domingo, 31 de março de 2019

Viagem a Olivenza por Terras sem Sombra

 23 de março de 2019, Olivenza, concerto com obras para viola de gamba de Marin Marais e Jacques Morel na igreja de Santa Maria do Castelo, integrado no festival Terras sem Sombra.
https://www.musicaemdx.pt/2019/03/20/terras-sem-sombra-a-conquista-de-olivenca/

https://shifter.sapo.pt/2019/01/terras-sem-sombra-2019-programacao-alentejo/

Destaco a elevada especialização dos músicos na musica barroca francesa para viola de gamba.
É de agradecer poder assistir a estas manifestações culturais, sabendo que há coisas que não desaparecem.

Noutra perspetiva, dado tratar-se o festival de uma realização de um grupo de cidadãos e cidadãs alentejanos e da diocese de Beja, refiro, por deformação profissional, que seria extremamente importante assegurar a construção de  uma linha ferroviária rápida de Beja a Lisboa. Podia entroncar na de Évora, seriam numa primeira fase cerca de 60 km, de Beja a Casa Branca, servindo também o aeroporto de Beja. 1hora e 30minutos até Lisboa. Estimo 240 milhões de euros. Será impensável que esse dinheiro possa ser obtido por financiamento de entidades alentejanas, por exemplo com amortização a 30 ou 40 anos com exploração por essas entidades e integração na rede ferroviária nacional ao fim desse período?
Seria uma maneira de equilibrar o peso da Extremadura espanhola no festival, e nas atividades económicas alentejanas.
Não se trata de chauvinismo, trata-se de preocupação com a coesão territorial, agora que se fala tanto em abandono do interior, e trata-se da necessidade de crescimento económico.
Passo a fronteira do Guadiana pela nova ponte da Ajuda, vindo de Elvas, e a primeira coisa que vejo, do lado esquerdo da estrada, é uma central termosolar. São cerca de 50 MW de pico, a funcionar há alguns anos. Com a ajuda da internet, descubro que os mini espelhos que concentram os raios solares nos tubos do liquido térmico que passa a vapor que aciona as turbinas que movem o  gerador elétrico foram fabricados na Covilis, na Póvoa de Santa Iria, na Saint Gobain, aqui ao lado de Lisboa.
http://www.grupoibereolica.es/detalle_proyecto.aspx?IdElemento=29

E fico a pensar, não queremos que o país cresça, achamos que está bem assim, e que o maná descerá, de uma maneira ou doutra, sem que tenhamos de nos preocupar no como obtê-lo. Podemos protestar, mas não discutimos o como produzir. Faz doer a cabeça, fica para depois, agora está na hora do programa de televisão de que gostamos, ou do jogo de futebol, ou do fecho da tabacaria com a raspadinha e o euromilhões, ou do debate essencial da última manobra de diversão que os políticos, deputados ou jornalistas nos servem.
Depois da central termosolar uma exploração intensiva de oliveiras. Penso nos ambientalistas da nossa praça muito preocupados com a falta de água para as regar. Portugal, um país rico em água no subsolo, rico em água nos caudais do Douro e na possibilidade que não quer, porque não quer, printo, aproveitar para transvase para o sul. Como foi possível construir o ALqueva? Uma série de governos esteve certamente desatento. Os ambientalistas não queriam deixar, e ainda hoje criticam, que a água se contamina...Hoje opor-se-ão a centrais de dessalinização?
A seguir às oliveiras uma central fotovoltaica. Pequena, apenas 5 MW de pico, e logo a seguir Olivenza, as ruas limpas , pessoas nas ruas, parques de estacionamento, e a igreja de santa Maria do Castelo, onde foi o concerto. Animação na praça principal depois do concerto.
Sorte que tiveram los de Olivenza, se quedaron en Extremadura después de la guerrita de las naranjas...




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