segunda-feira, 18 de março de 2019

Os preços dos passes - Área Metropolitana de Lisboa quer aumentar de 25% para 35% quota do transporte público

Assunto: Área Metropolitana de Lisboa quer aumentar de 25% para 35% quota do transporte público


Minha opinião:

Reduzir o preço do passe, depois de simplificar o tarifário, é uma medida interessante, pelas vantagens para os cidadãos e para estimular a procura do transporte público, mas tem pelo menos dois inconvenientes muito graves:
1 - o sistema metropolitano de transportes não está preparado para um aumento da procura. Por exemplo o metro não tem comboios suficientes e tem uma rede imperfeita cujos planos de expansão não a melhoram
2 - o preço dos passes é inferior ao custo. Logo, estamos a subsidiar os ciadadãos. Alguns devem sê-lo dado o seu nível de rendimentos, mas estar a subsidiar outros que não necessitam desse subsídio não é correto, considerando a história das tentativas de transporte gratuito, apesar da sua regressividade para os beneficiários de maiores rendimentos. A alternativa que advogo é de Alfredo Marvão Pereira, integrar os custos das externalidades nos preços dos produtos que as provocam (combustíveis fósseis, portagens à entrada das cidades, taxas de construção pra financiamento dos TC...  ver   https://www.publico.pt/2019/03/17/sociedade/opiniao/descarbonizacao-1864972)
Neste processo aparece como uma ameaça o protagonismo do senhor presidente da CML, conhecido pelas suas opiniões sobre a rede de transportes, que não admitem contraditório. Receia-se que a ideia dos transportes metropolitanos de Lisboa e a "gestão e autoridade" de tudo o que é transporte suburbano sejam uma expressão simples de autoritarismo, de desprezo pelas opiniões contrárias e de deslumbramento perante a rede londrina.
Paradoxalmente, esta parece ser uma circunstancia desfavorável da descentralização. Corre-se o risco de pequenos caciques que condicionam as soluções sem uma visão integradora e beneficiando os seus pequenos círculos.

Serão tudo medidas de elevado potencial de marketing, qualquer coisa bem inserida na tradição portuguesa, estilo "bacalhau a pataco". Ou pondo a questão noutros termos, se o custo de produção do transporte é superior ao preço, alguém terá de pagar essa diferença. Ónus esse que vem agravado com a circunstancia do preço do transporte individual ( e do aéreo, diga-se  en passant) quando não incorpora as suas externalidades, ser inferior ao seu custo.


PS em 20 de março de 2019 - Discordando do apoio entusiasmado dos dois partidos de esquerda que viabilizam o XXI governo, penso que socialismo não é distribuir subsídios para cobrir défices tarifários. É evidente que numa empresa de transportes não é sustentável incluir os custos de financiamento dos investimentos necesários a uma operação eficiente no preço das tarifas (até para as companhais áereas isto se verifica, especialmente se nos seus custos estiverem incluidos o pagamento das externalidades negstivas para a sociedade global e a renovação frequente das frotas). A despesa com as infraestruturas de transporte não têm que estar incluidas no preço dos títulos de transporte (as infraestruturas são ativos nacionais, aferidas pela percentagem do PIB nacional correspondente à região ou regiões que servem), mas as receitas devem tender o mais possível para cobrir as despesas de operação. Não é o que se passa com esta política de subsídio dos passes (orçamentado em 104 milhóes de euros, parece). Não posso concordar.

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