segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O orçamento do ministério da cultura para 2011

Custou a encontrar o valor, no meio de toda a discussão nos jornais. O que aliás mostra o valor que se dá no país a estas coisas.
Mas já sei. É pouco mais ou menos 201 milhões de euros (se fosse um anuncio de um supermercado seriam 199) . Longe do objetivo de 1% do PIB, apesar do estudo do senhor professor Augusto Mateus, que dizia que o setor contribui para o  PIB. Ainda há aquela discussão se não se sabe se são 22 ou 16 milhões de euros a verba do PIDAC (estarei a citar a sigla certa?) para a Cultura. Mas vejam o valor global: 201 milhões. São 80 montagens de grande ópera no S.Carlos (haverá que pôr do outro lado da balança as receitas).
Em 2010 o orçamento tinha sido de 236 milhões. Vamos esperar pelo orçamento de 2012, o tal orçamento zero (cego relativamente ao valor do ano anterior).
Claro que não há dinheiro, mas há produtores de cultura e o orçamento na Cultura podia ser investimento reprodutivo (por exemplo, fazer como no Metropolitain de New York, é uma espécie de mutualidade, as pessoas pagam um subsídio que não dá direito a descontos nos bilhetes, e têm o seu nome nas últimas páginas do programa; ah, e também não há lá mecenas exclusivos, como cá... os programas estão cheios de publicidade; e os espetáculos vendem-se a televisões estrangeiras...digo isto porque a ultima ópera no S.Carlos, a Dona Branca, tem potencial para ser exportada).
Também podia haver um imposto extraordinário para telenovelas e transmissões futebolisticas...e transmitir espetáculos de interesse na RTP2.
Pobre cultura.


Parece a placa do edificio abandonado na Rua Ivens.

PS 1 - Informou entretanto a senhora ministra, da forma afável como fala aos agentes culturais, que o orçamento de 2011 é 15% superior ao de 2010, mais precisamente, ao executado em 2010 nos 3 primeiros trimestres (cerca de 170 milhões de euros).
Não vale a pena argumentar. Só confirma que um dos problemas estratégicos a resolver neste país é o da cultura (a parte excessiva, se é verdadeira a informação que circulou,  dos ordenados da comissão de Guimarães capital da cultura também será contabilizada como investimento em cultura neste orçamento?) .

PS 2 - De acordo com a notícia de dia 6 de Novembro, relativa à audição da senhora ministra na Assembleia da Republica, o orçamento será de 215 milhões de euros, correspondendo a 0,4% do total do orçamento de Estado, e cerca de 0,13% do PIB, o que não altera o sentido do meu texto.
De assinalar nesta audição, a negativa do senhor secretário de Estado da Cultura em fornecer a um deputado o documento com os estatutos da fundação Coa Parque.
Pode ser que não seja, mas para mim tratou-se de falta de respeito para com a instituição democrática e incumprimento do art.48 da Constituição (acesso a informação de interesse publico).
Mas talvez seja eu a exagerar.
Aliás, com um valor tão pequeno do PIB dedicado à Cultura, qualquer objeção será um exagero.
Como diz Manuel Maria Carrilho, não deviamos viver assim.

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