embora me agradasse ver o museu de arte antiga no novo espaço (sem perder o edificio atual, claro), o de arqueologia ampliado para norte, o dos coches idem, e o da marinha na cordoaria (lembrei-me agora das darsanas de Barcelona, mas não liguem). E um plano de transportes eficientes para servir este conglomerado. Não me digam que não fazia um vistaço, este conglomerado, nos “Lisbon, these week”, e nos programas das agências de viagens.
Mas a senhora ministra pensa de maneira diferente.
Pode ser que daqui a uns anos venha um senhor político dizer o mesmo que disse agora da senhora ex-ministra Lurdes Rodrigues: “Afinal havia outra…política”.
Não estou dentro dos segredos das coisas, mas palpita-me que o ex-diretor deve ter feito um raciocínio parecido com o silogismo de seleção do museu que merecia um edifício novo e de raiz, e que o museu de arte antiga está espartilhado e precisava do espaço para onde vai agora o dos coches.
Palpita-me; que não estou dentro dos assuntos, embora me agradasse ver o museu de arte antiga no novo espaço (sem perder o edificio atual, claro), o de arqueologia ampliado para norte, o dos coches idem, e o da marinha na cordoaria (lembrei-me agora das darsanas de Barcelona, mas não liguem). E um plano de transportes eficientes para servir este conglomerado. Não me digam que não fazia um vistaço, este conglomerado, nos “Lisbon, these week”, e nos programas das agências de viagens.
Mas a senhora ministra pensa de maneira diferente.
Pode ser que daqui a uns anos venha um senhor político dizer o mesmo que disse agora da senhora ex-ministra Lurdes Rodrigues: “Afinal havia outra…política”.
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domingo, 7 de fevereiro de 2010
Economicómio XLII - A devassa dos rendimentos
'
Não resisto a comentar a polémica da devassa dos rendimentos.
Vejo as virgens pudicas e os sacerdotes detentores da lei e da sua interpretação rasgando as vestes, que o direito romano está a ser traído com a inversão do ónus da prova. Que interessa mais combater a corrupção e a fuga aos impostos (por sinal até concordo com este combate, embora veja os soldados e os generais desta guerra mal armados ou iludidos).
Sinceramente parece-me que podemos pôr de lado as questões de inveja, mas que é inquestionável que temos aqui e nos países mais ricos, um grave problema de distorção da distribuição dos rendimentos, por maior que seja o mérito dos grandes gestores e empreendedores, dos fazedores de dinheiro e de riqueza.
Não posso considerar saudável um sistema económico que oferece uma indemnização de 34 milhões de euros, para sair, ao ex-CEO da Cadbury inglesa, depois de a ter vendido à concorrência americana.
Não tenho nada contra as lutas entre tubarões, que já Orson Wells filmou, mas tenho contra, que o reflexo das suas ondas atinja o meu país.
Não posso considerar saudável um sistema que oferece um prémio de gestão ao CEO da JPMorgan de 16 milhões de dólares porque o JPMorgan teve 11 600 milhões de dólares de lucro em 2009e já devolveu os 25 000 milhões das ajudas federais (para que o presidente Obama , que não se candidatou para satisfazer os caciques de Wall Street, cito, não o possa impedir de receber o bónus; défice dos USA: 16 000 000 milhões de dólares).
Confirma-se assim o que Michael Moore afirmou no seu filme, que as ajudas federais foram mesmo uma ajuda de amigos a amigos, que deixou de fora o povo norte-americano.
Não quero convencer ninguém a acabar com o sistema (cada um com as suas ideias, não é?), mas que devia ser corrigido, devia (salvo melhor opinião, até parece ser esta a opinião do presidente Obama).
Entretanto, como deve haver um mínimo de coerência, aqui vai a minha, e da minha consorte, declaração de rendimentos de 2008: rendimento global 118.731,04 euros que, depois de trabalhado pelas maravilhosas contas com deduções, retenções e abatimentos, deu um IRS pago no valor de 4.385,62 euros.
Foi um mês inteiro, mas não me queixo.
Queixo-me dos vivaços, dos espertos, dos que fogem, dos que não querem que a solução esteja nas escolas, para evitar a ignorância e o vandalismo, e no emprego, para evitar a criminalidade e o terrorismo ou, para ser mais claro, dos que não querem cumprir a declaração universal dos direitos do Homem. Está lá tudo escrito.
