Dedicado aos cidadãos e cidadãs opositores ao novo acordo ortográfico
Numa esquina da baixa pombalina, um vestígio da escripta, perdão, da escrita antiga.
Uma conservaria colaborante na exportação (seria talvez mais de compotas, não sei) , uma pastelaria saudável, uma fructaria, perdão, uma frutaria.
E neve, ou granizados pré-industriais para refrescar a burguesia lisboeta e os turistas endinheirados, que se sabia o valor das divisas.
“Fructas”, diz a inscrição na pedra, de há várias gerações.
Fructa é latim e assim se escreveu até ao século XIII, quando algum gramático aceitou a dificuldade que as pessoas comuns tinham em enrolar a língua com a consoante e aceitou a solução proposta: “fruita”.
Como depois disse Camões, de Inês, “colhendo o doce fruito”.
Mas continuou a escrever-se “fructa” até ao século XIX, ou até ao inicio do século XX, até à pedra da pastelaria conservaria Pomona, a deusa dos pomares.
Entretanto logo no século XVI se escreveu “fruta”, mais simples para quem tinha de tratar das coisas da vida.
Eta diversidade, como tantas diversidades, é uma coisa muito bonita.
O “c” estava lá para pronunciar o “u” com decisão.
Eu acho que era uma diacrítica, para que o “u” não emudecesse, mas acho só, não afirmo.
Vale que afinal não emudeceu, o "u".
Sempre poupámos uma consoante.
E é saudável, muito saudável, comer fruta, como já se sabia, no tempo da pastelaria Pomona (quem quiser ver uma estátua de Pomona, em Lisboa, vá até à estação de metro de Picoas, saída para o edificio da PT).
Referencia: Dicionário Houaiss
Sem comentários:
Enviar um comentário