Continua lindo
O Rio de Janeiro
Continua sendo
O Rio de Janeiro
Fevereiro e Março
Alô, alô, Realengo
Aquele Abraço!
Alô torcida do Flamengo
Aquele abraço
Chacrinha continua
Bançando a pança
E buzinando a moça
E comandando a massa
E continua dando
As ordens no terreiro
Alô, alô, seu Chacrinha
Velho guerreiro
Alô, alô, Terezinha
Rio de Janeiro
Alô, alô, seu Chacrinha
Velho palhaço
Alô, alô, Terezinha
Aquele Abraço!
Alô moça da favela
Aquele Abraço!
Todo mundo da Portela
Aquele Abraço!
Todo mês de fevereiro
Aquele passo!
Alô Banda de Ipanema
Aquele Abraço!
Meu caminho pelo mundo
Eu mesmo traço
A Bahia já me deu
Régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu
Aquele Abraço!
Prá você que me esqueceu
Ruuummm!
Aquele Abraço!
Alô Rio de Janeiro
Aquele Abraço!
Todo o povo brasileiro
Aquele Abraço!
Não me interessa discutir a legitimidade de blindados a deslocarem-se em meio urbano, como se faz no Rio de Janeiro e como se anuncia que vai fazer-se em Lisboa.
Interessam-me sim as causas e os efeitos da criminalidade.
Não me interessa diabolizar os criminosos nem incensar os defensores da segurança.
Interessa-me ver se podemos convergir numa solução, sendo que não me interessa ser obrigado a viver em países assim.
A experiência de New York demonstrou que o investimento nas forças policiais é eficaz (evidentemente), mas as variáveis são muitas, não há receitas universais e o insucesso escolar e o desemprego estimulam o desenvolvimento de economias subterrâneas e a formação, fora do circuito legal, de grupos de domínio sobre a maioria dos cidadãos, para além dos grupos legais e dos mecanismos de condicionamento destes sobre os comuns cidadãos.
A força dos cidadãos, através do voto, tem-se revelado insuficiente para impedir a diminuição do grau da sua própria segurança, como se prova com o número de assassínios cometidos anualmente em: Rio de Janeiro - 8.000; Bagdad – 4.500; Bangkok – 5.000; Cidade do Cabo – 2.200; Ciudad Juarez – 2.500; Caracas – mais de 10.000.
Ao que tudo indica, os governos com mais poder estão interessados, mais em atuar militarmente ou em privilegiar a repressão, do que em ativar mecanismos económicos que contrariem os indicadores em que acreditam (investindo em emprego e despesa pública, o que se traduziria por aumento da inflação e da dívida pública, pelo menos a curto prazo) ou que diminuam o poder dos grupos económicos e financeiros.
De modo que, de momento, parece estarmos limitados a registar os factos, insistir nas causas (falhanço do sistema educacional e do sistema de emprego e incapacidade de atingir os graus mínimos de cumprimento da declaração universal dos direitos do homem), fazer colagens da realidade sobre canções de Gilberto Gil , esperar que não resultem vítimas inocentes dos sucessos policiais e que a força da canção vença com o abraço a força da força.
Ilustrações:
- site de um alugador brasileiro de carros blindados para proteção de particulares
- notícias sobre a intervenção do blindado M113 no Rio de Janeiro, depois de ter estado na guerra do Vietnam e do Iraque (2003).
Canção de Gilberto Gil: Aquele abraço
Video de 1968
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