Há uns que querem, outros que não querem, e outros nem que sim que não.
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Não resisto a comentar a polémica da devassa dos rendimentos.
Vejo as virgens pudicas e os sacerdotes detentores da lei e da sua interpretação rasgando as vestes, que o direito romano está a ser traído com a inversão do ónus da prova. Que interessa mais combater a corrupção e a fuga aos impostos (por sinal até concordo com este combate, embora veja os soldados e os generais desta guerra mal armados ou iludidos).
Sinceramente parece-me que podemos pôr de lado as questões de inveja, mas que é inquestionável que temos aqui e nos países mais ricos, um grave problema de distorção da distribuição dos rendimentos, por maior que seja o mérito dos grandes gestores e empreendedores, dos fazedores de dinheiro e de riqueza.
Não posso considerar saudável um sistema económico que oferece uma indemnização de 34 milhões de euros, para sair, ao ex-CEO da Cadbury inglesa, depois de a ter vendido à concorrência americana.
Não tenho nada contra as lutas entre tubarões, que já Orson Wells filmou, mas tenho contra, que o reflexo das suas ondas atinja o meu país.
Não posso considerar saudável um sistema que oferece um prémio de gestão ao CEO da JPMorgan de 16 milhões de dólares porque o JPMorgan teve 11 600 milhões de dólares de lucro em 2009e já devolveu os 25 000 milhões das ajudas federais (para que o presidente Obama , que não se candidatou para satisfazer os caciques de Wall Street, cito, não o possa impedir de receber o bónus; défice dos USA: 16 000 000 milhões de dólares).
Confirma-se assim o que Michael Moore afirmou no seu filme, que as ajudas federais foram mesmo uma ajuda de amigos a amigos, que deixou de fora o povo norte-americano.
Não quero convencer ninguém a acabar com o sistema (cada um com as suas ideias, não é?), mas que devia ser corrigido, devia (salvo melhor opinião, até parece ser esta a opinião do presidente Obama).
Entretanto, como deve haver um mínimo de coerência, aqui vai a minha, e da minha consorte, declaração de rendimentos de 2008: rendimento global 118.731,04 euros que, depois de trabalhado pelas maravilhosas contas com deduções, retenções e abatimentos, deu um IRS pago no valor de 4.385,62 euros.
Foi um mês inteiro, mas não me queixo.
Queixo-me dos vivaços, dos espertos, dos que fogem, dos que não querem que a solução esteja nas escolas, para evitar a ignorância e o vandalismo, e no emprego, para evitar a criminalidade e o terrorismo ou, para ser mais claro, dos que não querem cumprir a declaração universal dos direitos do Homem. Está lá tudo escrito.
Há uns que querem, outros que não querem, e outros nem que sim que não.
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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Outra vez a catilinária do novo museu dos coches
Ralhou o meu amigo arquiteto no corredor da nossa empresa: que eu não devia falar de questões de arquitetura.
Mas eu defendi-me que eram questões de transporte, pedindo-lhe que seguisse o silogismo, assim:
1 – o museu dos coches foi escolhido para ter um edifício de raiz por ser o museu mais visitado;
2 – o museu dos coches foi o museu mais visitado porque:
2.1 – é de visita mais rápida, e
2.2 – tem capacidade de estacionamento
Logo,
3 – se tivéssemos:
3.1 – encurtado o percurso de visita do museu de arte antiga, e
3.2 – aumentado a sua capacidade de estacionamento ou construido uma linha de metro passando por perto,
4 – teria sido o museu de arte antiga o escolhido para ter um edifício de raiz
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Mas eu defendi-me que eram questões de transporte, pedindo-lhe que seguisse o silogismo, assim:
1 – o museu dos coches foi escolhido para ter um edifício de raiz por ser o museu mais visitado;
2 – o museu dos coches foi o museu mais visitado porque:
2.1 – é de visita mais rápida, e
2.2 – tem capacidade de estacionamento
Logo,
3 – se tivéssemos:
3.1 – encurtado o percurso de visita do museu de arte antiga, e
3.2 – aumentado a sua capacidade de estacionamento ou construido uma linha de metro passando por perto,
4 – teria sido o museu de arte antiga o escolhido para ter um edifício de raiz
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Arquitectorium 5 – Catilinária contra o novo museu dos coches
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Estou a cumprir o prometido no blogue de 21 de Dezembro passado, a propósito do Museu de Arte Popular.
