sábado, 23 de janeiro de 2016

Meditação sobre as crianças de Bombaim, União Indiana



Com a devida vénia ao DN, reproduzo a fotografia de um grupo de crianças em Bombaim.
Parece daquelas fotos que são premiadas internacionalmente.
São crianças pobres com a atenção concentrada num smartphone.
A mim sugere-me a desigualdade no tratamento das crianças, que ameaça eternizar a desigualdade entre os adultos e entre as nações.
Vejo nos olhares e nas atitudes destas crianças curiosidade e inteligência.
Nada devia impedir o seu desenvolvimento pleno.
Talvez algumas tenham sucesso, apenas algumas porque as condições adversas afetam o desenvolvimento das crianças em todas as suas componentes.
O seu país, um grande e produtivo país, continuará com indicadores de subdesenvolvimento. Continuará a viver abaixo das suas potencialidades.
Os decisores por todo o mundo continuarão com as suas políticas, enganando os eleitores com ilusões de progresso, que agora se vive melhor (pudera, com os avanços tecnológicos claro que tem de se viver melhor) e os economistas académicos continuarão servilmente a justificar as suas políticas (claro, no interesse próprio).
Tento imaginar, mas pouco entendo de sociologia, humana e animal, se nas outras espécies existe o mesmo grau de falta de solidariedade entre indivíduos, se a parte mais saudável, com mais poder físico, com mais capacidade de luta pela sobrevivência, despreza assim a parte mais fraca. Se, como se diz em coloquial, também no meio animal "chacun s'arranje".
Penso que não, que o mais parecido será o sacrifício dos animais mais velhos e doentes colocando-os na periferia da manada para proteger as crias no centro.
Agora sacrificar crianças? Com os mesmos neurónios, sinapses e estômago à nascença?
É esse o significado das estísticas da Oxfam baseadas em dados do Credit Suiss (ficando de fora as off-shores e a economia paralela):
http://www.bbc.com/news/business-35339475


Ver anteriores estudos da Oxfan em
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2015/01/da-oxfam-davos.html

Apressados, o Instituto  Adam Smith e o Instituto de Assuntos Económicos reclamam que o que interessa é melhorar as condições de vida dos pobres (já sabemos que melhoram, mas graças às tecnologia) e não nos preocuparmos com os ricos (claro, embora me pareça que invocam o nome de Adam Smith em vão, que era mais humano que eles são, mas não tinha hipóteses de saber como iriam evoluir as formas e relações de produção).
E noutra escala, é o mesmo desprezo pelas crianças que não têm pais com capacidade financeira e educacional que mostra a estatística da população escolar e docente em Portugal:


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