Recordei-me dum episódio já com uns anos na Assembleia da Repubica. O senhor ministro das finanças repreendeu um deputado por ter chamado ladrões a alguns banqueiros. “Tenha termos”, foi o teor da reprimenda. Uns meses depois rebentou o escândalo das fraudes do BPN e da Sociedade Lusa e do BPP, e das ilegalidades nos Off-shores do BCP.
O senhor ministro não pediu desculpa. Esquecem-se os senhores ministros de que não estão a ralhar com os deputados. Estão a ralhar aos eleitores. Mas não devemos dar lições de civismo a senhores ministros, nem chamar-lhes a atenção para a promiscuidade entre o poder político e o poder económico, e a subordinação daquele a este. Até porque alguns banqueiros já declararam a sua concordância em pagar mais imposto (possivelmente para ver se rebentam com a concorrência) e nunca se deve generalizar.
Mas lembrei-me deste episódio quando encontrei na wikipedia a história da luta do presidente Andrew Jackson contra o Second Bank of the United States, um banco privado que se comportava abusivamente como se fosse um banco público.
Eis uma citação de Andrew Jackson em 1834; depois não digam que a história não se repete (Obama: “Não fui eleito para fazer o jogo dos senhores de Wall Street”):
“Também tenho sido um observador atento do que o Second Bank of the United States tem feito. Tenho colaboradores a vigiar-vos há longo tempo e estou convencido de que vocês usaram os fundos do banco para especular . Quando ganham, dividem os lucros entre vocês; quando perdem, debitam ao banco… vocês são um ninho de víboras e de ladrões”.
Víboras e ladrões… mas não generalizemos. Privatização dos lucros e socialização dos prejuízos… não generalizemos, também.
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