Contente, eu, por o ministério da cultura ter salvo o museu de arte popular da demolição, mas receoso pelo museu dos coches.
DITOSO PROJETO
Cumpriram-se as ameaças da senhora ministra da cultura e foi lançada a primeira pedra para o novo museu dos coches, nos terrenos imediatamente a nascente da praça Afonso de Albuquerque, sítio de antigas oficinas do exército.
Foi apresentado com muita pompa e alguma circunstancia o projecto de um senhor arquiteto brasileiro.
O projeto foi louvado pelo senhor arquiteto Siza Vieira.
E, como diria Marco António no seu discurso no Julio Cesar de Shakespeare em:
http://www.youtube.com/watch?v=n9gnHpJt68M&feature=related ,
tão ilustres cidadãos não iriam enganar-se na apreciação de que é um bom projecto.
Nem o grupo de trabalho da frente ribeirinha, expressão da pluri-disciplinaridade que valoriza cada vez mais o contacto de Lisboa com o seu rio, iria atraiçoar os seus objectivos; nem muito menos a senhora ministra da cultura ou o senhor primeiro ministro permitiriam que um grupo de frustrados bloqueassem o ditoso e formoso projeto com uma petição on line de ambiciosos despeitados como é qualquer um que não compreende as virtudes do projeto.
O GOVERNO INVOCA AS FORÇAS DIVINAS PARA VENCER A OPOSIÇÃO AOS SEUS DESÍGNIOS
“Deus sabe as dificuldades para que este dia pudesse ser o dia de arranque da construção do novo Museu dos Coches”.
Assim começou o seu discurso o senhor primeiro ministro. Assim fica associada à iniciativa governamental a entidade divina. Assim se manifesta a compreensão da divindade pelos sacrifícios que os governantes fazem para, finalmente, aproximarmos os gastos com a cultura do valor fetiche de 1% do PIB.
Se cultura é o que fazemos quando nos libertamos das tarefas penosas de prover a subsistência e os meios essenciais à vida, os 99% justificam o 1%.
E mais uma vez a verdade nos ilude. Se o PIB são 160 mil milhões de euros, 1% são 1 600 milhões de euros e o novo museu dos coches só vai custar 32 milhões de euros, na sua maior parte drenados das contrapartidas do casino Lisboa (ai que falta de confiança me desperta esta linguagem de contrapartidas…é coisa que não tem o meu voto como munícipe… nem tão pouco acredito que o novo museu dos coches só custe aquele preço).
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DO MUSEU MAIS DIGNO DE TER UM NOVO E GRANDE EDIFICIO
E depois os governantes fundamentaram o projeto. O terreno é do Estado. O museu dos coches é atualmente o museu mais visitado. Logo, na sua nova forma vai atrair 1 milhão de visitantes por ano em lugar dos 200.000 atuais.
Não há cidadão que resista a esta argumentação e o ministro das finanças agradece.
A menos que seja embirrento como eu.
Sabem por que é o Museu dos Coches o mais visitado?
Porque é o de visita mais rápida (declarações de uma especialista de turismo, que não leva os turistas ao museu de arte antiga por dificuldades de estacionamento).
Que outros museus há em Lisboa e que são menos visitados do que o dos coches?
O de arte Antiga? (100.000 visitantes por ano?).
O tal que tem quadros do Bosch e dos Brueguel que despertam os piores sentimentos de inveja dos principais museus da Europa? O painel de S.Vicente e o Ecce Homo que são a nossa carne? (vêem como também sei falar biblicamente? se bem que mais para o novo testamento). E que precisa desesperadamente de se expandir para um novo edifício de raiz.
Engraçado, critérios economicistas a decidir qual o museu que vai ter um novo e grande edifício…a que ponto chegámos, a ver se este museu merece mais ou menos do que aqueloutro.
Mas não importa, as agencias de viagens despejam os turistas na praça do Império, há sítio para deixar os autocarros, Jerónimos a correr, vamos ao padrão dos descobrimentos, volta-se pelos pasteis de Belem, é o que o senhor presidente da republica come sempre à sobremesa quando tem convidados, passa-se pela frente do palácio do senhor presidente, atravessa-se a rua e está-se no novo museu dos coches.
