O embaixador desembarca no pequeno país acompanhado do diretor federal das comunicações do seu grande país e avistam-se com representantes do governo do pequeno país.
O pequeno país não é propriamente um colonato, embora a sua dependencia económica seja enorme.
Nem sequer as relações económicas de importação e exportação principais são com o país do embaixador.
Mas a mensagem deste é clara, estamos numa aliança miltar e a segurança das comunicações entre aliados pode ficar comprometida se o pequeno país comprar equipamentos 5G à Huawei chinesa.
São os teóricos das doutrinas económicas do grande país que incensam a livre iniciativa e vantagem comparativa de David Ricardo. Mas erguem sempre que podem barreiras protecionistas.
Já a união a que pertence pequeno país tem manifestado desagrado com a aproximação à China, nomeadamente no setor dos transportes marítimos e ferroviários.
Preferem ignorar que as coisas se resolvem em paz com negociações. Não pode é haver supremacias.
Recordo um episódio em 1978. Tinhamos comprado máquinas de venda automática de bilhetes a uma empresa suissa. Do caderno de encargos fazia parte a transferencia de tecnologia para maximizar a capacidade do metropolitano na manutenção das máquinas.
Provavelmente influenciado pela propaganda internacional, de que partidos enfeudados ao lado de lá da cortina de ferro dominavam em Portugal, e pelos apelos uns anos antes de alguns políticos portugueses a aplicar sanções económicas (é verdade, o metropolitano de um momento para o outro, em 1974,ficou sem peças de alguns equipamentos, mas encontrou alternativas apesar dos tais apelos a boicote económico por parte de politicos muito apreciados pelo seu amor à liberdade), o diretor da fábrica suissa argumentou que não podia dar a documentação técnica porque podiamos fornecê-la aos soviéticos. Pobre homem, durante o fabrico tiveram de melhorar os circuitos, que eram de tecnologia DTL e passaram a ser CosMos...não tinha lido bem o caderno de encargos.
Eu diria agora que o senhor embaixador e o senhor diretor das comunicações precisavam de ter umas conversas a sério com um qualquer general das suas tropas, mas da especialidade de comunicações.
Que lhes explicasse que qualquer medida de intrusão (malware, chama-se agora) pode ser combatida com uma contramedida adequada. Que tem é de ser desenvolvida, tal como os sistemas de encriptação. Mas o progresso é isso, deteção de falhas e desenvolvimento de correções.
Mas não sei se entenderiam, não por incapacidade de entendimento, mas porque as suas mentes estão deliberadamente fechadas pelo sentimento de que são os polícias do planeta infalivelmente detentores dos valores supremos.
Pena, faz-me lembrar outro embaixador, Carlucci, que teve de sair uma vez do gabinete de um secretário de Estado mais ou menos na mesma altura dos apelos às sanções económicas e ao boicote do fornecimento de peças pelos paladinos nacionais da liberdade. É verdade que o secretário de Estado poucos mais dias lá esteve, mas os governantes da altura e o embaixador ficaram mal na fotografia.
Provavelmente como os governantes de agora, mas não sei, temos de aguardar pelos próximos episódios da guerra comercial USA-China. A paciencia que os chineses têm de ter para aturar os ocidentais,170 anos depois das guerras do ópio.
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