segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mr Sachs, make love, not jeopardy of public service

Mr Sachs, ou senhor doutor António Borges, faça amor, não estrague o serviço público.
É verdade que, como diz Marc Roche, autor de "O banco, como o Goldman Sachs dirige o mundo", citado pelo cronista do DN, o Goldman Sachs "destroi o que existe para, a posteriori, criar riqueza para os amigos" , e que a intervenção do senhor doutor na televisão é típica de um tratamento de choque para escandalizar.
Mas permita-se-me uma correção: não parece ser verdade o que disse o senhor doutor, que o Estado não é bom gestor.
O Estado nem é mau, nem é bom, não é gestor.
Um gestor vê-se, tem rosto e nome de pessoa, e é essa pessoa que é um bom ou mau gestor (ou assim assim, ou gestor de má fé, ou gestor de boa fé, ou nem uma coisa nem outra) .
O facto de uma empresa ser pública ou um orgão público gerir um serviço de interesse p´blico é apenas para reservar o direito dos contribuintes controlarem melhor uma coisa que lhes diz respeito, muitas vezes uma externalidade que ´beneficia alguns, mas que exige o contributo de todos.
Infelizmente isso não acontece, muitas vezes porque os partidos que ganham as eleições colocam nas administrações maus gestores ou simplesmente ignorantes do negócio do que vão gerir.
Profissionalmente conheci tantos.
E o senhor doutor António Borges, conhecerá os negócios de que fala?
Talvez não, a avaliar pelas palavras de Eunice Munoz, que não é suspeita de apoiar partidos de esquerda: "fico triste, a RTP2 é muito importante para o nosso trabalho... vamos esperar que haja bom senso".
Ou pela rápida informação que quem conhece o negócio logo divulgou: que a Alemanha, a Espanha, a França, a Inglaterra, os USA, todos têm canais públicos... como disse Joaquim Letria, "não é uma eutanásia, é um crime".
Ou como receou este blogue, a propósito da deriva do ministério da cultura no governo anterior e da excessiva especialização do atual senhor secretário de estado da cultura, os pequenos, mesquinhos e selvagens nibelungos tomaram o poder e estão a destruir a cultura.

PS em 29 de agosto - de repente, depois do choque das declarações do senhor doutor António Borges, muita gente terá percebido o atentado que é acabar com a RTP2. Eu ficaria mais satisfeito se as pessoas aumentassem a audiencia da RTP2, porque, na verdade, inclui muitos programas de interesse. Mas a audiencia de programas culturais depende de politicas culturais do governo que não existem. Por isso insisto na ideia dos nibelungos que tomaram o poder ajudam a manter a população afastada da cultura.
Aplausos entretanto para os profissionais da RTP que não deixaram cair os braços nem que a desmotivação os vencesse, e reagiram e demonstraram o valor do seu trabalho.
É o caminho para os profissionais das empresas públicas de transportes.
E agora que o "esquema" de concessão subsidiada da RTP1 e de fecho da RTP2 já foi debatido (não digo que é o que vai acontecer para não ser malcriadamente acusado pelo senhor primeiro ministro de "histérico"), já é mais fácil chamar a atenção das pessoas para que é o mesmo caso, por exemplo, da Fertagus, que recebe mais indemnização compensatória por passageiro.km do que o metropolitano de Lisboa; por exemplo. Assim, é natural que as empresas privadas apresentem bons resultados.

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