Não vale a pena ir ao museu da Arqueologia nos Jerónimos, aliás disse-se adeus de longe ao guerreiro luso de escudo redondo que usa a barba como eu; não vale a pena entrar e então no da Marinha muito menos (ai se os USA pudessem fazer uma história da sua marinha com mais de 250 anos…).
E aí está, o museu da Arqueologia é para sair dali, dos Jerónimos; vai para a Cordoaria.
A ideia é boa, mas a experiencia diz que adaptar um edifício como a Cordoaria a museu de Arqueologia não é bom. Ver em:
http://www.publico.pt/Cultura/novo-museu-de-arqueologia-podia-ser-mais-barato-do-que-mudanca-para-a-cordoaria-diz-director_1365887
O NOVO MUSEU DO PASTEL DE NATA
Ah, mas eu disse pasteis de nata?
Quantos visitantes tem a fábrica de pasteis de nata?
250.000?
O dobro dos visitantes do museu de Arqueologia e mais do que os 200.000 dos coches?
Ganhou, tem direito ao edifício novo, e o projeto do senhor arquiteto brasileiro afinal vai para ser museu e fábrica de pasteis de nata.
Sim, o pastel de nata fabrica-se em Macau, em Coloane, em Nagasaki, em Hong Kong, em New Bedford.
Não concordar com a ideia do museu do pastel de nata é atraiçoar toda a expansão ultramarina.
Ficariam outra vez os coches onde estão, no picadeiro que não pode ser picadeiro porque as piruetas, as capriolas e as corvetas dos cavalos abanam muito? (será que o projeto do senhor arquiteto brasileiro também prevê um picadeiro para concorrer com os lipizanni? Os turistas iriam gostar muito e os cavaleiros tauromáquicos, se continuam a dizer mal das touradas, tinham aqui um belo campo de manobra).
PELO “MARKETING” É QUE VAMOS
E continua a argumentação do “marketing” ministerial: o edifício onde funciona o atual museu dos coches «poderá manter alguns coches e peças da colecção e ser uma sala de recepção».
Repare-se no delicado articular da palavra “poderá”.
“Poderá” pode agora poder para os cidadãos ficarem tranquilos, mas passados uns anos poderá já não poder, sem consequências porque os cidadãos já se esqueceram do “poderá”.
É a velha técnica da promessa indefinida para uma manhã de nevoeiro e o desengano mais tarde, perante o facto consumado.
Reparem na fotografia da sala de exposição atual. Depois comparem com a sala prevista. Não acham que os coches estão bem onde estão?
Agora vejam a argumentação do projetista do novo museu: “a questão cenográfica deve ser abolida” (dito de uma forma menos intelectual, os coches devem ser retirados do ambiente do século XVIII em que estão e ficar entre paredes brancas).
Nenhum curso nem nenhum percurso profissional de arquiteto incensado podem legitimamente impedir qualquer cidadão de dizer: discordo.
Discordo deste ambiente de linhas direitas, paredes nuas e buracos retangulares lá em cima.
Deixassem os coches onde estão, se possível melhorando a sua manutenção que parece não estar famosa.
Assuma o governo a violentação estética: podemos e queremos que seja assim, porque queremos ganhar dinheiro com o turismo; não diga que é um serviço prestado à cultura.
Temos legitimidade e queremos rentabilizar os terrenos a norte do edifício do atual museu dos coches, para onde ele poderia expandir-se, mas não queremos expandi-lo para lá, e por isso queremos um novo museu dos coches do outro lado da rua, a sudeste.
Mas continuemos com o “marketing” governamental oficial que o que escrevi atrás não é oficial:
“O auditório do novo Museu dos Coches é também um instrumento de sedução de novos públicos. Para além de ser um espaço de apoio à restante programação do Museu, terá ainda condições para receber conferências, seminários, congressos, ou para o visionamento de filmes, clássicos, ou de última geração, com imagens tridimensionais.”
Numa escala de provincianismo novo rico, proponho a classificação desta prosa como grau máximo. Vamos encher o novo museu com fans do Avatar, do 3D e dos jogos de vídeo.
Os cidadãos deveriam ser poupados a esta propaganda, porque é agressiva (ou serei eu que sou demasiado sensível?).
