A simpática rapariga interrompe-me a marcha.
Ter-me-á considerado de confiança para integrar uma amostra representativa.
Talvez porque transporto um saco de plástico de uma loja de brinquedos.
Que estão a fazer um inquérito para avaliação da perceção que os clientes do grande centro comercial têm do bem estar e do bom estado de funcionamento dos equipamentos do centro.
- Ah, sim, posso responder, que eu sou muito sensível a essas questões, então às de manutenção…
E é verdade, por isso respondi ao inquérito. Mais a mais porque tinha acabado de passar por uma escada mecânica e tinha visto uma situação singular.
Imaginem que se tinham solto duas daquelas placas que fazem de pente de receção dos dentes dos degraus ao fundo da escada. A gerência do centro deslocou para lá uma menina da segurança que avisava do perigo de tropeçar nas placas soltas e apontava para elas, sorridente.
De modo que fiquei a pensar se havia de achar bem, se mal.
Por um lado, as escadas do centro têm avariado mais do que antigamente.
Lá fariam a manutenção de noite e eu raramente via escadas paradas de dia.
Mas alguém terá achado que se tinha de poupar nos subsídios noturnos de quem fazia a manutenção.
E aumentar o período de revisão dos equipamentos também permitiria poupar nos quadros do pessoal ou nos contratos de assistência.
O facto é que tenho topado de vez em quando com escadas paradas, durante o dia, em plena manutenção. Sinal dos tempos. No meu tempo não era assim.
Mas por outro lado, tenho de achar bem que o gerente tenha posto lá a menina. A opção seria parar a escada e incomodar assim os clientes.
E com a avisadora, o risco de tropeçar e torcer o pé é reduzido e aceitável.
A menina avisadora ainda lá está…enquanto a menina do inquérito está a analisar os dados estatísticos com as respostas sobre a perceção.
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