sexta-feira, 30 de julho de 2010

Wikileaks

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Os conceitos militares evoluem. Não é caso para ficarem tão escandalizados com as fugas de informação sobre segredos militares de acontecimentos passados.
Terem morrido 195 civis em ataques de drones não é a revelação de um segredo militar. É um triste facto de que os cidadãos devem ter conhecimento para ajudar a compreender a guerra e tomar posição perante ela.
Houve tempo em que o conceito militar era: se um civil morresse, o militar sentia-se desonrado porque, armado, tinha morto um não contendor desarmado.
Valha a verdade que este era um conceito anterior ao bombardeamento de Dresden, no final da segunda guerra mundial. É natural que os “aliados” não gostem de ouvir falar nisto.
Convirá também recordar que muitos dos mortos dos “aliados” na primeira guerra do golfo o foram por “fogo amigo” (como é possível inventar uma expressão assim?), porque a tecnologia da referenciação topográfica estava ainda imprecisa. Ficaram então os “aliados” muito zangados com esta fuga de informação.
Houve tempo em que um soldado honrado não mandava os seus homens para a frente da batalha sem lhe explicar todos os riscos que corriam.
É isso, os conceitos militares evoluem, como explicava o major Dax ao seu general, na primeira guerra mundial, antes da entrada em cena do fator decisivo para acabar com a guerra das trincheiras: os tanques.
Também foi revelado que os ataques talibans provocaram a morte de 2.000 civis.
Se os tanques e as armas já não conseguem acabar com isto, têm os cidadãos direito a exigir soluções políticas.
Não estive enganado na guerra colonial portuguesa, nem na guerra do Vietnam, nem na guerra do Iraque. Estarei enganado agora na guerra do Afeganistão, quando Eça de Queirós já dizia o mesmo, há 140 anos atrás?
Entretanto, sem que isso tenha sido revelado pelo Wikileaks, são já 75 os militares dos USA mortos no Afeganistão em Julho de 2010.
Impõe-se uma solução política com todos os países da região, mas os mentores da NATO não parece estarem de acordo.
Depois queixem-se de que lhes chamem cruzados.

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