E ainda o “marketing” do projetista: “imaginei o edifício levantado do chão para não ocupar totalmente o terreno".
E nós imaginamos que todos os arquitetos do mundo de todos os tempos têm imaginado o quê? Edifícios não levantados do chão? Os cromeleques do Alentejo do “Levantados do chão” não foram levantados do chão? Não têm uma insustentável leveza? E os pilares dos templos egípcios e babilónios, os pagodes do oriente, os arcos românicos e góticos são o quê? Foi descoberta a pólvora agora para enganar os cidadãos?
QUESTÕES DE ARQUITETURA E DE ESCOLHA DE ARQUITETOS
Foi o projeto louvado pelo arquiteto Siza Vieira, apoiado por Gonçalo Byrne .
Vamos ter de seguir a lógica do “magister dixit”?
Vamos continuar a suportar as opções dos grandes vultos da arquitetura?
Vão os gestores da coisa pública continuar a escolher nomes grandes para as suas obras sem concurso público?
Não acreditam os gestores da coisa pública que, por serem gestores da coisa pública, não deve haver nomeações e escolhas mas sim concursos públicos, que podem começar por ser simples concursos de ideias abertos (concordam que por serem concursos de ideias as propostas concorrentes devem ser remuneradas?).
Dos dois nomes que citei, um deixou uma estação de metropolitano com graves deficiências de exploração (percursos desnecessariamente longos para chegar ao comboio) e dificuldades de manutenção (limitações da ventilação, peso excessivo de tetos falsos); o outro é o arquiteto do “coiso conspícuo” que substituiu o hotel Estoril-Sol (blogue do dia 6 de Outubro de 2009: http://fcsseratostenes.blogspot.com/2009/10/arquitectorium-4-o-coiso-conspicuo.html).
QUESTÕES DE TRANSPORTES
Diz o projetista do novo museu dos coches que teve de retirar o auto silo (vê-se na foto da maqueta) junto do Museu da Eletricidade porque a CML achou mal.
Talvez estivesse mal, embora a arquitetura de um silo auto possa ser uma boa peça de arquitetura.
No entanto, se a estratégia é valorizar a componente museológica da zona e atrair grande volume de pessoas (apoio, a sério), deverá substituir-se o silo auto por um plano alternativo de transportes eficiente (silo auto significa tráfego de automóveis), não limitado aos autocarros de turistas e incluindo reforço de linhas ferroviárias.
É este conceito da necessidade de equipar qualquer zona de uma cidade com uma rede de canais de transporte eficiente que falha aos decisores… (que tal disfarçar o silo auto mais para junto da rua da Junqueira, assim como assim , um silo auto pode ficar parecido com um centro Pompidou - conhecem a história dos gastos astronómicos com a reparação dos erros de projecto associados à falta de previsão das condições de manutenção do edifício que o centro Pompidou exigiu poucos anos depois da inauguração? – e deslocar um dos edifícios do novo museu para junto do rio e do museu de eletricidade? Já que não podemos fugir ao novo museu dos coches…).
EPÍLOGO
Mas concordo com o projetista quando diz:
"A cidade é feita com casas, você não consegue fazer uma cidade só com monumentos. Haverá de ter os seus monumentos e museus, mas a cidade é feita de alarido de crianças, escolas, transportes públicos eficientes. Tudo pelo bem-estar e felicidade. O homem aflito não vale nada."
Não nos aflijamos, pois, e continuemos; sugiro que vejam este blogue de um arquiteto, com fotos esclarecedoras:
http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/2009/03/novo-museu-nacional-dos-coches.html
e, se acharem, embora já seja uma causa perdida, que vale a pena reforçar a expressão do desacordo, assinem a petição contra o projeto do novo museu dos coches (não confundam que já há uma a circular a favor, com a assinatura dos grandes da arquitetura nacional):
http://www.gopetition.com/petitions/salvem-o-museu-dos-coches/sign.html#se
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Os orçamentos de estado de Portugal e dos USA
'
Aproveitemos a época em que se fala tanto de orçamentos.
Deixemos o aspecto novo rico e provinciano (no sentido em que Sofia de Melo Breyner falava do poder de Lisboa) da fotografia parlamentar com a memória “pen” na mão elevada, ou o CD, já não sei bem, mas de mão, sim, elevada e o sorriso amarelo para fixar a felicidade do momento.
