quarta-feira, 30 de março de 2011

O filme do Metropolitano com Artur Agostinho

Com a devida vénia ao facebook do Metropolitano de Lisboa











http://videos.sapo.pt/OJCgcyuSWqtN5TTyjQGt



Vejam como Artur Agostinho sabia como funcionava o Metropolitano em todas as suas áreas.
Até nem precisava dos alicates para validar os bilhetes pré-comprados.
Repararam nas velhas máquinas de bilhetes Bell-Punch? o bilhete estava disponível para o passageiro 0,7 segundos depois de se carregar no botão. Já repararam no tempo que se espera numa máquina moderna antes que saia o bilhete (ou o cartão)? O segredo era o tipo de impressão, por tambor rotativo com carimbo de borracha. Como se pode ver no filme, um dos botões produzia um conjunto de 10 bilhetes a preço reduzido, em 7 segundos. Pouco depois do 25 de Abril de 1974, o fabricante inglês suspendeu o fornecimento de peças de reserva. Mas não houve problema. Os bilhetes continuaram a ser produzidos, com peças fabricadas no metro ou em serralharias nacionais.
E Artur Agostinho até descreveu com propriedade o sistema de bloco automático da sinalização, os circuitos de via e o trip cock da travagem automática em caso de ultrapassagem de um sinal proibitivo. Já não existe nenhum trip cock que pudesse figurar no museu do metro (nunca houve grande interesse em ter um museu). O dispositivo foi substituido pelo atual eletromagnético (DTAV)e o ultimo exemplar foi vendido ao fabricante, para o seu próprio museu.
Artur Agostinho (e o realizador Arthur Duarte, que nesse tempo Arthur tambem se podia escrever com "h")tambem descreveu muito bem o sistema de bombagem e o sistema de ventilação pelos subcais e postos de ventilação dos meio-troços, o torneamento das rodas...
E a ingenuidade com que se diz que Lisboa já pode ombrear com as outras capitais por ter um metro moderno?
Na verdade, Artur Agostinho, que acentuou bem que a razão da existencia de um metropolitano é evitar o tráfego automóvel e o desperdício de tempo e de combustível que está associado aos engarrafamentos, permite-nos construir um triste indicador:
em 1959, ano da inauguração, o metro de Lisboa tinha 8 km, o metro de Viena 0 km e o metro de Bucareste 0 km;
em 1975 o metro de Lisboa tinha 13 km, o metro de Viena 20 km e o metro de Bucareste 30 km;
em 2011 o metro de Lisboa tem 40 km, o metro de Viena 90 km e o metro de Bucareste 90 km.
Por outras palavras, os passageiros.km que se transportam em automóvel em vez de metropolitano estão a consumir mais energia por unidade do que os passageiros.km austríacos e romenos.
Juntando a este indicador o congelamento atual dos investimentos (aquilo que o metro produz, o passageiro.km, não é um bem transacionavel? isto é, transportar turistas ou contribuir para a produção de um bem transacionável não são produtos transacionáveis?) é caso para se dizer que já não se fazem agora filmes como se faziam antigamente, especialmente quando se vê aquele filme recente sobre o metro de Lisboa, com a musiquinha dos sete anões da Branca de Neve (não me refiro à forma, evidentemente).

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