Existem muitos exemplos na História de decisões mal tomadas,
pelas instancias superiores , em detrimento dos propostas dos técnicos ou
entidades mais próximas das frentes de trabalho ou de atividade.
Por exemplo, o administrador da companhia a bordo do Titanic
não quis seguir a sugestão dos oficiais de para o barco durante a noite para
melhor controlar os icebergue, tal como fe o Carpathian, que acabou por
socorrer os náufragos. O administrador queria, por razões de marketing e
prestigio, bater o record da travessia.
Outro exemplo, o do rei que ordenou à esquadra de proteção
das naus da India que saísse do porto de Vigo durante uma temporada de sudoeste
forte. O almirante disse que obedecia, mas que iam naufragar. E naufragaram no
golfo da Biscaia.
Ou o caso dos administradores da CGD que ignoraram o parece
da sua comissão de análise de riscos.
Ou o caso do ministro que fez como o ministro da agricultura
de Brecht, que achava que o trigo só crescia depois de sair o seu decreto a
autorizar o crescimento (na verdade o ministro da agricultura pode proibir o
crescimento das searas inviabilizando a sementeira, ou por outras palavras,
pode autorizar o crescimento, mas negativo, ou de como semanticamente se pode
demonstrar que o que o ministro diz está sempre certo) , e decretou que a linha
circular do metro era a melhor solução e, ainda, que a injeção dos comboios da
li há de Odivelas na linha circular iria permitir a ligação direta dos passageiros
de Odivelas ao centro da cidade, sem transbordos (claro que é possível, mas à
custa da degradação dos indicadores de exploração das duas linhas).
É que as altas instancias da decisão são a maior parte das
vezes (digo a maior parte porque por esse mundo fora só há razões de queixa; dá
ideia que se os métodos de decisão fossem os corretos e interdependentes de
grupos diferentes, se estaria melhor) o produto da promoção ao nível da incompetência,
como explica o principio de Peter.
É perigoso promover um bom especialista a um nível superior
de decisão onde pode demonstrar a sua incompetência nesse nível, e isto
aplica-se a quase todas as atividades, desde os escalões mais baixos à
administração de uma empresa e aos gabinetes ministeriais.
Isto a propósito desta última decisão. Depois das notícias
que saíram sobre a satisfação do senhor presidente da câmara de Odivelas à
saída de uma reunião com o senhor ministro e o senhor secretário de Estado, e
de uma sessão de debate sobre a linha circular na junta de freguesia da Estrela
(em que penso que ficaram claras as condições de segurança da obra entre
Estrela e Cais do Sodré, isto é, que não haverá problemas se existir uma
fiscalização, monitorização, instrumentação permanentes e meios de contenção de
deslizamentos e assentamentos, 24 horas por dia, sábados , domingos também de
verão e feriados ao longo do ano durante toda a obra e período de garantia),
fiquei convencido que quem tomou a decisão de injetar os comboios da linha de
Odivelas na linha circular não reparou que os comboios da linha circular indo
da Cidade Universitária para Alvalade vão ter de se atravessar em cruzamento de
nível no trajeto dos comboios que vêm de Odivelas a caminha do Cidade
Universitária. E ainda, se a inversão dos comboios de Odivelas se fizer em
Rato, como agora, estes comboios, para regressarem à linha a caminho de Marquês de Pombal e Campo Grande,
terão de se atravessar no caminho dos comboios da linha circular que vão de
Marquês de Pombal e Rato para Cais do Sodré.
Isto é, não pode garantir-se, quer nas horas de ponta, quer
fora delas, a regularidade de exploração nem da linha circular nem da linha de Odivelas. Isto é um dado conhecido,
nas linhas de metro não pode haver cruzamentos de nível.
O que foi transmitido aos decisores.
Mas não consta que tenham dado atenção
PS1 - Declarações aos jornalistas do senhor ministro do Ambiente em 22 de fevereiro de 2019:
“Durante as horas da manhã e
as horas da tarde estará sempre assegurada a entrada dos comboios na linha
amarela na própria linha circular. Ao longo do dia vamos ver, e também
acompanhar quando a obra estiver concluída, a pertinência de continuarem a
existir essas ligações diretas”,
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