Lembrei-me de ir ver os sítios do ministério das finanças do meu país:
http://www.min-financas.pt/comunicados/2010/100127.pdf
(ver o resumo do orçamento global na página 7),
e do Office of Management and Budget da presidência dos USA :
http://www.whitehouse.gov/omb/budget/fy2011/assets/budget.pdf
(ver a tabela S.1 , na página 146, com o resumo global), sendo que também é muito interessante o artigo da Wikipédia:
http://en.wikipedia.org/wiki/United_States_federal_budget
Também com carater lateral, temos aqui a questão interessante de, em Portugal, de acordo com uma norma europeia a precisar de actualização, se utilizarem os seguintes significados antecedendo as unidades, por exemplo de euros ou dólares:
Bilião…………milhão de milhões...................10E12........T....... tera
Trilião………milhão de milhões de milhões........10E18 .......E ...... exa
E nos USA, no Brasil e, mais recentemente, na Inglaterra:
Bilião………… mil milhões ....................... 10E9 ...... G....... giga
Trilião …… milhão de milhões ................. 10E12...... T ...... tera
Quintilião… milhão de milhões de milhões .... 10E18 ..... E ...... exa
Mas talvez tenha mais interesse fazer um quadro comparativo entre os orçamentos para 2010 de Portugal e dos USA, quanto mais não seja para daqui a um ano vermos o grau de realização e de afastamento entre a previsão e a realidade.
E para vermos onde deveríamos atuar para melhorar o PIB ou reduzir o défice (vou ter mesmo de voltar ao “Economia para todos” de David Moss).
E para termos uma ideia da intensidade ou do PIB per capita ou da produtividade comparada.
Então vejamos (para converter dólares em euros multiplicar por 0,7, pf):
' PT (milhões de euro) USA (milhões de dólar)
Défice: 13 900 (8,3%) ; 1 600 000 (10,6%)
PIB: 168 000 (100%) ; 14 600 000 (100%)
Despesa pública: 81 200 ; 3 720 000
Dívida pública: 143 000 (85%) ; 9 300 000 (64%)
Temos assim que o PIB dos USA será cerca de 60 vezes o PIB de Portugal, sendo que a população dos USA é cerca de 30 vezes a de Portugal, pelo que a produtividade em Portugal será cerca de metade. Apesar disso, a um ignorante em economia como eu parece que a maior preocupação em Portugal deveria ser a de aumentar a produção, e só depois preocuparmo-nos com o aumento da produtividade, mesmo que entretanto cometêssemos desperdícios .
De assinalar o elevado défice dos USA, que os defensores da desigualdade adam smithista atribuem à reforma do serviço nacional de saúde, mas que os economistas do império romano atribuiriam, com a experiencia das legiões romanas, a excesso de despesas militares longe de Roma, perdão, longe de Washington.
Comparativamente (dentro das limitações da comparação de uma nano-râ com um mega-boi), dir-se-ia que a dívida pública de Portugal está um bocado puxada. Aliás os nossos bancos, geridos por tão preclaros gestores, vêm a ser responsáveis por quase outro tanto de dívida, o que não abona os ditos gestores.
Donde, parecerá que, para inverter a situação, terá de se acabar com a triste situação de importarmos mais de 80% do que consumimos. Isto é, só produzindo se pode acabar com a dívida… Não deixem fechar as fábricas nem as fabriquetas, não deixem arrancar árvores, não abandonem a terra…mas o dr Medina Correia só fala em congelar os salários…
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Aproveitemos a época em que se fala tanto de orçamentos.
Deixemos o aspecto novo rico e provinciano (no sentido em que Sofia de Melo Breyner falava do poder de Lisboa) da fotografia parlamentar com a memória “pen” na mão elevada, ou o CD, já não sei bem, mas de mão, sim, elevada e o sorriso amarelo para fixar a felicidade do momento.
