Citação de Artur Santos Silva, chairman do BPI e presidente da Gulbenkian, em entrevista ao DN em 18 de agosto de 2012:
"Os cortes deviam ser mais seletivos".
Concordo, mas há uma dificuldade.
Para os cortes serem seletivos, isto é, para não serem cegos, seria necessário que quem os faz tenha conhecimento do "negócio" daquilo que corta e tenha uma visão integrada, ou transversal, como também se diz, relativamente aos outros "negócios".
Tarefa quase impossível, depois de anos e anos de incultura e de especialização cega (i.é, de preocupação excusiva consigo próprio).
Donde, seria necessário desenvolver técnicas de tomada de decisão em grupo não homogéneo.
E é aqui que o país falha, com a agravante de poucos considerarem que este é um dos principais problemas da comunidade portuguesa.
Logo, os cortes podem não ser solução, e se por acaso o forem, manter-se-ão as dificuldades de eleger cortes seletivos em próxima crise (i.é, pouco se terá aprendido com esta crise).
Seria bom aumentar as receitas com produção de bens uteis, para exportação e para substituição de importações.
É bom saber que ainda se produzem bens uteis em Portugal. Nas exportações pesam os automóveis da Auto Europa e a gasolina das novas refinarias da GALP (que nada devem ao atual governo); mas tambem o ouro que era dos particulares. E quanto à substituição de importações? Quando continuamos a importar 80% de alimentos, e quando até energia elétrica estamos a importar (com a desculpa de que choveu pouco; porém, foi suspenso o programa de instalação de eólicas, com o pretexto de haver potencia instalada a mais; nota-se).
Como enquadrar a exportação de ouro com a afirmação de Artur Santos Silva na mesma entrevista de que não houve acumulação de capital em Portugal depois do 25 de abril de 1974 porque se tratou de uma revolução e não de uma reforma? talvez começar por distinguir entre particulares, que foram acumulando algum ouro, e empresários, que não o conseguiram, nas suas empresas. Confesso que é uma análise dificil para mim, mas que não vejo convenientemente tratada.
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