segunda-feira, 14 de março de 2011

Rodoviarium XXIV - os carros de sonho e o limite de 110 km/h

É muito dificil que as pessoas acreditem, mas é verdade.
A força de resistencia de deslocação de um automóvel aumenta com o quadrado da velocidade.
Circular a uma velocidade máxima de 110 km/h em vez de o fazer a 140 km/h significa uma economia de combustível da ordem de 20% (um consumo de 7 l/100 km passa para 5,6 l/100 km).
É por isso que na California o limite de velocidade nas auto-estradas é de 90 km/h.
Mas à boa maneira portuguesa, os condutores portugueses acham-se superiores a essas ninharias.
Pena aparecer um profissional (Fernando Alonso) a dizer que a essa velocidade adormece.
Pena, porque se fosse verdade estaria a confessar que não tem condições psicotécnicas para conduzir uma máquina em condições adversas.
Tornam-se as viagens para o Algarve um bocadinho aborrecidas, é verdade, em vez de 2 horas e 10 minutos de marcha mais 30 minutos para parar na área de serviço, teremos 2 horas e 50 minutos de marcha mais os 30 minutos da paragem. São mais 40 minutos. Mesmo assim, o transporte ferroviário ainda não é competitivo em termos de tempo. Só em termo de consumo específico e emissão de CO2.
Pede-se portanto compreensão, sugerindo-se que se pense na questão em termos globais, como quem tem de gerir um sistema completo de transportes e precisa de ver onde pode economizar.



Entretanto, em plena crise internacional, os fabricantes continuam a projetar "carros de sonho". A desculpa é a de que as inovações que neles aplicam são depois estendidas aos automóveis de grande série. Mas a verdde é que o desenvolvimento do projeto dum carro de 500 ou 700 cavalos exige investimentos vultuosissimos, quanto mais não seja por uma questão de segurança. Dado  o preço dum automóvel de sonho, o numero de unidades vendidas, a duração efémera do modelo ("marketing oblige") e a concorrencia de outros fabricantes, o projeto não pode ser rentável. Logo, teremos de concluir que os compradores dos automóveis mais baratos estão a subsidiar os compradores dos "carros de sonho". Salvo melhor opinião, claro.

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