Lembrei-me de ir ver os sítios do ministério das finanças do meu país:
http://www.min-financas.pt/comunicados/2010/100127.pdf
(ver o resumo do orçamento global na página 7),
e do Office of Management and Budget da presidência dos USA :
http://www.whitehouse.gov/omb/budget/fy2011/assets/budget.pdf
(ver a tabela S.1 , na página 146, com o resumo global), sendo que também é muito interessante o artigo da Wikipédia:
http://en.wikipedia.org/wiki/United_States_federal_budget
Também com carater lateral, temos aqui a questão interessante de, em Portugal, de acordo com uma norma europeia a precisar de actualização, se utilizarem os seguintes significados antecedendo as unidades, por exemplo de euros ou dólares:
Bilião…………milhão de milhões...................10E12........T....... tera
Trilião………milhão de milhões de milhões........10E18 .......E ...... exa
E nos USA, no Brasil e, mais recentemente, na Inglaterra:
Bilião………… mil milhões ....................... 10E9 ...... G....... giga
Trilião …… milhão de milhões ................. 10E12...... T ...... tera
Quintilião… milhão de milhões de milhões .... 10E18 ..... E ...... exa
Mas talvez tenha mais interesse fazer um quadro comparativo entre os orçamentos para 2010 de Portugal e dos USA, quanto mais não seja para daqui a um ano vermos o grau de realização e de afastamento entre a previsão e a realidade.
E para vermos onde deveríamos atuar para melhorar o PIB ou reduzir o défice (vou ter mesmo de voltar ao “Economia para todos” de David Moss).
E para termos uma ideia da intensidade ou do PIB per capita ou da produtividade comparada.
Então vejamos (para converter dólares em euros multiplicar por 0,7, pf):
' PT (milhões de euro) USA (milhões de dólar)
Défice: 13 900 (8,3%) ; 1 600 000 (10,6%)
PIB: 168 000 (100%) ; 14 600 000 (100%)
Despesa pública: 81 200 ; 3 720 000
Dívida pública: 143 000 (85%) ; 9 300 000 (64%)
Temos assim que o PIB dos USA será cerca de 60 vezes o PIB de Portugal, sendo que a população dos USA é cerca de 30 vezes a de Portugal, pelo que a produtividade em Portugal será cerca de metade. Apesar disso, a um ignorante em economia como eu parece que a maior preocupação em Portugal deveria ser a de aumentar a produção, e só depois preocuparmo-nos com o aumento da produtividade, mesmo que entretanto cometêssemos desperdícios .
De assinalar o elevado défice dos USA, que os defensores da desigualdade adam smithista atribuem à reforma do serviço nacional de saúde, mas que os economistas do império romano atribuiriam, com a experiencia das legiões romanas, a excesso de despesas militares longe de Roma, perdão, longe de Washington.
Comparativamente (dentro das limitações da comparação de uma nano-râ com um mega-boi), dir-se-ia que a dívida pública de Portugal está um bocado puxada. Aliás os nossos bancos, geridos por tão preclaros gestores, vêm a ser responsáveis por quase outro tanto de dívida, o que não abona os ditos gestores.
Donde, parecerá que, para inverter a situação, terá de se acabar com a triste situação de importarmos mais de 80% do que consumimos. Isto é, só produzindo se pode acabar com a dívida… Não deixem fechar as fábricas nem as fabriquetas, não deixem arrancar árvores, não abandonem a terra…mas o dr Medina Correia só fala em congelar os salários…
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
O transporte aéreo em 2010 e o TGV Lisboa-Porto
Leio a notícia da IATA dando conta de que as companhias aéreas perderam, em 2009, 8.000 milhões de euros (8x10E9).
Esperam um prejuízo de 4.000 milhões em 2010.
Queixa-se a IATA de que 2009 foi o ano de maior queda de receitas e que a causa principal são as tarifas baixas resultantes da concorrência.
Sabe-se que a diminuição de receitas implica, pelos gestores, cortes em tudo, desde os salários até à segurança da manutenção.
Mas os economistas continuam a defender a concorrência como factor essencial de controle de custos (será que o controle de custos deve ser o objectivo?), apesar de também viajarem de avião e apesar de, no tempo de Adam Smith, não haver aviões.
Aguardemos a evolução do transporte aéreo, esperando que a segurança não saia prejudicada.
Leio depois a entrevista do CEO da TAP e vejo esta coisa espantosa, por não se lhe dar a devida publicidade:
“O transporte aéreo não é rentável para um percurso de 300 km como o de Lisboa-Porto.”
Qualquer planeador de redes de transportes já sabia isso, mas tem outro interesse ser o CEO da TAP a dizê-lo.
