segunda-feira, 5 de julho de 2010

Economicómio LVI – 4 vozes

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Quatro citações:
1 – Paul Krugman, prémio Nobel de Economia: "A mania dos governos europeus de fazer aprovar planos de austeridade é masoquismo e a contração orçamental pode prejudicar a economia global"
2 – Joseph Stieglitz, prémio Nobel de Economia: “Numa economia nacional não se pode fazer como numa economia familiar, cortando despesas para pagar dívidas. Numa economia nacional o corte de despesas provoca a diminuição da atividade económica, do investimento e dos impostos e o aumento dos subsídios do desemprego. Não chegará portanto o dinheiro para pagar as dívidas.” E ainda: Não há nenhuma razão para não taxar os ganhos especulativos”. E: “Em vez de cortes, o dinheiro deve ser redirecionado para investimentos com retorno”.
3 – Jean Claude Trichet, presidente do Banco central europeu: “As medidas de austeridade são uma boa gestão orçamental. A redução dos défices vai promover o crescimento económico”
4 – José Sócrates, primeiro ministro de Portugal: “As posições da Comissão europeia derivam de posições ideológicas ultraliberais”

Salvo melhor opinião, digo assim porque não pode haver certezas em nada deste mundo, quer-me parecer que, considerando a gravidade de todas estas questões, o peso intelectual que têm as citações de 1 e de 2, o curioso da afirmação de 4, vinda como vem de quem pratica ações liberais, e a contra-corrente da afirmação de 3, as decisões só deveriam poder ser tomadas por decisores eleitos, por uma questão de partilha de responsabilidade.
Isto é, o cargo de presidente do banco central não tem que ser desempenhado por um senhor que não foi eleito para o seu cargo pelos cidadãos e cidadãs.
A economia é política (salvo melhor opinião, também; porém não se consegue descortinar exemplos em que a economia não seja política; pelo contrário, todos os dias surgem indícios de que o poder político convive promiscuamente com o poder económico, como foi agora noticiado o caso do administrador da SIEV, a empresa dos chips das portagens, que há dois anos era assessor do senhor secretário de estado dos transportes; não tem nada de ilegal, só tem de promíscuo, coisa que, como se sabe, não está regulada pela legislação, nem terá de estar, para que não se diga que a justiça popular andava em jacqueries a perseguir o poder económico).
Logo, um cargo destes, como o de governador do banco central europeu, deveria ser de eleição alargada.
Salvo melhor opinião.


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