Este blogue associa-se às manifestações de contentamento por ter sido liberto o casal Chandler, refens na Somália depois de terem sido raptados do seu veleiro perto das Seychelles.
Toda a libertação de qualquer cidadão que não esteja preso por motivo de crime comum é razão de regozijo, o que é aplicável por exemplo aos cidadãos cubanos recentemente libertos.
Mas no caso do casal Chandler há um fator que me impressiona, que é o da tremenda desigualdade entre a Somália e os paises em que existe um mínimo de organização de estado.
É que a pirataria é o sintoma disso, da desigualdade.
A desigualdade, como qualquer doença, é mais bem tratada na prevenção no que na repressão ou no remedeio.
E esta desigualdade faz ressaltar outro contraste, que só vem mostrar que o código genético une os humanos.
Parte do resgate foi recolhido graças ao esforço de musicos somalis em Londres e ao dinamismo de um motorista de taxi londrino de origem somali, e isso é motivo de confiança no futuro da Somália.
Como contraste, do outro lado, estiveram os governos que dizem com ar muito sério, para os ouvintes se convencerem de que têm muito sentido de estado: "não negociamos com terroristas" (o governo francês já deixou morrer refens por não querer negociar o resgate).
Ninguém quer negociar com, nem ninguém quer defender, justificar ou desculpar terroristas ou o que quer que seja, mesmo governos legalmente constituidos, que atropele os direitos consignados na declaração universal dos direitos do homem, e um deles é, sim, poder passear em paz ao largo das Seychelles.
Mas os terroristas e os raptores também se combatem com intermediação (recordados do caso da Irlanda do Norte?).
Era bom (neste ponto de vista, claro) que a linguagem belicista e fundamentadora dos grandes investimentos no complexo político-industrial-militar de que falava o presidente Eisenhower não predominasse tanto nestes tempos de cimeira da NATO e de incertezas económicas e financeiras.
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