Tem interesse para os economistas que ainda andam a pedir estudos para fundamentar o TGV Lisboa-Porto, que é uma maneira bem portuguesa de dizer que não querem, tal como não quiseram os opositores de Fontes Pereira de Melo .
80% dos traçados de caminho de ferro existentes vêm do tempo de Fontes; isso poderia simplificar a questão junto de cérebros que são prestes a exigir os últimos modelos de BMW ou de computadores portáteis para seu uso pessoal, mas que se habituaram a, quando precisam de ir de Lisboa ao Porto, ou do Porto a Lisboa, exigirem um transporte ineficiente para a distancia em causa, o automóvel ou o avião, em vez de reclamar a actualização tecnológica do transporte ferroviário.
Talvez achem satisfatório o atual serviço, com 2horas e 50 minutos de tempo de viagem, ou mirificamente (se tivessem trabalhado em caminhos de ferro, não em gestão de caminhos de ferro, saberiam por que escrevo mirificamente) acreditem que da linha existente podem retirar um bom serviço, incluindo mercadorias (se tivessem trabalhado em caminhos de ferro, não em gestão de caminhos de ferro, saberiam por que é necessário fazer manutenção das linhas à noite, embora estejam sempre prontos a cortar os gastos respectivos).
Nem sei como acabaram por aceitar o Lisboa-Madrid (terão dado ouvidos à Duquesa de Mantua, que parece até ter sido uma senhora sensata?)
Assim é muito difícil discutir, porque não se consegue discutir com argumentos, só com ideias virtuais do virtual mundo da economia.
E eu, pelo menos eu, sou muito fraco em virtualidades.
Esperam um prejuízo de 4.000 milhões em 2010.
Queixa-se a IATA de que 2009 foi o ano de maior queda de receitas e que a causa principal são as tarifas baixas resultantes da concorrência.
Sabe-se que a diminuição de receitas implica, pelos gestores, cortes em tudo, desde os salários até à segurança da manutenção.
Mas os economistas continuam a defender a concorrência como factor essencial de controle de custos (será que o controle de custos deve ser o objectivo?), apesar de também viajarem de avião e apesar de, no tempo de Adam Smith, não haver aviões.
Aguardemos a evolução do transporte aéreo, esperando que a segurança não saia prejudicada.
Leio depois a entrevista do CEO da TAP e vejo esta coisa espantosa, por não se lhe dar a devida publicidade:
“O transporte aéreo não é rentável para um percurso de 300 km como o de Lisboa-Porto.”
Qualquer planeador de redes de transportes já sabia isso, mas tem outro interesse ser o CEO da TAP a dizê-lo.
Tem interesse para os economistas que ainda andam a pedir estudos para fundamentar o TGV Lisboa-Porto, que é uma maneira bem portuguesa de dizer que não querem, tal como não quiseram os opositores de Fontes Pereira de Melo .
80% dos traçados de caminho de ferro existentes vêm do tempo de Fontes; isso poderia simplificar a questão junto de cérebros que são prestes a exigir os últimos modelos de BMW ou de computadores portáteis para seu uso pessoal, mas que se habituaram a, quando precisam de ir de Lisboa ao Porto, ou do Porto a Lisboa, exigirem um transporte ineficiente para a distancia em causa, o automóvel ou o avião, em vez de reclamar a actualização tecnológica do transporte ferroviário.
Talvez achem satisfatório o atual serviço, com 2horas e 50 minutos de tempo de viagem, ou mirificamente (se tivessem trabalhado em caminhos de ferro, não em gestão de caminhos de ferro, saberiam por que escrevo mirificamente) acreditem que da linha existente podem retirar um bom serviço, incluindo mercadorias (se tivessem trabalhado em caminhos de ferro, não em gestão de caminhos de ferro, saberiam por que é necessário fazer manutenção das linhas à noite, embora estejam sempre prontos a cortar os gastos respectivos).
Nem sei como acabaram por aceitar o Lisboa-Madrid (terão dado ouvidos à Duquesa de Mantua, que parece até ter sido uma senhora sensata?)
Assim é muito difícil discutir, porque não se consegue discutir com argumentos, só com ideias virtuais do virtual mundo da economia.
E eu, pelo menos eu, sou muito fraco em virtualidades.
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